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"Vítima" recorda gol magistral de Ronaldo: parecia uma manada, não um homem

Ronaldo contra o Valencia - Cesar Rangel/AP - Cesar Rangel/AP
Imagem: Cesar Rangel/AP

Vanderlei Lima e Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

12/10/2017 04h00

Há exatos 21 anos, Ronaldo marcava um dos gols mais marcantes de sua carreira. Então no Barcelona, o atacante brasileiro roubou a bola no meio-campo e foi sozinho até o gol do Compostela, ganhando de três marcadores antes de mandar para as redes do adversário em duelo do Campeonato Espanhol.

Dois brasileiros entraram em campo pelo Compostela naquela partida. Um era o atual técnico do Atlético-PR, Fabiano Soares. O outro era o ex-zagueiro William, formado no Botafogo, mas de carreira quase toda na Europa, que foi um dos coadjuvantes da jogada magistral. Hoje com 49 anos e treinando o Mons Calpe, time de Gibraltar, o ex-atleta narrou como foi presenciar aquela jogada de dentro do campo – além de tentar, sem sucesso, evitá-la.

“Neste gol, eu, como o último homem (camisa 12) na defesa central, via como o Ronaldo arrancava do meio campo com a bola controlada e com a dificuldade não só da última linha defensiva, mas dos próprios jogadores acompanharem e travar a jogada em virtude não só da velocidade e da qualidade do transporte de bola que sempre teve o Ronaldo, mas sobretudo da sua rapidez”, recordou William.

O zagueiro lembra da arrancada de Ronaldo, que, apesar da marcação apertada, se livrava com facilidade e velocidade dos defensores. “Sobrava sempre a seu favor. Era um futebolista que a bola o procurava. Parece que em função de suas qualidades, da capacidade que tinha, tinha sempre uma enorme tendência da jogada lhe favorecer. Creio que foi aí que ele acabou fazendo um gol histórico”, afirmou.

O ex-jogador também recordou de outra arrancada de Ronaldo, só que contra o Valencia. Para William, a recorrência desse tipo de gol é simbólica da qualidade demonstrada pelo atacante em seus primeiros anos no futebol espanhol – o que não era novidade para William, que já o conhecia de seus tempos de Benfica (de 1990 a 1995).

“Eu tento me colocar entre ele e a trave, para interceptar o arremate. A bola acaba indo para o gol. Como o Ronaldo vinha com velocidade e controle de bola no processo ofensivo, é extremamente difícil de parar aquilo. Parecia mais uma manada do que um homem”, contou William, que riu do próprio relato e reiterou a dificuldade do lance sem recorrer a uma falta.

Fora o golaço, o Compostela foi goleado pelo Barcelona na ocasião, o que deu uma dor de cabeça para os jogadores. William acredita que a proposta de jogo adotada pelo técnico Fernando Vazquez, comandante de sua equipe, foi equivocada. “Não nos caiu bem em termos de equipe, da forma de nos expor muito. Estivemos muito expostos ao Barcelona neste jogo”, opinou.

Todo espaço deixado em campo foi chave, na visão de William, para que Ronaldo fizesse o gol histórico – sem tirar o mérito do craque brasileiro. “É um animal autêntico, um futebolista fantástico, esplêndido, com uma capacidade de definição fabulosa. Um futebolista que não precisava de muitas oportunidades para marcar, sabia definir e muito bem. Uma mudança de velocidade fantástica. Claro, isso fez toda a diferença neste lance, um momento sem dúvida brilhante”, declarou.

William mais de uma década em atividade no futebol europeu. Começou no Nacional da Ilha da Madeira, se mudando depois para Vitória de Guimarães e Benfica dentro de Portugal. Em 1995, se mudou para a França, onde ficou uma temporada até se transferir para o Compostela, onde jogou até 2000. Antes de virar treinador, ainda atuou por duas temporadas no Vitória de Guimarães, cidade em que vive até hoje com a família.