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Quem é o dirigente com fama de "pão duro" e negociador mais chato da Europa

Daniel Levy é presidente do Tottenham desde 2001 - Ian Walton/Getty Images
Daniel Levy é presidente do Tottenham desde 2001 Imagem: Ian Walton/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

22/10/2017 04h00

“Nunca em 25 anos vi uma coisa parecida”. Foi assim que Jean-Michel Aulas, proprietário do Lyon, definiu a experiência de negociar com Daniel Levy, presidente do Tottenham. Com fama de “pão duro” e negociador mais chato do futebol europeu, Levy ficou conhecido por esperar até o fim das janelas para concluir suas transações, sempre tentando pagar menos ou vender mais caro.

Esse perfil rendeu até um apelido ao dirigente britânico: “Deadline Levy”, justamente brincando com o número de negócios que ele fechou no último dia das janelas de transferência.

O dirigente está à frente do Tottenham desde 2001 e é homem de confiança do bilionário Joe Lewis, proprietário do clube. Formado em economia, é um negociador profissional. Quem o conhece diz que paciência é uma de suas principais virtudes.

Quando vendeu Hugo Lloris para o Tottenham em 2012, Aulas, presidente do Lyon, encarou uma maratona de ligações no último dia da janela. A cada chamada, Levy sugeria ou impunha alguma alteração, levando os advogados envolvidos na transferência a fazerem diversas versões do contrato.

Florentino Perez e os milhões que costumam sair dos cofres do Real Madrid também já sofreram com Levy. O dirigente britânico não cede facilmente aos desejos de seus jogadores. Modric, por exemplo, viu uma novela se desenrolar até sua venda ao Real ser concretizada.

Enquanto o mandatário do Real tentava reduzir o valor a ser pago por Modric, Levy, que já havia recusado oferta do Chelsea, batia o pé. No fim das contas, o britânico conseguiu o dinheiro que desejava.

Em 2013, nova rodada de conversas se desenrolou durante vários dias até que o Tottenham confirmasse a venda de Gareth Bale ao Real Madrid. Na época, Levy pôde se gabar de ter participado da maior transferência do futebol mundial: os espanhóis tiveram que pagar cerca de R$ 315 milhões pelo atacante.

Das duas negociações entre Tottenham e Real, inclusive, surgiu uma amizade entre Levy e Florentino Perez, a ponto de o espanhol ter frequentado a casa do britânico na Flórida durante pré-temporada nos Estados Unidos.

Na Inglaterra, os outros clubes já sabem que se quiserem um jogador do Tottenham terão que desembolsar um bom dinheiro. Levy tem como política não reforçar rivais e, em geral, evitar loucuras para contratar jogadores.

“É melhor investir nas categorias de base do que colocar em risco a viabilidade financeira do Tottenham”, prega o dirigente. Assim, às vezes, a torcida dos “Spurs” sofre com a demora do clube no mercado da bola, mas pode se orgulhar de ter um time nas mãos apenas de ingleses, mesmo que seu presidente seja um “pão duro”.