Peres banca posição pessoal ao afastar Robinho do Santos em 2018
José Carlos Peres, presidente eleito do Santos, começou o primeiro dia de trabalho com tudo encaminhado para Robinho voltar ao clube paulista, mas terminou o dia com as duas partes bem longe de um acordo. Tudo isso por conta de uma declaração polêmica do novo mandatário. O cartola disse que, no seu entender, Robinho precisa primeiro encerrar seu processo judicial na Itália caso queira retornar ao time da Vila. O atacante, que nega ter cometido o crime, foi condenado a nove anos de prisão, em primeira instância, por estupro.
O UOL Esporte apurou que trata-se de uma posição pessoal de Peres. A decisão do novo presidente santista, inclusive, foi tema de campanha dele. O dirigente já havia se posicionado da mesma forma sobre o tema durante o processo eleitoral, mas foi orientado a não tocar mais no assunto para não correr riscos de perder votos.
O tema Robinho ainda divide a torcida santista. Alguns o consideram traidor, principalmente por ter rejeitado uma proposta do clube para jogar no Atlético-MG, enquanto a outra metade defende o perdão ao atleta e o vê como um ídolo eterno, após os títulos brasileiros de 2002 e 2004. Com a notícia recente de sua condenação por estupro na Itália, a pressão em torno do tema tornou-se ainda maior.
Casado há 44 anos, Peres é pai de uma filha única, Daniela Peres, e traz para o seu mandato diversos projetos envolvendo mulheres. Em seus primeiros discursos após a eleição, o cartola falou em reforçar o futebol feminino do Santos contratando jogadoras de expressão para o time, como Marta e Cristiane.
O presidente santista também estudou o envolvimento das torcedoras com o clube. Um levantamento apresentado por ele mostrou que o Santos possui apenas 16% de mulheres em seu quadro associativo, diferentemente dos rivais que possuem média de 48% a 50%. Neste cenário, contratar um jogador condenado por estupro, por maior que seja a idolatria do torcedor por Robinho, seria um contrassenso.
Apesar da declaração polêmica, rebatida pelo estafe de Robinho, a assessoria de Peres alega que o dirigente torce para que o atacante seja inocente no caso e que não descarta a contratação do jogador.
Condenado em primeira instância na Itália
A nona sessão do Tribunal de Milão condenou o atacante Robinho a nove anos de prisão por "violência sexual em grupo" contra uma jovem albanesa em uma boate da capital da Lombardia em janeiro de 2013, durante a sua passagem pelo Milan, da Itália. O jogador nega as acusações (leia abaixo).
Segundo a imprensa italiana, Robinho teria praticado o ato com outras cinco pessoas. A jovem tinha 22 anos de idade na época. O atleta foi condenado na nona seção do Tribunal de Milão, presidida por Mariolina Panasiti.
Em sua resolução, a corte afirmou que os acusados "abusaram das condições de inferioridade psíquica e física da pessoa agredida, que havia ingerido substâncias alcoólicas, com meios insidiosos e fraudulentos, de forma que bebeu até ficar inconsciente e sem condições de se defender".
Ao UOL Esporte, a advogada de Robinho, Marisa Alija negou qualquer participação do jogador no incidente e enviou a seguinte declaração: "Sobre o assunto envolvendo o atacante Robinho, em um fato ocorrido há alguns anos, esclareço que meu cliente já se defendeu das acusações, afirmando não ter qualquer participação no episódio", explicou.
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