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Com menos de um gol por jogo, Argentina não marcou nos últimos 73 chutes

Messi é o artilheiro da Argentina nas Eliminatórias, com quatro gols - Alejandro Pagni/AFP
Messi é o artilheiro da Argentina nas Eliminatórias, com quatro gols Imagem: Alejandro Pagni/AFP

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

06/10/2017 04h00

Messi, Di María, Agüero, Dybala, Icardi... Não faltam nomes estelares para o ataque da seleção argentina, pelo menos no papel. Mas a realidade tem sido bem mais dura com a equipe, que ocupa o sexto lugar nas Eliminatórias e corre risco real de ficar fora da Copa do Mundo pela primeira vez desde 1970. Mesmo com os nomes badalados, o time tem hoje o segundo pior ataque da América do Sul.

Em 17 partidas nas Eliminatórias, a Argentina marcou míseros 16 gols. Lionel Messi fez quatro; Di María, Lucas Pratto e o zagueiro Mercado anotaram dois cada um; e Otamendi, Funes Mori, Biglia, Higuaín e Lavezzi balançaram a rede uma vez. Completa a lista o venezuelano Feltscher, autor de um gol contra.

Só a Bolívia, com 14 gols, tem uma produção ofensiva pior que a da Argentina. Até a lanterna e eliminada Venezuela vai melhor que Messi e companhia na hora de balançar as redes, com 18 gols. O melhor ataque é o do Brasil, com 38 bolas na rede.

Outro número que chama a atenção é que a Argentina não fez nenhum gol em seus últimos 73 chutes, segundo dados da empresa de estatísticas Opta. Desde o gol de Messi na vitória por 1 a 0 sobre o Chile em 23 de março, na 11ª rodada, a única vez em que o time tirou o zero do placar foi no gol contra de Feltscher, há duas rodadas, no empate por 1 a 1 com a Venezuela.

Chances criadas e novas apostas

Benedetto - Marcos Brindicci/Reuters - Marcos Brindicci/Reuters
Imagem: Marcos Brindicci/Reuters

O que acontece? Para entender o baixo número de gols da Argentina, primeiro é preciso avaliar se o time está criando oportunidades de gol. E a resposta é sim: nos últimos quatro jogos, sempre a equipe ficou com a posse de bola, pressionou o adversário e finalizou pelo menos dez vezes.

O problema está no aproveitamento das chances. Diante da Bolívia (derrota por 2 a 0, no último jogo de Edgardo Bauza no comando), foram 15 chutes, mas só seis no alvo; contra o Uruguai (empate por 0 a 0, já com Jorge Sampaoli), 10 finalizações, só três certas; no 1 a 1 com a Venezuela, 21 finalizações e apenas seis no gol; e no último tropeço, um empate sem gols contra o Peru em casa, 22 arremates, só seis deles corretos.

Sampaoli, aliás, tem recorrido a nomes alternativos para o setor ofensivo da Argentina, mas o rendimento não tem sido diferente do das estrelas. Contra o Peru, por exemplo, apostou no centroavante Benedetto, em grande fase no Boca Juniors, mas o jogador teve atuação decepcionante em La Bombonera e perdeu três chances claras na frente do goleiro após jogadas de Messi.

Higuaín, astro da Juventus, não tem sido convocado, enquanto Dybala não saiu do banco de reservas contra os peruanos por, na visão do treinador, fazer a mesma função de Messi. Além de Benedetto, Alejandro Gómez (Atalanta) e Emiliano Rigoni (Zenit) também receberam oportunidades contra o Peru e pouco produziram.

Nervosismo e Messi longe do gol

Messi - Eitan Abramovich/AFP - Eitan Abramovich/AFP
Imagem: Eitan Abramovich/AFP

A pressão psicológica por correr o risco de ficar de fora da Copa certamente pesa no momento de concluir as jogadas. Outro fator é a distância do melhor finalizador do time, Messi, do gol adversário: com um meio-campo pouco criativo, não é raro ver o camisa 10 buscar a bola bem recuado para iniciar as jogadas. Desta forma, ele assume um papel mais de criação do que de conclusão – contra o Peru, deixou companheiros na cara do gol em pelo menos quatro oportunidades.

Para ir à Copa, a Argentina terá que resolver essa crise ofensiva na última rodada. Se não derrotar o já eliminado Equador em Quito, a chance de eliminação é grande. Por outro lado, uma vitória já garante a equipe pelo menos na repescagem. Fazer seu time reencontrar as redes: essa é a tarefa número um de Sampaoli para a partida decisiva.