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Como tomar cerveja nos Emirados sem ser preso. Precisa até de carteirinha

A Spinneys é uma loja autorizada a vender bebidas alcoolicas en Al Ain - Luiza Oliveira/UOL Esporte
A Spinneys é uma loja autorizada a vender bebidas alcoolicas en Al Ain Imagem: Luiza Oliveira/UOL Esporte

Luiza Oliveira

Do UOL, em Al Ain (Emirados Árabes)

12/12/2017 04h00

O gremista está em êxtase. Viu o time ser campeão da Libertadores, está na disputa do Mundial de Clubes e cruzou o oceano até os Emirados Árabes. Tudo pelo o sonho de ver o time levantar o bicampeonato mundial. Nada mais justo que chegar cedo ao estádio e já abrir aquela lata de cerveja geladinha para começar os trabalhos.

Hoje já era dia de curtir com o jogo contra o Pachuca, pela semifinal do Mundial, em Al Ain. Mas o torcedor vai ter que abrir mão e a festa não poderá ser completa. A não ser que queira correr o risco de ser preso.

Geladeia de bebidas em Abu Dhabi - Luiza Oliveira/UOL Esporte - Luiza Oliveira/UOL Esporte
Imagem: Luiza Oliveira/UOL Esporte

Nos Emirados Árabes é proibido consumir bebidas alcóolicas na rua e em locais públicos. Se o sujeito for pego pela polícia, vai preso e levado para a corte. O tempo de cadeia vai depender da decisão do juiz. E ai daquele que der uma cambaleada na rua ou arrumar briga. É proibido brigar ou causa confusão. Falta grave.

E não é em qualquer lugar que se compra bebida. Em Al Ain, por exemplo, não existem bares ou restaurantes que forneçam. Você só consegue tomar seus goles dentro de 'clubs', que são as boates que ficam em hotéis, ou comprar as bebidas em lojas especializadas que têm uma autorização do governo para realizar a venda.

Fachada - Luiza Oliveira/UOL Esporte - Luiza Oliveira/UOL Esporte
Imagem: Luiza Oliveira/UOL Esporte

Os moradores locais geralmente optam pelas lojas por terem o preço bem mais acessível. Um vinho que custa 300 dirhans, valor semelhante ao real, em um clube, pode sair por 80 dirhans na ‘store’. O estabelecimento é todo fechado e tem câmeras de segurança espalhadas por toda a parte. Mas lá dentro é como um mercado normal, alguns com aspecto de free shopping. É possível encontrar as mais variadas bebidas de todas as partes do mundo e de marcas conhecidas: vinhos, champanhes, uísques, cervejas. Todos os líquidos são entregues em sacolas pretas que escondem o conteúdo.

Licença - Luiza Oliveira/UOL Esporte - Luiza Oliveira/UOL Esporte
Imagem: Luiza Oliveira/UOL Esporte

Mas se você pensa que saiu de lá e a festa está garantida, se enganou. Os Emirados têm ainda uma grande burocracia. Para poder circular com as garrafas mesmo escondidas com tranquilidade, é preciso ter uma ‘drinking license’. É uma carteirinha como uma carteira de habilitação. Na hora da compra, os vendedores não exigem o documento, mas fazem o alerta que é preciso ter cuidado.

Em algumas lojas, há até uma indicação na parede de como conseguir a sua ‘drinking license’. Você precisa de passaporte ou identidade dos Emirados, um comprovante de salário e um certificado de religiosidade (muçulmanos são proibidos de beber em qualquer situação). Em alguns casos, eles fazem até exames médicos para saberem se a pessoa está saudável e apta para o consumo de álcool.

Se beber, não dirija!

No Brasil, a regra é clara: ‘se beber, não dirija’. Mas na terra dos árabes o lema é levado ainda mais a sério. Em Al Ain, por exemplo, a polícia faz blitze rotineiras e fica sempre atenta a quem está dirigindo fora da norma. A qualquer sinal de embriaguez, eles ligam imediatamente para uma junta médica que fica na área.

Os profissionais da área de saúde não só usam o bafômetro, como também fazem exame de sangue no condutor para verificar a quantidade exata de álcool no sangue do cidadão. A punição é pesada. O taxista Tom Nghabi já viu um amigo ter sérios problemas por causa disso.

“Ele estava perto de casa e foi a um club tomar uns drinks. Achou que seria tranquilo. Mas foi pego pela polícia. Teve que pagar uma multa de 25 mil dirhans, ficou preso por um mês e ainda teve a licença cassada e o carro apreendido por dois meses. Valia bem mais a pena pegar um táxi". O gremista mais empolgado já pode ficar esperto.

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Imagem: Luiza Oliveira/UOL Esporte