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E agora? "Mercado maluco" anima "Ferguson brasileiro" pós-calmaria

Tencati recebeu contatos de Coritiba e Atlético-PR para 2018, mas não houve avanços - Gustavo Oliveira/LEC
Tencati recebeu contatos de Coritiba e Atlético-PR para 2018, mas não houve avanços Imagem: Gustavo Oliveira/LEC

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

18/12/2017 04h00

Cláudio Tencati passou seis anos e sete meses como técnico do Londrina até pedir demissão em novembro, depois do fim da Série B do Campeonato Brasileiro. E agora? 

"Admito que está um pouco estranho. Fico meio perdido sem pensar em planejamento, em pré-temporada, em reforços... Foi bastante tempo, quase sete temporadas, é difícil desligar", diz, entre risos, em entrevista ao UOL Esporte, o "Ferguson brasileiro", em alusão a Alex Ferguson (técnico que permaneceu por 27 anos no comando do Manchester United), que agora está desempregado.

O que ajudou o técnico de 44 anos a entender o novo momento da carreira foi uma viagem a Teresópolis (RJ), onde teve aulas para obter a Licença A do curso de treinadores da CBF. Por lá ele conviveu com outros profissionais da área, sendo que vários deles passaram longe de ter estabilidade em seus cargos. É justamente a "emoção" proporcionada pelo "mercado maluco" de treinadores no Brasil que motivou Tencati a pedir demissão do Londrina e entrar na ciranda.

"Eu senti uma necessidade profissional de sair, porque estava começando a ser visto como o técnico do Londrina. Eu e meu empresário entendemos que daqui a pouco ficaria perigoso para um projeto de carreira, porque as pessoas não me enxergariam como treinador de futebol, e sim do Londrina. Eu estava fora desse mercado maluco de a cada quatro jogos sofrer pressão e acho que tenho que encarar essas etapas pelo meu fortalecimento. São sentimentos, emoções, ameaças de demissão... tudo isso faz de um treinador mais cascudo", diz Tencati, que contou com dados concretos para tomar sua decisão.

"Conheci a pessoa que se tornou meu empresário através do meu grande amigo Caio Júnior. No início de 2017 firmamos uma parceria, porque treinador requer esse suporte. Dentro disso fizemos um trabalho de pesquisa de mercado para saber como o mercado me via e chegamos a essa conclusão. No fim, eu tomei a decisão de sair do Londrina", conta o treinador.

Dupla paranaense fez consultas, diz técnico

Representantes de Atlético-PR e Coritiba tiveram conversas com Cláudio Tencati nos últimos dias, mas nenhum dos contatos se tornou proposta. Ele também diz que recebeu sondagens de mercados emergentes, mas sonha com Série A ou um bom projeto na Série B do Brasileirão em 2018.

"O Atlético-PR fez outra opção de treinador (Clarence Seedorf), mas só pela procura já é algo legal. No Coritiba nosso nome esteve forte internamente, mas a decisão foi por outro profissional também. Não tem problemas. Meu objetivo com a saída do Londrina era abrir janelas, o momento favorecia, e está dando certo", diz o treinador.

Tencati dirigiu o Londrina de 2011, quando tirou o time da segunda divisão do Campeonato Paranaense, até 2017, quando foi campeão da Primeira Liga e estabilizou a equipe na Série B do Brasileirão, com chances de acesso até as últimas rodadas. Além disso, ele soma o título estadual de 2014, quatro taças do interior e dois acessos no período. Sem contar a revelação de jogadores como Ayrton (ex-Palmeiras e Flamengo), Arthur Caike (Chapecoense) e Bruno Henrique (Palmeiras).

"Fiquei tanto tempo no Londrina por conta desses dois pontos, que é o que todo clube quer: os resultados, que já vieram a curto prazo, e a revelação de jogadores que foram importantes para a saúde financeira do clube. Isso tudo só prova que se você fizer um planejamento a longo prazo e deixar trabalhar dá certo", diz Tencati, que vê a "gestão profissional" do Londrina como fator preponderante para a sequência do projeto. Mas agora quer fugir da calmaria.

"Agora é momento de eu colocar a cara. Onde eu for vou ter que ter esse pensamento que tive lá no Londrina, de chegar, fazer acontecer e a partir do resultado construir o que penso de jogo. Esse será o passo à frente que vou ter que dar".