Argentina de Messi joga para ir à Copa e não entrar para história
A Argentina entra em campo nesta quinta para não fazer história. Ameaçada de ficar sem vaga na Copa do Mundo, a seleção bicampeã mundial se espreme na Bombonera para encarar o Peru em seu último jogo em casa, às 20h30 (horário de Brasília). Enquanto o fiasco ronda a equipe - hoje Messi e companhia disputariam a repescagem, o torcedor reage à situação com descrédito.
Falta alma
Na Argentina, está acontecendo o inverso do ditado popular. Não é a vitória, mas o fracasso que tem muitos pais. Sobra para Sampaoli, acusado de ser uma espécie de professor Pardal, a falta de tempo para treinar, a bagunça da AFA, os milhões de euros no bolso dos jogadores, os atletas gostarem mais de likes que gols, e até para a Sony - por ter inventado o PlayStation que teria feito as crianças trocarem o futebol do mundo real pelo Fifa.
Mas a queixa mais citada é a falta de entrega dos atletas em campo. Se o argentino valoriza a pegada, a expressão ‘deixar tudo em campo’ resume a obrigação do atleta quando veste a camisa da seleção. Para Pato Alargo, 55 anos, ir embora cedo para Europa diminuiu a identificação com o país.
Daniel Avigo, 33 anos, afirma que os jogadores não se incomodam em perder quando atuam pela Argentina. “Pegam o avião e no dia seguinte estão em suas mansões da Europa”. Para piorar, existe a comparação com Maradona.
A Copa de 1986 santificou o craque. O torcedor só lembra que ele jogava com o joelho zoado, apanhava e continuava indo para cima do marcador - e que era melhor com a camisa da seleção que pelos clubes europeus. Diante da perfeição, não há como fazer frente.
Enrique Krepzcie, 75 anos, afirma que nem em 1969 a pressão era tão grande. A seleção enfrentou o mesmo Peru na Bombonera num jogo decisivo. E não foi para Copa do México, no ano seguinte, na última edição do torneio mais importante do planeta sem a Argentina.
"Foi triste e eu nem quis saber do Mundial, quem estava ganhando ou perdendo. Como naquela época não havia transmissões foi fácil não prestar atenção", relata. O aposentado conta que foi ruim não classificar para Copa, mas não uma catástrofe ou motivo de rompimento entre torcida e seleção, algo que ameaça ocorrer agora.
O Peru quer fazer história
Wilber Quispe, 28 anos, vestia com orgulho a camisa peruana de Guerrero em frente à Bombonera. Ele aposta no atacante para marcar os gols da vitória que considera possível nesta quinta. O rapaz lembra que estão fora da Copa há 36 anos e está é a melhor geração para retornar ao Mundial.
E Wilber era um dos vários torcedores que gritou pelo Peru enquanto Fernando Llanos, 31 anos, fazia uma entrada ao vivo para a America Television, de Lima. O jornalista endossa a tese de que o time pode competir com os donos de casa.
Não significa que o adversário seja fraco, mas Fernando ressalta que o ponto forte da Argentina é a qualidade individual dos jogadores, principalmente Messi. Sobre o conjunto, não crê que sejam melhores. Diz que o Peru está no pico de rendimento e os rivais sem saber como jogar. "Nunca vi meu país jogar uma partida de Copa do Mundo. Está a maior oportunidade da minha vida".
Nas palavras dos torcedores, o Peru vai sem medo para a partida que os argentinos encaram como final. Se para os donos de casa estar na Copa é obrigação, o país entra em campo para, aí sim, fazer história. Fernando ressalta que a vontade de ganhar é melhor que o medo de perder. Os argentinos concordam, e veem nisso mais um motivo de preocupação.
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