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Corinthians perde defesa "quase perfeita". Culpa dos velhos problemas

Bruno Grossi e Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo (SP)

03/10/2017 04h00

Em apenas sete rodadas do segundo turno, o líder Corinthians levou mais de dois terços dos gols que sofreu em todo o primeiro turno do Campeonato Brasileiro. A defesa viu sua força estremecer nos últimos jogos, mas a análise é de que o problema não pode ser atribuído apenas ao setor, considerado o mais estável do time e o melhor da Série A - levou 15 tentos contra 16 do Santos, vice-líder na tabela e no quesito. O aumento nos gols sofridos é reflexo de velhos problemas da equipe de Fábio Carille.

No início do Brasileirão, também levando em consideração os sete primeiros jogos, os corintianos foram vazados cinco vezes. No período, havia muita reclamação de cansaço no elenco, que superou maratona de partidas eliminatórias entre março e abril ao conquistar o Campeonato Paulista. Agora, mais uma vez, o estado físico dos atletas é alvo de preocupação.

A comissão técnica avalia que os jogadores não responderam bem à última longa pausa para as datas reservadas para as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, seguida ainda de duros embates com o Racing na eliminação na Copa Sul-Americana. A carga emocional ajudou a acentuar o desgaste também no clássico com o São Paulo e no último domingo, contra o Cruzeiro, quando o time precisou buscar empates por 1 a 1. Após o jogo do fim de semana, Carille recomendou que seus comandados aproveitassem a folga até quarta-feira para recarregar as energias.

Outra coincidência entre os inícios do primeiro e segundo turno está na dificuldade da equipe em criar. Exceção feita ao clássico com o São Paulo na Arena Corinthians, vencido por 3 a 2 em junho, e o duelo com o Vasco no returno, o Corinthians sofreu para agredir os adversários. Ou os comandados de Carille recuavam à espera de um contra-ataque ou rodavam a bola de forma improdutiva. A queda de rendimento dos meias, principalmente de Jadson, pode ajudar a explicar o problema.

Os jogadores mais ofensivos, além da dificuldade para criar chances de gol, também têm deixado a desejar na recomposição defensiva do Timão. Contra Vitória e Santos, derrotas por 1 a 0 e 2 a 0, respectivamente, é possível observar os corintianos marcando apenas com a linha de quatro da defesa e os dois volantes, com o restante do time demorando a reagir. Os adversários, mesmo em inferioridade numérica, conseguiram contra-atacar e balançar as redes.

Já nos gols de Cruzeiro e São Paulo, os rivais chegaram com elementos surpresa pelos lados do campo e ninguém do meio de campo acompanhou, deixando os laterais no meio de triangulações ou dependentes do deslocamento de um dos volantes por emergência. No primeiro turno, isso aconteceu também contra São Paulo, Vasco da Gama e Chapecoense.

Por fim, as bolas paradas voltaram a preocupar depois de um turno de um time praticamente perfeito em lances do tipo. Vasco e São Paulo haviam tirado proveito das jogadas em faltas da intermediária na primeira metade do Brasileirão. Agora, o Atlético-GO usou o escanteio como arma para vencer na Arena Corinthians e houve ainda o gol anulado de Militão no Majestoso.

Até o próximo jogo, na quarta-feira da semana que vem contra o Coritiba, Carille terá sete sessões de treinamento para corrigir esses velhos problemas. No primeiro turno, o técnico teve êxito nesses reparos. Tanto é que foram apenas quatro gols sofridos nas 12 rodadas finais e o meio de campo tornou-se o coração de uma equipe eficiente e letal no ataque.