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Sócios do Vasco vão à TV e alegam terem seu cadastros falsificados

Urna suspeita definirá eleição no Vasco na Justiça - Bruno Braz/UOL
Urna suspeita definirá eleição no Vasco na Justiça Imagem: Bruno Braz/UOL

Bruno Braz e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/11/2017 14h18

O departamento jurídico do Vasco terá muito trabalho pela frente para provar que a eleição foi transparente. Em entrevista à TV Globo, sócios que estão na lista da urna 7, que está sub-judice, fizeram graves denúncias de irregularidade que podem comprometer a vitória inicial de Eurico Miranda no pleito. Sem se identificar por questões de segurança, eles dizem que tiveram seus cadastros falsificados pelo clube e que nunca pagaram as mensalidades. 

Um deles alega que se associou no fim de 2016, mas em sua carteirinha consta que ele fez a adesão em dezembro de 2015.

"Eu entrei de sócio no final de 2016. Na lista está que minha adesão foi em dezembro de 2015. Eu na época tinha muita vontade de virar sócio, porém não tinha condição para isso. Um amigo me levou até a um segurança do Vasco e perguntou se tinha como me colocar no esquema. Esse segurança perguntou se eu queria mesmo e me deu uma ficha para preencher. Jamais paguei um centavo", disse "X".

Outro alega que nunca foi a São Januário assinar nenhum tipo de cadastro para se associar.

"Um amigo meu ligado ao Vasco foi até minha casa e pediu para eu ser sócio do Vasco, para votar no Eurico Miranda. Isso foi em março desse ano. Nunca fui em São Januário para assinar nada. Nunca paguei nada", declarou "Y".

Oposição diz que Vasco não tem comprovantes discriminados 

O ponto central que determinará quem, de fato e direito, será o presidente do Vasco no próximo triênio está diretamente ligado a comprovação de pagamentos dos 691 sócios que foram separados para a urna 7. As denúncias de votantes à TV Globo garantindo que nunca pagaram as mensalidades aumentaram a certeza da oposição de que o clube não tem em mãos os comprovantes discriminados de cada pagamento.

Após a entrevista coletiva do presidente em exercício Eurico Miranda nesta quinta-feira (9), membros da diretoria conversaram com o UOL Esporte e se mostram confiantes nos documentos que estão sob posse. Eles consistem em fluxos de caixa assinados pelo presidente do Conselho Fiscal, Otto de Carvalho, até outubro de 2016. O dirigente, posteriormente, rompeu com Eurico e se aliou ao opositor Fernando Horta, sendo o principal personagem a denunciar o suposto mensalão.

A atual diretoria acredita que o fato de Otto atestar tais documentos e ainda aprovar as contas de 2015 já são fatos suficientes para sustentar a legalidade do pleito. Carvalho, porém, contesta:

“Esses documentos não querem dizer nada. Eles têm de apresentar os comprovantes descriminados. Quem paga de quatro ou cinco sócios não tem problema. O problema é o sócio que não paga e que consta como pago. Outra coisa, se ele quisesse comprovar os pagamentos de novembro e dezembro de 2015, seria muito simples: o Vasco tem um contador e cinco funcionários na contabilidade. É simplesmente pedir o boletim de caixa diário do pagamento que entrou do sócio”, declarou Otto.

O presidente do Conselho Fiscal afirma que o clube tem o controle de tudo no sistema, e que se tivesse como comprovar os pagamentos discriminadamente, já poderia ter feito:

“O Vasco tem tudo no computador. É simples demais. E aí quando o Conselho Fiscal pediu isso, eles foram na Justiça dizer que o balanço estava aprovado e que o Conselho Fiscal não tinha nada a ver com a eleição. São coisas esquisitas. Nesta coletiva do Eurico (dada nesta quinta) ele já era para ir com esses documentos. Ele falou, falou e não disse nada”.

No dia 4 de outubro, o Vasco teve um parecer favorável numa ação movida pela oposição no sentido de exigir a comprovação dos pagamentos. No despacho do juíz Jorge Jansen Counago Novelle, se destaca que a questão deveria ser resolvida internamente e que era de responsabilidade do Conselho Fiscal, presidido por Otto: "Tratando-se o demando de agremiação desportiva, as questões sociais devem ser resolvidas entre associados, interna corporis e não judicializadas (...). Com efeito, se os autores, integrantes do Conselho Fiscal, mantiveram-se, eventualmente, inertes desde 2014, não merecem socorro do Poder Judiciário para obstaculizar ou dificultar as eleições da entidade (...). 

Decisão da Justiça favorável ao Vasco em relação aos pagamentos - Divulgação - Divulgação
Decisão da Justiça favorável ao Vasco em relação aos pagamentos
Imagem: Divulgação

Membros ligados a Julio Brant - vencedor da eleição desconsiderando a urna 7 - garantem que não dá para se fazer depósitos retroativos. Portanto, obrigatoriamente o dinheiro pago por esses sócios na época precisa constar.

O Vasco foi notificado nesta sexta-feira (10) da decisão da juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, que exigiu que o clube comprove em 48 horas os pagamentos dos sócios bem como corrija a ata da Assembleia Geral, assinada pelo presidente Itamar Ribeiro de Carvalho, que proclamou a vitória a Eurico. Portanto, o Cruzmaltino tem até a próxima terça para cumpri-la.  

"Agora tem o questionamento de uma urna e que essa urna está sub-judice. Isso não quer dizer que isso impeça a proclamação do resultado", disse Eurico.

Segundo o departamento jurídico do clube, após entregar os comprovantes, podem ter novos pedidos e novos prazos até chegar ao fluxo de depósitos. 

Ações dos sócios

Na contramão dos movimentos da Justiça e da oposição estão os sócios que se sentiram constrangidos e que pretendem entrar com ações neste sentido. Eurico Miranda os incentivou:

"Quem se sentir atingido deve buscar a reparação. Se meu nome estivesse na lista, eu buscaria a reparação".