Vendedor de água e pipoca ganha vida fantasiado de Cássio na Zona Leste
Quando você bate o olho em Marcos Paulo Cabral de Lima, pensa: que figura! Raciocínio normal ao ver um grandalhão fantasiado de goleiro Cássio vendendo água mineral e pipoca num farol perto do estádio do Corinthians. A estratégia dá certo e ele diz que passou a vender 70% a mais depois que incorporou a personagem.
"O Cássio veio para o Corinthians e todo mundo falando: 'você parece com ele'. Levei a sério e comecei a me fantasiar".
Os clientes entram na brincadeira. Não são poucos os gritos de "vai Corinthians”. Marcos também se acostumou a atender pedidos de selfie. Ele costuma atualizar o discurso e o personagem às circunstâncias do momento. No dia seguinte ao título, foi trabalhar com um troféu.
Mas claro que os adversários tiram uma "casquinha" sempre que podem. Marcos comemora que ultimamente não podem falar muito. E acrescenta que a rivalidade não atrapalha os negócios. “Todo mundo compra: palmeirense, são paulino, santista. Já acostumaram comigo”.
O Cássio fake e o Cássio original já se encontraram algumas vezes. A última foi na loja Poderoso Timão do Ipiranga. “Ele falou ‘de novo você?’. Porque estou sempre no CT. Ele é um cara legal”.
Ser torcedor corintiano não é personagem
Marcos é corintiano dos mais fanáticos. Na caixa de isopor onde vende seus produtos tem um papel em que ele revela qual o maior sonho da vida: conhecer Tupãzinho. O vendedor não esconde a idolatria pelo autor do gol que deu o primeiro Campeonato Brasileiro ao Corinthians, em 1990.
Para garantir que o amor pelo clube seja notado por todos os motoristas, o ambulante mandou fazer uma faixa que coloca junto ao muro que divide as pistas da avenida onde trabalha. A paixão pelo Corinthians fica ainda mais evidente quando Marcos volta para casa.
Assim que abre a porta, é recebido por Ronaldo, cachorro batizado em homenagem ao ex-atacante e que usa uma roupa com o número 9. A casa é cheia de referências ao time: cortina, fotos, adesivos, luvas, chuteiras, camisa e objetos pouco comuns.
Há um parafuso, um vergalhão e dois tijolos. Marcos explica que trabalhou de graça na construção da Arena Corinthians e ficou com os souvenirs. Mostra o uniforme e o capacete com o logo do Odebrecht para provar que não está inventando.
O ambulante mora em um conjunto habitacional na Zona Leste que fica a cerca de 2 quilômetros do estádio. No pátio, há um Fusca singular. O veículo tem autógrafo de vários nomes ligados ao Corinthians. Fagner foi o primeiro a assinar. Depois vieram Tite, Zenon, Biro-Biro e outros.
“Eu vou ao CT e peço para os jogadores assinarem. Eles já me conhecem e atendem.”
Simpatia também ajuda
Estar vestido de Cássio em um reduto corintiano ajuda, mas o ambulante também tem carisma. Quando o sinal fecha, Marcos começa a gritar "água do volume morto, água com dengue, água com chikungunya". Cada cliente atendido escuta piadas do vendedor.
“Eu pergunto se quer CPF na nota ou pontuar nos quilômetros de vantagem. O pessoal ri”.
O ambulante está no local há sete anos. Ele é tão contador de histórias que diz oferecer aos clientes a opção de pagar fiado. Jura que já aconteceu e recebeu a dívida. Há apenas uma coisa que Marcos não admite: “Só não pode o Cássio ser vendido. Aí acabaria tudo, eu estaria praticamente desempregado”.
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