Na semana após penta, Cruzeiro respira crise política e racha entre aliados
O torcedor do Cruzeiro poderia estar comemorando o título ainda recente da Copa do Brasil, mas o cenário que cerca seu time causa preocupações e incertezas sobre o futuro desde a última segunda-feira, seja em torcedores, jogadores ou membros da diretoria. Dias após o pentacampeonato, a eleição para novo presidente parecia ser um indício da continuidade da atual gestão. Porém, o que se começou a ver nas horas seguintes foi um princípio de desestruturação e eventual esvaziamento de cargos importantes nos bastidores da equipe. Antes aliados, membros da atual e futura direção agora divergem entre si, instauram uma crise política nos bastidores e já colocam em xeque a temporada de 2018.
Ao vencer a eleição para presidente do clube, Wagner Pires de Sá frisou a necessidade de manter o clube unido, seja com a participação de membros da situação ou da oposição. Perguntado sobre a manutenção da diretoria, Wagner se mostrou favorável à permanência dos profissionais que fortaleceram a gestão de Gilvan, seu apoiador. Porém, tudo começou a mudar com a indicação de Itair Machado para ser o novo vice-presidente de futebol, mexendo assim na estrutura da diretoria e indo em desencontro com seu primeiro discurso. A notícia sobre a futura nomeação desagradou conselheiros e dirigentes da chapa de situação. Bruno Vicintin foi o primeiro a manifestar seu desejo de sair. Um dia depois, Gilvan rompeu os laços com o candidato que apoiou e abandonou o processo de passagem de bastão que deveria acontecer de forma natural e tranquila. Durante seus últimos meses na presidência, Gilvan aproveitaria o fim de ano mais calmo após o título para auxiliar Wagner no planejamento de 2018, o que não deverá mais acontecer.
Quem pode sair, chegar e ficar
As primeiras baixas até o momento poderão aumentar e o departamento de futebol corre risco de sofrer uma grande reformulação. Outra importante peça nos bastidores do clube é Tinga. Gerente de futebol em seu primeiro ano fora das quatro linhas, foi dele a responsabilidade de fazer a ponte entre jogadores e diretoria, além de ajudar a contornar momentos de instabilidade durante o ano como a perda do Mineiro e a eliminação na primeira fase da Copa Sul-Americana dias depois. Itair Machado iniciou as conversas para tentar convencer Tinga a ficar, mas o ex-volante, insatisfeito com o cenário, já confidenciou a pessoas próximas sua decisão irrevogável de sair. O mesmo esforço ainda não foi feito para tentar segurar Klauss Câmara, diretor de futebol, e Pedro Moreira, supervisor, ambos integrantes da atual diretoria e homens de confiança de Gilvan e Vicintin, mas que ainda não foram chamados para as conversas. Além dos cargos já citados, o departamento de comunicação e o de marketing também deverão ser modificados com a chegada de novos profissionais. Marco Antônio Lage, ex-diretor de comunicação da FIAT na América Latina, é homem de confiança e indicado por Wagner Pires para cuidar do novo setor, que será integrado. Nas categorias de base, o superintendente Antônio Assunção pode não permanecer.
Futuro de Mano é outra preocupação
Mesmo antes de tomar posse oficialmente, Wagner Pires já tem como uma das principais urgências resolver a situação de Mano Menezes. Por causa de um tratamento de pele em São Paulo, o treinador foi liberado dos treinamentos e do jogo deste final de semana. De lá, Mano acompanha o princípio conturbado da passagem de bastão de Gilvan de Pinho Tavares para Wagner Pires de Sá. Na semana que vem, o comandante retorna a Belo Horizonte para iniciar as conversas com a diretoria, incluindo Itair Machado, mas pode acabar rejeitando o acordo de renovação. Além do desgaste natural das duas passagens, Mano também não é favor do desmantelamento do departamento de futebol que começou com a saída de Vicintin, diretor de sua confiança e um dos responsáveis por sua contratação, diminuindo assim suas chances de permanecer.
Outros assuntos estão paralisados
Também dentro das quatro linhas, outros assuntos precisam ser resolvidos ainda neste final de temporada, como é o caso de Hudson. O volante está emprestado pelo São Paulo e o Cruzeiro tentará permanecer com o jogador em definitivo. A negociação com o Tricolor, no entanto, ficará paralisada até que a diretoria não resolva as pendências mais urgentes.
Jogadores confusos e torcida preocupada
Nas entrevistas da Toca da Raposa, o assunto também chegou aos atletas. Apesar da tentarem se esquivar, eles não esconderam a preferência pela continuidade do corpo profissional e lamentaram a saída de Vicintin. Porém, no lugar das brincadeiras que tomaram conta do CT na semana passada, atletas e funcionários convivem em um ambiente de apreensão. Na torcida, as rápidas mudanças também foram recebidas com muitas críticas. No Twitter, o assunto #NaoAceitamosItairMachado virou tendência e deixou ainda mais claro a preocupação do torcedor com o futuro do time.
Brasileirão em segundo plano
Com toda a situação política conturbada nos últimos dias, o jogo contra a Ponte Preta acabou ficando em segundo plano. Vale lembrar que o Cruzeiro entra em campo neste sábado para o jogo isolado da 28ª rodada. A pedido do clube mineiro, a partida foi adiantada para este final de semana. Os jogadores já se reapresentaram e iniciaram os trabalhos desde a última quarta-feira com o auxiliar Sidinei Lobo. Além de Mano Menezes, que está de licença médica devido a um tratamento de pele, o time celeste também não deverá contar com o goleiro Fábio, Léo, Murilo e Hudson.
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