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Tite nega time fechado e motiva dupla de novos titulares: "eu iria dentro"

Tite em momento pensativo durante treino da seleção brasileira nesta terça-feira - Pedro Martins/MoWa Press
Tite em momento pensativo durante treino da seleção brasileira nesta terça-feira Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

Dassler Marques e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Teresópolis (RJ)

03/10/2017 18h41

Classificada à Copa do Mundo, a seleção brasileira de Tite já tem uma equipe conhecida do goleiro ao ponta esquerda, mas o treinador mantém as portas abertas para todos. Na montagem da equipe que enfrenta a Bolívia na quinta-feira (5), em La Paz, ele falou sobre jogadores que recebem oportunidade. Alex Sandro, porque Filipe Luís e Marcelo se lesionaram, e Thiago Silva, por uma situação circunstancial. 

"Na medida em que nos classificamos, [o plano é] consolidar uma equipe para o Mundial, aproveitar o tempo para o Mundial. E nisso nós temos atletas de altíssimo nível. Nada mais justo do que ter Thiago, Marquinhos, Miranda...Marquinhos e Miranda fizeram oito jogos juntos. Thiago e Marquinhos fizeram um. Miranda e Thiago fizeram meio. Então ,tenho que prepará-los para circunstâncias que podem acontecer. Por isso Thiago e Miranda. Isso foi dito para eles também", justificou o treinador.

Além de Thiago Silva, que forma a defesa ao lado de Miranda, o que põe Marquinhos na reserva, Tite também confirmou o novo lateral Alex Sandro. "É uma grande oportunidade. Eu, se fosse o Alex Sandro, eu iria dentro. (...)  São situações que acontecem. É um atleta de altíssimo nível e que terá sua oportunidade", comentou ainda o treinador sobre a formação que joga na Bolívia. 

Outra modificação é a volta do titular da meia direita, preservado da equipe principal no mês passado. "Coutinho e Willian...mesmo esquema. Um mais agudo, como Willian. E outro mais central, como Coutinho. Está se desenhando a equipe com essas opções táticas muito fortes", declarou Tite sobre a volta de Philippe Coutinho ao time. 

Perguntado ainda sobre o que tem rondado sua mente em relação à seleção, o treinador admitiu certa ansiedade. "Tira o meu sono ficar pensando em Copa do mundo e não no agora. A minha vida toda foi calcada em sempre dar o menor passo possível. Controlar resultado a gente não consegue controlar. Mas controlar desempenho a gente consegue. A gente consegue ver o quanto o atleta dá seu 100%. Essa exigência a gente faz. E me preocupa quando me concentro no segundo passo ao invés do primeiro. Aí falo comigo mesmo, me arremeto e dou um passinho para trás", declarou Tite. 

Confira mais declarações de Tite em entrevista coletiva:

SELEÇÃO ABERTA A TESTES?
Mais do que falar, o comportamento e as ações falam por si só. O fato de convocar quatro atletas mostra que estaremos de olho em todos os atletas. Há, sim, esse espaço. E essa concorrência leal. Usei um termo que roubei do Roger (Machado), que foi meu atleta e treinador, de competição. Competir para estar no grupo, para estar jogando. Passa por aí.

JOGADORES EM HELICÓPTERO NA CHEGADA A TERESÓPOLIS
Não dei upgrade nenhum. Nossa equipe tem procurado ter uma ideia: quanto mais rápido eles possam estar conosco e descansar, ganho tempo de treinamento e preparação para os jogos. É uma equação racional. Alguns que há a possibilidade de vir mais rápido, descansados, e tu equalizar isso e dar uma intensidade, um volume, uma intensidade de trabalho é... Qual foi meu pedido? Quanto mais o atleta estiver descansado e puder entrar para dentro do campo, tanto melhor para a seleção. E não um privilégio.

TRANSPARÊNCIA NA CBF
a Modernidade nos traz tudo de novo que está acontecendo. Gerar conhecimento. Porque ela por si só, não vira nada. Quando falo de transparência, falo de seleção brasileira. E é no departamento em que tenho autonomia. Nós temos todo diálogo aberto com os técnicos brasileiros. Já conversei com diversos técnicos dentro da CBF. A transparência está aí. De passar para vocês da imprensa o que está acontecendo. É minha responsabilidade mostrar o que está acontecendo. Essa é a parcela de responsabilidade nossa. As outras não tenho como controlar. Democratização é deixar aberto, mostrar o que está acontecendo.

PAULINHO EM ASCENSÃO NO BARCELONA
O Paulo, eu ratifico assim: nenhum atleta eu conversei nesse período de janela. Não me dei o direito de conversar com nenhum e aconselhá-lo. Se eu fosse técnico de um clube e um técnico de seleção desse palpite, eu o iria mandar para...não me dou esse direito. Mas fico monitorando, dizendo assim: vai para onde você ficará bem com essa família. Essa infiltração, esse box a box...ele tem e é de intuição. É de percepção, é do atleta. O Barcelona tem o jogo de passes curtos e ele está evoluindo, tomara que continue e leve isso para a seleção. 

OBSERVOU O JOVEM DOUGLAS
Não sei quais os atletas que vão. Só quero ter lucidez, discernimento para escolher. Mas temos posições com A, B, C e D e outras que estão aberta, como Arthur, que vem chegando agora. Cléber e Sylvinho [auxiliares] foram assistir ao Douglas no Girona. A gente está acompanhando, a gente procura fazer esse monitoramento. E as oportunidades vão surgir. Elas não batem na porta. Se preparem. 

MAIS PROFISSIONAIS NA COMISSÃO TÉCNICA
É uma continuidade. O terceiro profissional na área de fisioterapia. Agora vem o Caio (Mello, fisioterapeuta), pela necessidade desse pré-treino, desse pós-treino que esses atletas precisam. Na preparação física, o Ricardo Rosa [preparador físico] veio e está conosco, assim como esteve o Rogério. Não é um acréscimo, mas a escolha de profissionais de alto nível.

ESTREIA NA GRANJA COMARY
Em tão pouco tempo junto, eu fico pilhado. É a oitava convocação, acho. Muito pouco tempo juntos. Muito tempo para saber o semblante de cada um. É um ano, mas parece que é um mês. Por pouco tempo de contato, mas porque também vivi minha vida toda nos clubes. As estruturas todas são excepcionais. O inconveniente é o tempo, mas isso não é controlável. Mas toda estrutura do campo, instalações, te dão as melhores condições.

AMARILDO, HERÓI EM 62
O Pelé machucou em 62 e entrou o Amarildo. O técnico de 62 era o Aimoré (Moreira). Se eu fosse o Aimoré, ia entrar para dentro de um...ia me jogar de cabeça. Imagina o exemplo de perder o maior atleta e ter a capacidade de se reconstruir e ser campeã. Então não posso reclamar de nada. Os atletas têm que se preparar porque essas situações acontecem.

GERSON, HERÓI EM 70
Tenho muito cuidado para não ter hipocrisia. Mas aí está uma comprovação de que está aberto o convite à seleção brasileira a um cara que era extraordinário, um técnico dentro de campo, o Gerson. Não precisa ter uma braçadeira de capitão, quando uma equipe não reage, não é porque não teve um capitão.

ÁRBITRO DE VÍDEO
Para mim, o árbitro é um artífice de uma ideia correta. A grandeza da análise tem que ser no aprofundar na ideia, não no aspecto tecnológico. O princípio é justiça, o correto. “Ah, mas vai demorar”. Cara, isso é secundário. Vamos trabalhar para melhorar. A essência é certo e errado, justo e injusto. Tudo que vier depois para mim é muito raso. Todo mundo busca, a gente compete. Sou a favor sempre.  O justo para mim é fascinante. Bola entrou não entrou, com a mão sem a mão, dá. Se está mostrando, se tem o vídeo, o atleta vai pensar 20 vezes antes de fazer. Antes que aconteça, ele não vai fazer.