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Grêmio terá de se reinventar sem Arthur e com disputa de ex-titulares

Arthur se tornou vital ao time e agora Grêmio deve criar opções para manter estilo - AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH
Arthur se tornou vital ao time e agora Grêmio deve criar opções para manter estilo Imagem: AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

10/12/2017 04h00

A lesão de Arthur vai forçar o Grêmio a se reinventar de novo em 2017. Melhor passador do time e centro de uma ideia de circulação de bola que dita o ritmo da atuação, o volante deverá ser substituído por Michel, mas a lista de opções ainda tem Maicon e até Ramiro, que poderia ser recuado. De toda forma, o Tricolor não será exatamente igual em relação à reta final da Libertadores. E isso não é necessariamente uma má notícia.

Ao longo da temporada o Grêmio já mudou outras vezes por necessidade e foi bem. O próprio Arthur entrou no time titular depois de problemas e fazendo parte de uma transformação no estilo de jogo. Com ele, ainda no returno da fase de grupos da Libertadores, o Grêmio conseguiu controlar mais o meio-campo.

Arthur foi eleito o melhor jogador da final da Libertadores, na Argentina, mesmo saindo lesionado no início do segundo tempo. O passe curto preciso, a visão de jogo e a frieza para controlar a bola por dentro se tornaram vitais ao Grêmio. Com ele, o Tricolor ganhou repertório e, em vários momentos, até ficou dependente das ações individuais do camisa 29.

“Sempre escutei que no futebol tudo muda muito rápido e nunca acreditei. Mas eu vivi isso, senti na pele”, disse Arthur logo depois do jogo contra o Lanús no dia 29 de novembro. E a vida dele mudou demais em seis meses.

Em 2016, o Grêmio venceu a Copa do Brasil com Walace e Maicon lado a lado, mas essa dupla não jogou na atual temporada – o primeiro foi negociado e o segundo sofreu com lesões em série. A melhor combinação no setor foi com Arthur e Michel. Essa dobradinha atuou durante a sequência de resultados e atuações que renderam o carimbo de ‘melhor time do Brasil’.

Às vésperas da semifinal da Libertadores, contudo, os volantes tiveram de ser alterados de novo. Michel passou por artroscopia no joelho esquerdo e voltou a tempo, mas Renato não quis arriscar e botou Jailson na formação. Mais leve, o substituto teve bom desempenho e segue na equipe desde então.

O Grêmio de Renato Gaúcho nada contra a maré e não gosta da chamada ‘saída com três’, também conhecida como ‘saída Lavolpiana’. Os volantes se posicionam em diagonal para receber da primeira linha e a partir daí iniciar a construção. Ágil, Arthur caiu como uma luva dentro desse princípio. Sem ele, uma adaptação será necessária. O time terá de encontrar outros caminhos para sair da defesa e começar a criar com superioridade numérica.

A superioridade numérica, aliás, sempre foi um efeito visível nos jogos do Grêmio com Arthur. Sempre próximo para dar opção, o camisa 29 virou o melhor passador do time rapidamente. Ajudou inúmeras vezes o setor a se desafogar com a mobilidade e empilhou lances onde girou sobre o próprio eixo para chamar a marcação e gerar espaços ou encontrar um bom passe.

Ramiro é opção

A recuperação de Maicon engorda a lista de alternativas. O camisa 8, por característica, é quem mais se assemelha a Arthur. O passe, até mais vertical, se diferencia bastante de Michel. A outra opção ganha pontos pelo jogo físico, bom desarme. Contribui mais na marcação e não tanto no ataque. Na disputa particular, Michel leva a melhor pelo ritmo de jogo. Maicon não atua desde agosto e há poucos dias foi liberado para treinar com bola.

Os dois, em tese, podem ganhar a companhia de Ramiro. Escalado mais à frente, aberto pela direita, o camisa 17 é volante de origem. E com a inscrição de Leonardo Gomes (justamente na vaga de Arthur), Léo Moura se torna uma opção no meio-campo. A escolha nesse cenário alteraria demais o time, mas não pode ser descartada e está na lista de alternativas.

Arthur primeiro foi vetado da viagem, depois entrou na lista dos jogadores não inscritos que embarcariam para encorpar o clima de mobilização. Por fim, decidiu ficar no Brasil e iniciar tratamento da lesão no tornozelo esquerdo. Assistirá de Goiânia, cidade onde nasceu, o Grêmio se virar na sua ausência.

A estreia do Tricolor no Mundial de Clubes acontece na terça-feira (12), às 15h (Brasília), contra o Pachuca-MEX.