Comissão eleitoral corintiana barra sócios "anistiados" e pede investigação
A Comissão Eleitoral do Corinthians se decidiu, nesta quinta-feira (7), pela retirada de sócios "anistiados" das eleições do clube marcadas para fevereiro. O termo diz respeito a centenas de associados que receberam descontos, na última semana, para que pagassem sua dívida pela metade e pudessem votar.
Além de barrar os sócios "anistiados", a Comissão Eleitoral pediu que as atuações do presidente Roberto de Andrade, do pré-candidato Paulo Garcia, do vice-presidente André Luiz de Oliveira, vulgo André Negão, dos candidatos Andrés Sanchez e Roque Citadini, de Antônio Rachid, secretário geral do clube, do diretor administrativo Eduardo Caggiano Freitas, e de Nanci Lopes Lázaro, sejam investigadas pela própria Comissão Eleitoral com o auxílio da Comissão de Ética.
De acordo com cálculos extraoficiais dos oposicionistas Felipe Ezabella e Romeu Tuma Júnior, que apresentaram representações contra o procedimento, a medida impacta em aproximadamente 25% daqueles que participariam do processo eleitoral. A dupla ameaçava ir à Justiça caso a Comissão Eleitoral se manifestasse de maneira diferente àquela que foi seguida nesta quinta.
Na decisão assinada pelo presidente da Comissão Eleitoral, Miguel Marques e Silva, que é desembargador, se afirmou que: "a proibição de se conceder qualquer anistia financeira aos associados nos 12 meses anteriores à assembleia geral conduz à suspensão dos direitos eleitorais dos associados que, de qualquer forma, dela se beneficiaram", mencionou no texto.
"A existência de indícios apontando o envolvimento direto ou indireto do presidente da diretoria, Roberto de Andrade (...), em criação, organização e execução e divulgação alegada e indevida de anistia, portanto violação de obrigações do estatuto social", concluiu Miguel Marques.
O texto também reprova a participação de André Negão no episódio. Ele é internamente apontado como o autor da manobra que permitiu ao grupo da situação regularizar os títulos de centenas de eleitores e chegou a afirmar, em entrevista, que "a comissão eleitoral é bosta, não manda nada, quem manda é a diretoria". O trecho está incluso na decisão do presidente da Comissão Eleitoral.
Nos últimos dias, se tornaram públicas mensagens de Paulo Garcia, ainda pré-candidato, que se dispôs a pagar pela regularização de títulos em troca do apoio de associados. Na mesma linha, seu principal aliado, Antônio Rachid, enviou mensagens em que solicitava a seu grupo que buscasse sócios abertos a esse tipo de manobra. Os oposicionistas apontam, internamente, que os grupos de Andrés Sanchez e Roque Citadini também patrocinaram essas ações.
Na avaliação geral dos grupos que disputam a eleição no Corinthians, a eleição poderá caminhar à Justiça a partir desse cenário. A aposta é por ações individuais de sócios que regularizaram sua situação na semana passada, com desconto anunciado pelo clube, e esperavam participar do pleito.
"Ficamos extremamente satisfeitos com o resultado. A Comissão Eleitoral foi rápida e precisa. Não só pelo deferimento do nosso pedido de impugnação, mas também pelo reconhecimento da ilegalidade da manobra de anistia. Agora esperamos a apuração dos fatos e eventual punição dos envolvidos nessa vergonha", disse Felipe Ezabella, candidato oposicionista.
"Vejo esta importante decisão com muita esperança de passarmos o Corinthians a limpo. Precisamos agora que essa apuração seja célere, ampla e que represente uma assepsia nesses métodos e tipos de candidatos que tratam o clube e os associados como fraldas descartáveis", comentou Romeu Tuma Júnior.
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