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Do Habib's ao Mundial: Cortez vira estrela após anos de ostracismo

Vestido de Noiva - Cortez casando no Habib's - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em Al Ain (Emirados Árabes)

13/12/2017 04h00

O jogo contra o Pachuca na semifinal do Mundial de Clubes estava mais difícil do que o torcedor gremista na arquibancada poderia esperar. O meia japonês Honda estava doido para estragar a festa no primeiro tempo com lances de perigo. Mas eis que surge Bruno Cortez para fazer dois cortes salvadores. O lateral esquerdo se tornou destaque da semifinal e foi um dos principais responsáveis por fazer o time chegar à final com a vitória por 1 a 0, nessa terça-feira.

Bem pouco tempo atrás isso seria impossível. O Mundial de Clubes não passava de um sonho distante a que o lateral assistia pela televisão. “Quando entrei em campo hoje, pensei que fiquei várias vezes assistindo na TV outros brasileiros chegando na final e eu falei naquele campo que chegou meu momento. Então estou super feliz, e agora é comemorar e depois pensar na outra equipe ou no Real Madrid”, comemorou após a partida.

Depois de viver seu melhor momento no Botafogo onde chegou até a vestir a camisa da seleção brasileira em 2011, Cortez caiu no ostracismo. Em 2012, teve uma passagem pelo São Paulo, mas acabou afastado pela diretoria. No ano seguinte, foi emprestado ao Benfica, de Portugal, mas atuou pouco. Acabou repassado ao Criciúma em 2014 e também não conseguiu relembrar seu futebol. No Japão, ainda tentou ter mais sequência no Albirex Niigata, mas acabou voltando ao Brasil sem opções.

Só conseguiu uma chance de jogar no Náutico, que estava quase caindo para a Série B do Campeonato Brasileiro. Mas uma ligação transformou a sua vida. Do outro lado da linha era Léo Moura que resolveu perguntar se queria jogar no Grêmio e mudar seu destino.

Depois de ser aconselhado por jogadores como Léo Moura, Maicon e Fernandinho, o técnico Renato Gaúcho ligou para Cortez e disse que queria o mesmo jogador que havia se destacado no Botafogo em 2011. Na sexta-feira, estava de malas prontas para Recife e no domingo já estava em Porto Alegre.

“Eu sou muito grato à equipe do Náutico, à diretoria do Náutico que abriu as portas para mim. E ao Léo Moura que viu que eu estava indo já para o Náutico, me ligou, conversou com o Alexandre, o Alexandre falou com o Renato reuniu o grupo de jogadores que ele tem confiança. E todo mundo falou de mim, Renato me ligou e falou: ‘Cortez, tu está afim de jogar ou passear em Porto Alegre?. ‘Não, estou afim de retomar meu futebol com alegria, com felicidade’. Falou comigo: ‘então veio para o lugar certo. O grupo vai te receber de portas abertas e você vai ter a oportunidade, então estou aqui. Sou muito grato pelo Renato e pelos jogadores”.

Ele chegou e não deu outra. Com confiança, cresceu no time, conseguiu se destacar com um jogo ofensivo até marcando gols e dando assistências. A boa fase lhe rendeu um novo contrato de dois anos.

Mais que isso, ganhou espaço a ponto de se tornar titular na semifinal do Mundial de Clubes. O jogador foi um dos destaques da partida contra o Pachuca, ao lado de Everton que marcou o gol da vitória na prorrogação. Saiu de campo sendo exaltado e com o sentimento de que sua passagem pelos Emirados Árabes será especial.

Casamento no Habib's

Mas a ligação com a Arábia vai além do futebol. Quem não se lembra de quando Cortez celebrou sua festa de casamento no Habib’s, rede de fast food típica de comida árabe. Até hoje ele demonstra amor pelo restaurante que traz boas lembranças. E lembra com muito bom humor a história.

“Meu casamento todo mundo comenta, todo mundo pergunta. Mas não foi nada combinado. Graças a Deus todo mundo pôde comer à vontade esfirra, quibe, coxinha, bolinho de bacalhau. Então eu só tenho a agradecer às pessoas que ajudaram a acontecer essas coisas porque não estava nada combinado. Eu estava em um jogo importante do Botafogo e meu empresário falou: ‘o cara do Habib’s liberou, vamos para lá?’ Então foi todo mundo, ficou à vontade. Eu fui embora 11h da noite, o pessoal ficou até 3h comendo quibe, esfirra, tudo à vontade. Eu só tenho a agradecer. Sou grato às pessoas que me me ajudaram. Porque se eu faço um festão, o pessoal reclama. No Habib’s 24h ninguém reclama”, brinca.

O jogador ainda é fã da culinária árabe, mas ainda não teve a chance de experimentar as iguarias legítimas preparadas nos Emirados. “Aqui ainda não provei nada não. Estou gostando do arroz indiano aqui, arroz indiano bem fininho, bem gostoso, mas estou feliz”. Quem sabe com o título mundial possa celebrar mais uma vez um momento importante da sua vida com esfirras e quibes.