Topo

Candidato, Peres pede 50% dos jogos do Santos no Pacaembu e reforma na Vila

José Carlos Peres e Orlando Rollo tentam "derrubar" Modesto Roma do poder - Divulgação
José Carlos Peres e Orlando Rollo tentam "derrubar" Modesto Roma do poder Imagem: Divulgação

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

06/12/2017 04h00

José Carlos Peres, aos 69 anos, é um candidato conhecido na vida política do Santos. Favorável a uma união dos políticos santistas para ajudar o clube, ele já trabalhou direta e indiretamente nas gestões de vários presidentes: Marcelo Teixeira, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e até Modesto Roma, um de seus concorrentes ao pleito deste ano. Peres também foi executivo do G4 Paulista, empresa que negociou contratos para os quatro grandes clubes do estado e cumpriu papel na unificação dos títulos brasileiros. 

O UOL Esporte dá início, nesta quarta-feira, à sequência de entrevistas com os quatro candidatos à presidência do Santos, que responderão aos mesmos 15 questionamentos propostos pela reportagem.

Entre os seus principais planos, o candidato diz que pretende dividir os mandos de campo entre estádios do estado de São Paulo, principalmente o Pacaembu e Vila Belmiro. Peres também fala em acabar com os camarotes do estádio santista para que o campo volte a ser um “alçapão”. Segundo ele, a casa alvinegra ficou mais “fria” com os camarotes laterais e atrás dos gols. Em relação à construção de uma nova Arena, o candidato fala em modernizar a própria Vila Belmiro. Veja a entrevista completa:

UOL Esporte: Por que deseja ser presidente do clube e quais são seus projetos a curto prazo?
Peres
: Me sinto preparado desde 2014, quando fui segundo colocado nas eleições. Tenho uma história profissional, uma história de vida e uma longa história de serviços prestados ao Santos FC, clube de que sou sócio há 40 anos. Estas experiências técnicas, somada ao meu convívio político (5 mandatos de conselheiro) no clube, me fazem crer que sou o mais habilitado à missão. A curto prazo, é necessário implantar um choque de gestão especialmente no que se refere à transparência. Fazer um urgente recadastramento de sócios, para que possamos implantar efetivamente o voto à distancia, numa base confiável. Uma auditoria de todos os contratos dos últimos anos é também uma providência imediata. Precisamos entender nossa dívida e eventuais desvios. Sem esquecer que temos importantes competições pela frente e algumas estruturas serão mudadas. É uma tarefa árdua, mas estamos prontos.

UOL Esporte: O Santos vive uma crise financeira que resultou em atrasos salariais nos últimos três anos. Há um plano emergencial caso vença a eleição?
Peres:
Sim. Apesar da atual gestão alegar superávit recorde etc. sabemos que a situação é difícil. Estamos prontos para enfrentá-la. Há que se sinalizar ao mercado que uma nova era vai começar. Transparência, reputação e credibilidade. Isso atrairá parceiros. E nos fará mais fortes. Mas nosso Comitê de Gestão está pronto para enfrentar situações adversas.

UOL Esporte: É a favor do Comitê de Gestão? Pensa em uma possível nova reformulação estatutária para acabar com o formato? Quem serão os sete integrantes do Comitê?
Peres:
Em tese, somos a favor da adaptação e que o CG seja um Conselho de Administração, inclusive com eleição e mandato separados da eleição presidencial. Isso em tese, mas o fato é que hoje o Estatuto prevê um Comitê de Gestão. O nosso não será decorativo, será o órgão das decisões importantes do clube, com regimento interno próprio e ata das reuniões publicadas no portal da transparência. Já temos alguns nomes como Urubatan Helou, Fabio Gaia e Hanie Issa. Estudamos mais alguns e queremos deixar algumas vagas disponíveis às melhores cabeças de outras chapas. É preciso unir o clube em torno de seus melhores nomes.

UOL Esporte: Como vê a relação entre o clube e a CBF, o que pensa? Pretende modificar algo? Incumbir alguém para se aproximar da entidade?
Peres:
O Santos precisa melhorar o relacionamento institucional com a CBF e com todas as entidades nacionais e internacionais do futebol. Nossa estrutura profissional terá atenção especial a isso. Até pela experiência que acumulei no G4 Paulista e no trabalho da unificação dos títulos brasileiros, sei da importância de um bom diálogo com todos os clubes. Unidos temos melhores condições de negociação em diversas áreas. O Santos terá protagonismo neste processo.

UOL Esporte: Sobre a Vila Belmiro, quais são seus projetos para o estádio? Pensa na reforma para ampliação? Reestruturação completa em formato das novas arenas?
Peres:
Entendemos que são necessárias intervenções que visem maior segurança, maior conforto e que melhorem a atmosfera da partida. Intervenções infelizes, inclusive a dos camarotes “de vidro”, tornaram nosso alçapão um lugar mais frio. E inexplicavelmente elitizado. Vamos mudar isso, assim como temos projetos para melhorar a ocupação das cativas sem prejudicar os direitos de seus proprietários. Tenho dito que estaremos abertos a parcerias sérias sobre eventualmente uma nova arena. Se isso ocorrer, e se essa arena for em Santos, a nossa preferência é que seja a própria Vila Belmiro, totalmente remodelada mas sem perder a identidade.

UOL Esporte: O Santos seguirá mandando jogos em São Paulo? Qual o projeto sobre o Pacaembu?
Peres:
50% dos jogos serão na capital. Serão, de verdade! Isso porque informaremos às federações antecipadamente que nossos mandos serão divididos. Na capital, a preferencia é do Pacaembu, estádio com o qual nossa torcida é perfeitamente identificada, bem localizado. Enfim, temos história ali. Trabalharemos para encontrar o melhor modelo possível, e estamos atentos aos processos de concessão por parte da Prefeitura.

UOL Esporte: Pensa em fazer muitas mudanças no elenco, comissão técnica e com relação aos dirigentes? Qual o técnico que pretende contratar? E qual o dirigente que ficará ligado ao futebol? Cargo que hoje é de Dagoberto Santos?
Peres:
Claro. São necessárias até pelas saídas que ocorrerão. Não falaremos em nomes de atletas e nem do novo superintendente de futebol, isso pode comprometer pessoas que estejam eventualmente empregadas.

UOL Esporte: O Santos teve um rápido crescimento em seu quadro associativo em 2016. Você pode explicar essa polêmica e se suspeita de fraude?
Peres:
Defendemos a investigação mais profunda que existir. Trabalharemos por ela, inclusive depois de eleitos. Não se pode, contudo, acusar sem provas. Vamos aguardar o desenrolar dos fatos e nosso departamento jurídico, bem como o de outras chapas estão atentas aos desdobramentos. Uma pena não estarmos vendo o mesmo empenho por parte da chapa situacionista (inclusive porque foi contra o ordenamento numérico das urnas). Ela deveria ser a maior interessada na apuração dos fatos. O que nos entristece e envergonha é, mais uma vez, ver o clube envolvido em polêmicas. A última eleição já é algo a ser esquecido. Esperamos que essa transcorra bem, em paz, com lisura e atento olhar das autoridades. Do contrário, independentemente de quem for a culpa, a vergonha será de todos nós. Que o associado verdadeiro, a pessoa que ama o Santos FC, não se intimide e nem se desestimule. Vamos neste sábado mudar o atual estado de coisas em nosso clube. Só nós podemos mudar.

UOL Esporte: O que pretende fazer para melhorar o marketing do Santos?
Peres
: Em primeiro lugar profissionalizar o departamento. Ter metas claras, orientação clara sobre quais são suas funções dentro da organização. É preciso reestruturar muito mais que o marketing, toda área administrativa na verdade. Instituiremos um departamento comercial também. São funções distintas. Uma agressiva política de licenciamento e olhar para o mercado internacional são mais algumas das atitudes necessárias.

UOL Esporte: Retorno de Robinho. É a favor ou contra? Trará outros jogadores de nome? Se possível cite alguns nomes que interessam...
Peres
: Robinho é ídolo e craque. Se estiver bem fisicamente e se couber no orçamento é reforço para qualquer time brasileiro. Não sabemos que será este o caso, até porque tem contrato, ao que sabemos, ainda em vigor com outra agremiação. Por respeito a estas situações não falaremos em nomes, nem no dele e nem no de outros atletas antes da eleição.

UOL Esporte: Quais são suas propostas para as categorias de base? O que precisa mudar?
Peres:
Muita coisa tem que mudar em relação a base. Ela está com desempenho muito aquém do esperado. Destaco duas questões. A primeira é a infraestrutura física que hoje é precária. Se não for possível, via parcerias, a construção de um CT totalmente novo para a base, no mínimo serão necessárias intervenções grandes no atual. Outro ponto é a estrutura de captação, organizaremos peneiras por todo Brasil, além de intercâmbio com atletas do exterior.

UOL Esporte: Qual a verdadeira dívida do Santos? Aumentou mesmo ou diminuiu? Qual o verdadeiro valor?
Peres:
Não há divergência. O Conselho Fiscal, órgão independente, probo e suprapartidário atestou, na reunião do último dia 30, aproximadamente R$ 460.000.000,00

UOL Esporte: Opinião e motivos sobre o orçamento barrado na última reunião do Conselho Deliberativo?
Peres:
Como aprovar um orçamento que amplia gasto sem receita ordinária prevista? Contando com a sorte? Não é possível. As despesas aumentariam em 35% e as receitas reduzidas em pouco mais de 5%. No que isso vai dar? Por isso o reprovamos. Ele poderá ser refeito e revisto no início da próxima gestão. O Conselho é soberano. O que impede o clube de altos investimentos no futebol são as receita pequenas, não o comportamento responsável do Conselho. O resto é diversionismo.

UOL Esporte: Ricardo Oliveira fica na sua gestão. E como enfim resolver o caso Damião/Doyen?
Peres:
Como nas questões anteriores, não falaremos em nomes e contratações antes das eleições. Até por respeito aos profissionais envolvidos. Sobre o caso Damião, vamos auditar o contrato com a Doyen, de refinanciamento da dívida. Nossa gestão respeitará contratos, mas terá muito cuidado ao analisá-los com minuciosa auditoria.

UOL Esporte: Relação com o Pelé. Alguma novidade, algum plano?
Peres:
A melhor possível. Sou um inconformado com a distância que mantemos do Rei, andou entregando pizzas na última gestão. Ele entenderá que é Rei, que as portas estão abertas e será tratado dessa forma sempre. Para 2020,temos o projeto Pelé 80, um ano inteiro de comemorações de seu aniversário de 80 anos. Com ações no Brasil e no exterior.