Topo

Candidato, Rueda promete não atrasar salários e veta loucuras por Robinho

Andres Rueda trabalhou no Comitê de Gestão de Modesto Roma por oito meses - Guilherme Kastner/assessoria
Andres Rueda trabalhou no Comitê de Gestão de Modesto Roma por oito meses Imagem: Guilherme Kastner/assessoria

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

09/12/2017 04h00

Andres Rueda, 62 anos, é matemático por formação e empresário do setor de informática. Ele atuou em instituições e órgãos de grande porte dos setores financeiro e de tecnologia. Rueda é sócio do Santos desde 2002, já foi conselheiro do clube e trabalhou por oito meses no Comitê de Gestão do atual presidente Modesto Roma.

Após José Carlos Peres, Modesto Roma e Nabil Khaznadar, o UOL Esporte encerra, neste sábado, a sequência de entrevistas com os quatro candidatos à presidência do Santos, que responderam aos mesmos 15 questionamentos propostos pela reportagem.

Entre os seus principais planos, Rueda promete adequar as contas do clube. A primeira coisa em seu mandato será adequar despesa com receita. Para ele, não se pode gastar mais do que arrecada. Por isso, o matemático promete salário em dia e é ousado ao dizer que não pretende atrasar um único mês. “Nosso compromisso com os jogadores é: salário fechado é salário cumprido. É o cúmulo uma empresa não honrar salários e direito de imagem”, disse. Veja a entrevista completa:

UOL Esporte: Por que deseja ser presidente do clube e quais são seus projeto a cruto prazo?
Rueda:
Passei rapidamente pelo Conselho de Gestão e vi que existia uma falta de procedimentos em relação a questões administrativas do clube. Somente uma pessoa mandando, decidindo tudo sozinha, e isso me fez tomar a decisão de montar um grupo com muitos amigos para que juntos possamos colocar o Santos no lugar onde ele merece. Fazer uma administração que prime pela responsabilidade e profissionalismo.

UOL Esporte: O Santos vive uma crise financeira que resultou em atrasos salariais nos últimos três anos. Há um plano emergencial caso vença a eleição?
Rueda:
Adequar urgentemente nossa despesa com a receita, alongando a dívida no que for possível e trazendo de volta a seriedade e confiança no mercado como um todo.

UOL Esporte: É a favor do Comitê de Gestão? Pensa em uma possível nova reformulação estatutária para acabar com o formato? Quem serão os sete integrantes do Comitê?
Rueda:
Primeiro, o estatuto reza que as decisões sejam colegiadas. O presidencialismo me incomoda. O estatuto diz que o Santos não tem um presidente, tem presidente do Comitê de Gestão, que tem como obrigação ter decisões colegiadas e por voto. O modelo é democrático, mas do jeito que está não condiz com o que deveria ser. Acredito que o Comitê deveria ser eleito, os nove nomes. As decisões deveriam ser colegiadas e com ata. Reunião formal e Comitê com decisão sobre assuntos do clube. Reunião tem que ser gravada e voto aberto. É importante saber o que cada um vota para sua base fiscalizar. Cada um ali está ligado a um grupo. Quando se obriga que a decisão seja pública, a base toda fiscaliza.

UOL Esporte: Como vê a relação entre o clube e a CBF, o que pensa? Pretende modificar algo? Incumbir alguém para se aproximar da entidade?
Rueda:
Sem dúvida o Santos tem que ter uma representatividade à altura em todas as esfera e todos os níveis: Federação, CBF, Fifa. O Santos não pode ficar fora de nenhuma decisão e ser tratado com revelia. Precisa de uma presença forte e capacidade como um dos maiores clubes do mundo.

UOL Esporte: Sobre a Vila Belmiro, quais são seus projetos para o estádio? Pensa na reforma para ampliação? Reestruturação completa em formato das novas arenas?
Rueda:
O Santos tem que tratar bem o seu torcedor, jogar onde for melhor tecnicamente e financeiramente, e fazer com que o seu torcedor reaproxime do clube, jogue onde jogar. Temos que melhorar as condições para que o torcedor e associado sejam melhores tratados independentemente do estádio em que for jogar. A Vila é nossa casa e já merece faz tempo uma adequação para dar maior conforto ao nosso associado.

UOL Esporte: O Santos seguirá mandando jogos em São Paulo? Qual o projeto sobre o Pacaembu?
Rueda:
Sou a favor do que for melhor para o Santos. Temos torcedores em todos os lugares e o torcedor santista precisa ser tratado com respeito e carinho. Pretendemos fomentar a torcida que anda meio afastada do clube, equilibrando jogos na Vila, em SP e em cidades do interior.

UOL Esporte: Pensa em fazer muitas mudanças no elenco, comissão técnica e com relação aos dirigentes? Qual o técnico que pretende contratar? E qual o dirigente que ficará ligado ao futebol? Cargo que hoje é de Dagoberto Santos?
Rueda:
No momento certo as definições sobre o futebol vão acontecer. Hoje não vou ficar aqui prometendo e aproveitando de um momento eleitoral para falar coisas e promessas que soem bem. Administrar é um ato de lidar com problemas e encontrar soluções.

UOL Esporte: O Santos teve um rápido crescimento em seu quadro associativo em 2016. Você pode explicar essa polêmica e suspeita de fraude?
Rueda:
Esse assunto está em análise jurídica para entender exatamente o que aconteceu. Na minha opinião, é completamente imoral. Me preocupa muito essa interação de tantos empresários na vida política do clube. Hoje tivemos nova denúncia e preocupa muito. A vida politica do clube tem de ser feita pelo real dono, o torcedor.

UOL Esporte: O que pretende fazer para melhorar o marketing do Santos?
Rueda:
O marketing é um departamento que precisa de mudanças imediatas também. O Santos precisa ser mais agressivo na busca por parceiros, ir ao mercado e mostrar suas estratégias. Não podemos mais ficar atrás de uma mesa. Os profissionais que ocuparem as cadeiras têm que ir a campo. Precisamos entender primeiro o que é marketing e o que é área comercial. Temos que entender o que o nosso público deseja e criar produtos para eles, aumentar a exposição da nossa marca nacional e internacionalmente, só com isso a área comercial conseguirá reverter essas ações em mais receita para o clube.

UOL Esporte: Retorno de Robinho. É a favor ou contra? Trará outros jogadores de nome para a temporada? Se possível cite alguns nomes que interessam...
Rueda:
Todo ídolo do Santos interessa para o clube. O torcedor cultua seus ídolos. Jogadores que estão em boa formação técnica ainda produzindo, sempre interessam. Mas, temos que encaixar dentro do planejamento financeiro, onde pretendemos gastar exatamente o que arrecada. É impossível declarar um superávit e os atletas estarem com salários atrasados. Na nossa gestão, isso não irá acontecer. Se o Robinho e outros jogadores se encaixarem dentro do planejamento estabelecido e que não afete o bom andamento da parte financeira do clube, não tem por que não ver essa possibilidade. No momento não tenho como citar nomes. Tudo será analisado e conversado com a gestão

UOL Esporte: Quais são suas propostas para as categorias de base? O que precisa mudar?
Rueda:
A base é uma das principais prioridades no clube e será restruturada com processos que evitem os recentes acontecimentos divulgados na imprensa de favorecimento a terceiros. Em relação à base um trabalho de excelência focado como é a origem da história do Santos em revelar os maiores jogadores do futebol brasileiro e mundial. A Santástica União terá profissionais competentes fazendo esse trabalho. E com certeza a construção de um CT moderno e que dê total condição para um melhor trabalho está dentro de nosso programa.

UOL Esporte: Qual a verdadeira dívida do Santos? Aumentou mesmo ou diminuiu? Por favor, prove a verdade aqui do verdadeiro valor, pois no debate ficou a divergência.
Rueda:
Os números estão desatualizados. A primeira coisa é adequar despesa com receita. Não pode gastar mais do que arrecada. A conta não fecha nunca. Tem que estancar essa equação e equacionar o que fazer com a dívida. No programa de trabalho de todo mundo tem isso. Não tem como ser diferente.

UOL Esporte: Opinião e motivos sobre o orçamento barrado na última reunião do Conselho Deliberativo?
Rueda:
Na verdade aquilo mostrou o quanto a administração é ruim. Teve um planejamento estratégico feito pela empresa do Brunoro que custou um valor faraônico para o clube aprovado no Conselho. Esse planejamento era bem claro quando dizia que o clube precisa reduzir despesas, tentar aumentar a receita para ter um equilíbrio financeiro porque senão corria o risco, inclusive, de solvência. Quer dizer, mandava apertar o cinto. E os conselheiros aprovaram isso. Agora, um orçamento que vai contra o que está escrito lá não tem sentido. Você tem um planejamento estratégico para diminuir despesa, aumentar receita e recebe um orçamento completamente ao contrário. Um investimento absurdo no futebol com a falsa promessa que o Santos vai ser Campeão do Mundo. Eu lembro, que não faz muito tempo, a atual gestão antes de acabar o período de classificação da Libertadores, comprando já passagens para Dubai e nada disso aconteceu. Não é assim que se toca uma empresa correndo tantos riscos. Tem que ser uma gestão com pés no chão, o clube não tem o direito e nem condições de aventuras financeiras que podem acarretar prejuízos incalculáveis para o clube.

UOL Esporte: Ricardo Oliveira fica na sua gestão? E como enfim resolver o caso Damião/Doyen?
Rueda:
O Ricardo Oliveira é um ídolo do clube, já está a bom tempo com a gente, já mostrou bons resultados. E temos que sentar com ele, negociar e o valor pretendido estando dentro das condições do clube é um jogador que interessa. Porém sempre dentro da política do Santos de ter salários e tudo mais dentro da realidade do clube. Não adianta nada prometer qualquer tipo de valores e depois acontecer de estar com salários ou direito de imagem atrasados. Nosso compromisso com os jogadores é salário fechado é salário cumprido. Não pretendemos atrasar um único mês qualquer. É o cúmulo uma empresa não honrar salários e direito de imagem. Sobre o caso Damião/Doyen pelo jeito já está resolvido. Vamos ver o contrato e esse acordo que fizeram se é tudo isso que se tem falado. Mas vamos ver.

UOL Esporte: Relação com o Pelé. Alguma novidade, algum plano?
Rueda:
Podemos usar Pelé e todos os outros grandes jogadores da história do clube, mas para isso é necessário que se tenha um projeto com base sólida, com objetivos claros para que se possa chegar ao resultado.