Topo

Flu pagou ônibus de torcidas e bancou ingressos de meia sem comprovação

Pedro Abad foi um dos que prestaram esclarecimentos na Cidade da Polícia - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.
Pedro Abad foi um dos que prestaram esclarecimentos na Cidade da Polícia Imagem: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/12/2017 04h00

O Fluminense encara o Atlético-GO, às 17h, no Estádio Olímpico. Mas apesar de estar de olho em uma vaguinha na Copa Sul-Americana de 2018, as atenções nas Laranjeiras estão voltadas para fora do campo.

O UOL Esporte teve acesso aos depoimentos prestados pelo presidente Pedro Abad, e os funcionários tricolores Arthur Machado e Filipe Dias, todos convocados a dar esclarecimentos na "Operação Limpidus", que investiga relação dos clubes com as organizadas. Além da cessão gratuita de 200 ingressos por jogo, fica evidente que o relacionamento é ainda mais estreito e levanta suspeitas.

Para a partida diante do Cruzeiro, no Mineirão, o Flu pagou R$ 10 mil para o aluguel de dois ônibus que levaram integrantes da Young Flu, Força Flu e Fiel Tricolor. As empresas de transporte foram indicadas pelas próprias torcidas, que receberam o sinal verde da diretoria tricolor e dividiram os assentos dos veículos entre si.

As reuniões com as lideranças começaram em janeiro, primeiro mês da gestão de Pedro Abad, e quatro encontros foram realizados. Após muitos pedidos, o Fluminense, enfim, cedeu aos apelos por cessão de 200 entradas por jogo. A partir de setembro, o clube fornecia estes tíquetes de meia-entrada sem que fosse exigida a documentação necessária para que este benefício fosse concedido.

A linha era direta e o interlocutor dos torcedores era uma pessoa identificada como "Carlinhos", posteriormente substituído por "Fila" no posto. O primeiro está foragido, enquanto o outro foi um dos três tricolores presos a partir da investigação. As entradas eram retiradas na sede do clube e a ação tinha a anuência de Abad.

Atolado em dívidas que giram na casa de R$ 440 milhões, o Flu arcava com o valor desses tíquetes, que eram lançados nos relatórios financeiros dos jogos, cabendo ao Tricolor o pagamento dos mesmos e o recolhimento dos impostos devidos. Estima-se que cerca de R$ 30 mil tenham sido desembolsados para angariar este apoio na arquibancada.

Ao franquear esse acesso a uma mínima parcela da torcida, o Fluminense desrespeitou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público. Pelo acordado, os clubes do Rio ficaram proibidos de dar ingressos às torcidas. As autoridades crêem que os beneficiados revendiam os bilhetes e embolsavam o dinheiro, o que caracterizaria co-participação do Flu em crime de cambismo, ação que é criminalizada pelo Estatuto do Torcedor.

Em vídeo publicado nos canais oficiais do clube, Abad admitiu a cessão de ingressos, mas não falou sobre os ônibus e as meias entradas repassadas sem a devida comprovação prevista por lei.

"Esse acordo perduraria até o fim do Campeonato Brasileiro, quando nos retornaríamos à nossa política de não ceder qualquer tipo de ingresso e de ajuda aos torcedores de torcidas organizadas. Porque nossos torcedores são iguais, e não tem porque ajudar a um e não ajudar a outro", garantiu o presidente.

Os três torcedores detidos na última sexta-feira estavam entre as lideranças que participaram de um encontro recente com Henrique e Henrique Dourado no centro de treinamento do clube.

Atlético-GO X Fluminense
Local: Olímpico, Goiânia (GO)
Hora: 17h (horário de Brasília)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Auxiliares: Rafael da Silva Alves (RS) e Elio Nepomuceno de Andrade Junior (RS)

Atlético-GO
Kléver; Jonathan, Eduardo Bauermann, Ricardo Silva e Breno Lopes; André Castro, Igor, Andrigo, Jorginho e Luiz Fernando; Diego Rosa. Técnico: João Paulo Sanches

Fluminense
Diego Cavalieri;Lucas, Renato Chaves, Henrique, Léo; Marlon Freitas, Douglas,Gustavo Scarpa, Sornoza e Matheus Alessandro; Henrique Dourado. Técnico: Abel Braga