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Renato melhor que CR7? Ex-companheiros analisam se é loucura do treinador

Cristiano Ronaldo e Renato Gaúcho travam duelo na final do Mundial de Clubes - Montagem
Cristiano Ronaldo e Renato Gaúcho travam duelo na final do Mundial de Clubes Imagem: Montagem

Luiza Oliveira e Vanderlei LIma

Do UOL, em Abu Dhabi (EAU) e São Paulo

15/12/2017 04h00

Renato Gaúcho causou um burburinho ao declarar que é melhor que Cristiano Ronaldo. Naquela época, em fevereiro deste ano, ninguém imaginava que meses depois os dois estariam frente a frente na final do Mundial de Clubes. É uma pena que a ‘prova’ não possa ser tirada em campo. Mas o UOL Esporte chamou ex-companheiros do atual comandante gremista para analisarem se a comparação é válida ou se é apenas uma loucura do treinador.

Ninguém contesta que os dois são grandes jogadores e com a tarimba de goleadores. Quando começou a carreira na década de 80 no Grêmio, Renato primava pela velocidade misturada à força física e esbanjava habilidade. Cristiano Ronaldo é uma explosão de força. Completo, cabeceia, chuta com as duas pernas e finaliza como ninguém. Um homem de área que lapidou seu talento com muito suor.

Cristiano Ronaldo segura a quinta Bola de Ouro de sua carreira - Franck Faugere/L'Equipe/AFP - Franck Faugere/L'Equipe/AFP
Imagem: Franck Faugere/L'Equipe/AFP

Os recordes de Cristiano são imbatíveis. Dono de cinco bolas de ouro, maior artilheiro da história da Liga dos Campeões e da história do Real Madrid. Tem nada menos que quatro títulos da Liga dos Campeões e três Mundiais. Renato tem títulos importantes e fez história no Grêmio vencendo a Libertadores e sendo o herói do Mundial de 83. Também tem um Brasileiro e uma Copa do Brasil.

Mesmo com números incomparáveis, quem trabalhou com Renato vê, sim, muitas semelhanças. Valdir Espinoza destaca o que viu em comum. Ele foi técnico do Grêmio na campanha do título mundial de 1983 contra o Hamburgo quando Renato foi decisivo no jogo e marcou dois gols.

“A semelhança é a individualidade, o drible, a definição, neste sentido. Eu considero os dois com grandes qualidades, tanto o Renato definia quanto o Cristiano define as jogadas, decidia e decide os jogos no caso de hoje do Cristiano Ronaldo. Cada um tinha característica semelhante de individualidade, técnica, força e os dois são competentes, claro cada um na sua época”, analisa.

O técnico Joel Santana também ressalta como os dois conseguem aliar força à velocidade para fazer o que mais sabiam: marcar gols. “Dois grandes jogadores. Só que um gostava de jogar de um lado do campo e o outro gosta de jogar do outro lado do campo. Dois jogadores com muita força, muita velocidade. Rápidos e goleadores”, afirmou.

Renato Gaúcho comanda o Grêmio na tarde desta terça, nos Emirados Árabes - AFP - AFP
Imagem: AFP

Quando Renato Gaúcho afirmou que era superior a Cristiano Ronaldo usou como um dos argumentos a diferença de estrutura que os dois têm ao redor. O ídolo dos anos 80 e 90 disse que atuou em várias equipes com salários atrasados e que ainda conseguiu ser campeão. Já CR7 teria a vida bem facilitada por atuar em uma equipe poderosa como o Real Madrid, com jogos semanais e companheiros de muita qualidade.

O ex-meia Ailton mostra que continua parceiro de Renato e concorda com o discurso do treinador gremista. Ele acredita que o brasileiro brilharia no Real e que o atacante português teria dificuldades no Brasil. Para quem não se lembra, o ex-jogador viveu um momento histórico com Renato. Foi ele quem deu o chute que fez a bola bater na barriga de Renato e entrar para o gol no Fla-Flu que deu o título carioca de 1995 ao Tricolor.

"O Renato jogaria fácil hoje no Real Madrid. Já o Cristiano ia encontrar um pouco mais de dificuldade devido ao jeito de jogar da parte tática do Brasil porque não é tão rigorosa como é na Europa. Hoje ele tem mais liberdade. Eu conversei com o Felipão. Ele pedia para o Cristiano ficar na frente e, quando olhava, ele estava voltando pra ficar atrás e era um hábito dele. Então é assim, ele ia sentir um pouco de dificuldade nisso na parte tática do Brasil, mas jogaria fácil também e o Renato também jogaria fácil lá".

Joel Santana mostra que é amigo de verdade e adota o lema ‘Renato Gaúcho Futebol Clube’. “Renato Gaúcho, foi campeão comigo, fez gol e tudo, somos amigos, parceiros, companheiro e foi um grande jogador. Ele jogou na época em que o Brasil tinha os maiores craques. É diferente, o negócio é fazer eles (gringos) jogarem aqui no Brasil para verem se é mole com este calor de Norte a Sul do país. Ser campeão no Real Madrid é mole, eu quero ver ser campeão aqui no Brasil, com Libertadores e tudo, a dificuldade que nós vivemos”, avaliou.

Se tem um aspecto em que os dois são parecidos é na autoconfiança e na sinceridade. Eles não têm o menor pudor em dizerem que são os melhores. Quando conquistou a quinta bola de ouro, o português não titubeou. “Eu sou o melhor jogador da história”, disse. Renato não fica atrás. Além de dizer que foi melhor que Cristiano Ronaldo como jogador, na função de técnico também não tem a menor modéstia. "Eu não sou bom, sou muito bom. Não é pouca coisa não. Enxerga quem quer. É simples.", disse em entrevista ao jornal Zero Hora ao exaltar a sua chegada e a campanha na Copa do Brasil.

Mas há uma diferença marcante entre eles na personalidade. Cristiano Ronaldo é um dos maiores exemplos de atleta do planeta com uma obstinação impressionante. Já Renato nunca escondeu que gostava de curtir a vida e às vezes levava uma vida um pouco desregrada.

Quem escalaria no seu time: Renato ou CR7?

Na hora de escolher, Renato mostra que realmente fez muitos amigos no futebol. Tarcísio, ex-ponta direita do Grêmio e campeão mundial de 1983, não titubeou e elegeu seu querido. “Renato, por ter jogado com ele, por ter vencido, pela maneira, vontade e a garra. E o Cristiano eu conheço muito pouco. Eu como treinador eu ia escolher o Renato. É claro que hoje nós temos toda a mídia e a internet, mas o Renato tem o cheiro, o faro da taça de campeão, da faixa de campeão. E isso aí é muito importante”, disse.

Mas há quem fique em cima do muro e não queira se comprometer. Também campeão do mundo em 1983, Baidek é um pouco mais neutro na discussão. Hoje, ele é agente de futebol e tem um escritório em Lisboa e em Porto Alegre.  “Escalaria os dois, não dá para deixar fora um jogador com a qualidade do Renato na época e agora como o Cristiano. Tanto um como o outro, eu arrumaria um lugar para os dois. É difícil deixar alguém de fora e escolher um dos dois. Os dois são fenômenos no ataque eu gostaria sempre e daria um jeito de colocar os dois”, disse.

O ex-lateral direito do Grêmio e campeão mundial de 1983 Paulo Roberto prefere ir pelo mesmo caminho. “Eu me considero um cara inteligente. Então se eu fosse treinador eu acho que eu seria inteligente, eu arrumaria um jeito de colocar os dois (risos). Não tem como, você está louco, se eu deixasse um dos no dois no banco eu ia cair. (risos)”.