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Caso Fifa: ex-vice da Conmebol indica que Ricardo Teixeira é corrupto

Divulgação/Mowa Press
Imagem: Divulgação/Mowa Press

Eduardo Graça

Colaboração para o UOL, em Nova York (EUA)

28/11/2017 23h42

Durante depoimento para a Corte de Nova York, que investiga casos de corrupção, o ex-presidente da Federação Colombiana de Futebol Luis Bedoya deu indicações de que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, esteve envolvido em transações ilegais.

Perguntado nesta terça-feira (28) pelo advogado de Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol, Bruce L. Udolf, se os três cartolas mais corruptos da America do Sul eram o brasileiro Ricardo Teixeira, o paraguaio Nicolás Leoz e o argentino Julio Grondona, falecido em 2014, o ex-presidente da Federação Colombiana de Futebol, Luis Bedoya, foi direto.

"Acredito que sim. Não tenho como provar, mas todo mundo, à época, dizia que sim."

A testemunha monopolizou a atenção dos advogados de defesa e da promotoria no julgamento do 'Caso Fifa' nos últimos dias. Bedoya fez um acordo com as autoridades americanas, revelando ter recebido propinas de mais de US$ 1 milhão entre 2007 e 2015, quando foi um dos principais executivos do futebol no continente sul-americano. Ele atacou Teixeira em meio a discussões sobre o pagamento ilegal, pelo Qatar, em 2010, de suborno a dirigentes sul-americanos para o apoio à candidatura do país do Oriente Médio, depois vitoriosa, à sede da Copa do Mundo de 2022.

Bedoya diz que, em 2010, apoiou, como a maioria dos presidentes de federações sul-americanas, a candidatura dos EUA, mas sugeriu que os três representantes do continente com direito a voto poderiam ter cedido ao canto dos petrodólares. O colombiano disse que em maio de 2010, quando estava em Madri para a final da Copa da UEFA, foi abordado por um “alto executivo da televisão do Catar”, do qual ele não se lembra o nome, apresentado pelo empresário argentino Alejandro Burzaco. O empresário argentino, uma das peças centrais do esquema fraudulento conhecido como 'Fifagate', teria, de acordo com o ex-dirigente colombiano, sugerido que os árabes estariam interessados em pagar quantias elevadas em troca do voto da Conmebol na disputa da sede da Copa do Mundo de 2022. Bedoya diz que a conversa, no entanto, não foi adiante.

O voto dos três eleitores sul-americanos foi o único momento de um longo depoimento, que durou dois dias, em que Bedoya citou o ex-presidente da CBF. O colombiano detalhou o esquema de suborno do futebol no continente que, segundo ele, contava também com a participação de dois dos réus do julgamento na Suprema Corte do Brooklyn, em Nova York, o peruano Burga e o paraguaio Juan Angel Napoult, ex-presidente da Conmbeol, mas não citou o brasileiro José Maria Marin, o outro réu do processo.