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Vasco rebate acusação de mensalão em eleição e apresenta documentos

Vasco se defendeu das acusações de mensalão na gestão de Eurico Miranda - Marcelo Sadio/Vasco.com.br
Vasco se defendeu das acusações de mensalão na gestão de Eurico Miranda Imagem: Marcelo Sadio/Vasco.com.br

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/10/2017 19h36

Três dias após ser notificado pelo presidente do Conselho Fiscal, Otto de Carvalho, e pelo membro eleito Diego Henrique Carvalho - ambos integrantes da chapa de oposição do candidato Fernando Horta - o Vasco rebateu as acusações de mensalão através de seu presidente da Assembleia Geral, Itamar Ribeiro de Carvalho, um dos citados nominalmente.

Com argumentos para cada item contestado, ele apresentou documentos. Dentre os quais, um onde, supostamente, justifica o fato de mais de 3 mil sócios aptos a voto estarem constando sem CPF e endereço residencial no cadastro. 

Itamar explica a situação dos sócios sem CPF - Divulgação - Divulgação
Itamar explica a situação dos sócios sem CPF
Imagem: Divulgação

Para tal tema, Itamar inicia a defesa alegando que parte deles foram oriundos de um erro já sanado da antiga gestora do banco de dados do Vasco.

“(...) Dentre os 3.842 sócios sem CPF’s apontados no referido expediente, 240 fizeram o recadastramento realizado no ano de 2014. Ocorre que, por equívoco na atualização cadastral por parte da antiga gestora do banco de dados, os CPF’s desses 240 associados acabaram não constando quando da emissão da listagem, o que, no entanto, já foi prontamente sanado.”

Sobre os 3.602 sócios sem CPF restantes, o dirigente do Vasco apresenta como argumento de defesa que “mais de 90% são remidos e benfeitores remidos, com mais de duas décadas de associação ao clube, havendo ainda beneméritos, grandes beneméritos, campeões e proprietários (categorias isentas de mensalidade)”. E que tais cadastros incompletos, incluindo-se também os 296 sem endereço, se deram em função deles não terem feito o recadastramento em 2014.

Roberto Monteiro, em 2015, autorizando sócios honoróficos a votarem com cadastro incompleto - Divulgação - Divulgação
Roberto Monteiro autorizando sócios honoróficos a votarem com cadastro incompleto
Imagem: Divulgação

Para ratificar a validade deste grupo, Itamar anexou um documento datado em 10 de novembro de 2014 assinado por Roberto Monteiro - hoje integrante de outra chapa de oposição, a do candidato Alexandre Campelo, e que na época era presidente em exercício da Assembleia Geral – em que se dá a permissão de voto para grandes beneméritos, beneméritos, eméritos, campeões, remidos e benfeitores remidos mesmo sem terem se recadastrado.

Itamar ainda alfineta a chapa de Horta informando que entre os que não se recadastraram e não constam com CPF está José Luiz Moreira, ex-vice de futebol, antigo aliado de Eurico Miranda e que hoje faz oposição ao lado de Horta.

Ele ainda finaliza dizendo que tal grupo de sócios representou menos de 10% do pleito passado.

Mortos

Decreto de Itamar excluindo da lista os sócios nascidos antes de 1922 - Divulgação - Divulgação
Decreto de Itamar excluindo da lista os sócios nascidos antes de 1922
Imagem: Divulgação

Em relação ao “alto número de falecidos” identificados pela chapa de Horta, o Vasco rebate novamente apresentando um documento, desta vez datado em 21 de setembro de 2017 e assinado pelo próprio Itamar, onde se decreta que pessoas nascidas antes de 1922 estarão excluídas da lista de aptos a voto.

O dirigente ainda ressalta que “qualquer observação relativa à óbito de sócio incluído na listagem poderia ser comunicada à este Presidente para as devidas providências, haja vista que o clube muitas vezes não recebe a devida comunicação”.

Por fim, detaca que “o fato de eventual sócio falecido constar da listagem em decorrência da não comunicação não inibe a credibilidade do pleito”, lembrando que o “acesso à votação se dará mediante prévia identificação do sócios feita em dupla triagem devidamente fiscalizada pelas chapas participantes”.

Funcionários e associações em massa no fim de 2015

Outras suspeitas levantadas na notificação foram a entrada de funcionários do quadro de sócios e também a associação em massa entre novembro e dezembro de 2015, quando o clube anunciou o fim da categoria “sócio-geral”, o plano com condições financeiras mais acessíveis que permitia direito ao voto.

Em relação aos funcionários, o Vasco cita a Constituição Federal, em que se diz que “é livre o direito de associação”.

Sobre os meses que representam o fim do “sócio-geral”, alega que o anúncio do fechamento do plano “evidentemente impactou na adesão àquela categoria, de modo que não se revela plausível a estranha (não explicada) manifestada pelos conselheiros”.

Itamar ainda lembra que os documentos reclamados por Otto e Diego remetem ao exercício financeiro de 2015, analisado e aprovado pelos dois, que são membros do Conselho Fiscal.

Datas de admissões anteriores às de nascimento

Para finalizar, Itamar Ribeiro de Carvalho explica sobre os associados que regularizaram suas situações nos últimos 30 dias, lembrando que tal procedimento foi feito de “maneira pública e transparente”, ressaltando que, inclusive, Otto e Diego encaminharam pessoalmente alguns associados neste sentido.

Em relação às cinco matrículas com datas de admissão anterior à data de nascimento e nomes divergentes para a mesma matrícula, alega que “tais equívocos foram regularmente sanados”.

Chapa de Julio Brant rebate nota oficial do Vasco

A reportagem do UOL Esporte foi procurada na noite desta sexta-feira pela chapa "Sempre Vasco", do candidato de oposição Julio Brant, apresentando contestações sobre a nota oficial emitida pelo clube. Segue abaixo a íntegra do posicionamento:

"A chapa Sempre Vasco, consultada por nossa equipe, manifestou surpresa com a notícia. Inicialmente porque, ao tentar justificar as irregularidades já denunciadas, a administração do clube, expressamente, as reconhece e confessa - o que, por si só, já seria um fato grave e preocupante, suficiente para lançar fundadas dúvidas sobre a lisura do pleito. Para além disso, prossegue, cita a Sempre Vasco a existência de ação com pedido de produção antecipada de provas, já deferida pela justiça fluminense, determinando a perícia sobre material apreendido no clube e que poderia comprovar os dados cadastrais dos sócios do clube, assim como data de admissão, comprovação de pagamento, entre outras importantes informações. Contudo, o clube vem retardando, tanto quanto possível, as diligências judiciais que comprovariam as denúncias. Ou seja, a nota diz mais do que queria, pois reforça a existência de graves suspeitas sobre a legitimidade da lista oficial homologada e apresentada pelo próprio clube".