A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática aprovou, nesta terça-feira (28), requerimento do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) de realização de audiência pública sobre denúncias de que a TV Globo teria, por meio do pagamento de propinas a dirigentes do futebol brasileiro e internacional, atuado para obter a exclusividade na transmissão de grandes eventos esportivos.
Lindbergh propõe que sejam convidados para a audiência o executivo Marcelo Campos Pinto, ex-diretor da Globo Esportes, e um representante do Grupo Globo.
A TV Globo foi citada mais de uma vez em julgamentos nos Estados Unidos sobre pagamentos ilegais feitos a dirigentes ligados à Fifa, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Uma das testemunhas do processo, o empresário argentino Alejandro Burzaco acusou a emissora brasileira de pagar propina a Julio Grondona, ex-presidente da AFA e então membro do comitê financeiro da Fifa, na compra dos direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030.
Segundo a testemunha, a Globo e a Televisa teriam, em março de 2013, pago US$ 15 milhões (cerca de R$ 50 milhões em cotação atual) em propinas à Torneos y Competencias (TyC), empresa argentina de marketing esportivo responsável por negociar a venda dos direitos de transmissão no continente. Este dinheiro teria sido repassado a Grondona.
A propina teria sido paga integralmente e toda a quantia destinada a uma 'subconta' no banco privado Julius Baer, da Suíça. Em junho deste ano, um ex-banqueiro do Julius Baer e do Credit Suisse confessou ter organizado pagamentos para Grondona. À agência Reuters, o argentino Jorge Arzuaga se disse "profundamente arrependido" pelo que fez.
O senador argumenta que caso sejam comprovadas as denúncias na Justiça norte-americana, a atuação da emissora teria provocado distorções no mercado, prejudicando de forma desleal a concorrência, afetando ainda outros setores econômicos ligados a esse mercado.
"A Globo teria pago, junto com a Televisa (grupo de comunicação mexicano) e a TyC (grupo de comunicação argentino do qual o delator foi executivo), US$ 15 milhões de dólares em propina para transmitir as Copas de 2026 e 2030", aponta Lindbergh no requerimento.
Globo nega denúncias de propina
A Globo nega qualquer envolvimento em acordos ilícitos. A emissora emitiu comunicado, que foi lido na íntegra durante a exibição do Jornal Nacional:
Sobre o depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina.
Esclarece que, após mais de dois anos de investigação, não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.
O grupo Globo se surpreende com o relato envolvendo o ex-diretor da Globo, Marcelo Campos Pinto. A ser verdadeira a situação descrita, o grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas.
O grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra.
Os nossos princípios editoriais nem permitiriam que fosse diferente. Mas o grupo Globo considera fundamental garantir aos leitores, aos ouvintes e aos espectadores que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige.
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