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Pedido aceito! Suspeita de fraude muda sistema eleitoral do Santos

Atual presidente, Modesto Roma, foi o único que não aceitou o pedido dos conselheiros - Ivan Storti/SantosFC
Atual presidente, Modesto Roma, foi o único que não aceitou o pedido dos conselheiros Imagem: Ivan Storti/SantosFC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

04/12/2017 14h12

O presidente do Conselho Deliberativo do Santos, Fernando Bonavides, aceitou o pedido das chapas de oposição para que o processo eleitoral do clube seja realizado com urnas segmentadas em ordem numérica, ao invés da ordem alfabética, usualmente utilizada. Bonavides recebeu o requerimento assinado por 60 conselheiros na semana passada. As eleições ocorrem no próximo sábado, na Vila Belmiro. Após reuniões com os representantes de cada chapa, a mesa do Conselho acatou o pedido. Vale ressaltar que apenas o atual presidente, Modesto Roma, foi contra a decisão.

“Sim (o pedido foi aceito). Comuniquei aos três representantes da chapa (Andres Rueda, da Santástica União; José Carlos Peres, da Somos Todos Santos, e Nabil Khaznadar, da O Santos Que Quereremos). Foi realmente bastante difícil, a mesa acatou pra ter melhor transparência no pleito. A administração não aceitou, a chapa 4 (Modesto Roma), mas ficará assim mesmo. É bom lembrar o sócio que, com essa mudança é imprescindível, ele levar a carteira social e mais um documento pessoal, como rege o estatuto”, afirmou Bonavides ao UOL Esporte.  

A ideia dos conselheiros é identificar numa espécie de urna separada os “sócios suspeitos” de 2016. Na visão dos oposicionistas, em ordem numérica, seria mais fácil identificar os “suspeitos de 2016” na décima urna, a última do processo eleitoral. Para eles, os novos associados estariam todos nesta urna.

Os conselheiros que pediram a mudança no processo eleitoral alegam que o ato prioriza evitar que a eleição do Santos seja encaminhada para a Justiça e que tudo seja resolvido internamente.

A suspeita se baseia em reportagem da ESPN, publicada na última quarta-feira, que aponta que o clube recebeu mais de 2 mil associados entre novembro e dezembro de 2016, período próximo do limite estabelecido para que possam ser eleitores no pleito alvinegro.

Segundo a matéria, a adesão em massa beneficiaria Modesto Roma, atual presidente e candidato à reeleição. Diante disso, Andres Rueda, da Santástica União; José Carlos Peres, da Somos Todos Santos, e Nabil Khaznadar, da O Santos Que Quereremos, se uniram em protesto.

“Providências imediatas são necessárias para o esclarecimento dos fatos, sob pena de colocar o resultado do pleito do dia 9 sob suspeição. Não é isso que nenhum verdadeiro apaixonado pelo nosso Santos quer ver”, diz um trecho da nota. “Nossos departamentos jurídicos estão reunidos para estudar providências e eventuais medidas judiciais que se façam necessárias para resguardar, antes de qualquer coisa, a transparência em nosso clube”, ameaçam os opositores.

A matéria da ESPN diz que, em apenas 17 dias, entre 23 de novembro e 6 de dezembro de 2016, o Santos ganhou precisamente 2.098 novos associados. Estes já seriam votantes no próximo pleito. O número levantou desconfiança por ser superior aos meses de julho a outubro somados, além de ter recebido uma série de adesões em dias iguais. A média mensal era de 462 pessoas antes.

A reportagem da ESPN ainda aponta a participação do empresário Luiz Taveira, o mais influente dentro do Santos na gestão de Modesto. De acordo com os levantamentos, de 23 a 29 de novembro, quatro parentes de Taveira se associaram ao clube junto com mais pessoas, mas utilizando os mesmos endereços.

Inicialmente, quando eleito, Modesto afirmou que não tentaria uma reeleição, apenas cumprindo os três anos de mandato, de 2015 a 2017. Em dezembro de 2016, o atual mandatário santista falou publicamente ter mudado de ideia “pela necessidade do clube”.

O ano, no entanto, tem sido turbulento para a diretoria. Além de não ter conquistado títulos, demitiu dois treinadores – Dorival Júnior e Levir Culpi –, além de ter lidado com uma série de críticas, a não renovação do meio-campista Lucas Lima, que deve vestir a camisa do rival Palmeiras, e dificuldades financeiras, que culminaram em atrasos salariais.