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Juíza de Nova York determina a prisão imediata de Marin

Foto: Don EMMERT / AFP
Imagem: Foto: Don EMMERT / AFP

James Cimino

Colaboração para o UOL, em Nova York (Estados Unidos)

22/12/2017 17h42Atualizada em 22/12/2017 19h23

A juíza Pamela Chen, do Tribunal de Nova York, determinou nesta sexta-feira a prisão imediata de José Maria Marin, considerado culpado em seis das sete acusações criminosas atribuídas a ele.

Marin foi condenado por conspiração para organização criminosa, fraude financeira nas Copas América, Libertadores e do Brasil e lavagem de dinheiro nas Copas América e Libertadores. Sua pena máxima pode chegar a 120 anos de prisão.

Pouco antes da decisão da juíza,a defesa de Marin tentou convencê-la a deixar Marin em prisão domiciliar até o anúncio da sentença, que será em 2018, mas sem data marcada. 
 
Mas o promotor Samuel Nitze foi contra o pedido da defesa de Marin, declarando que haveria risco do ex-dirigente fugir. Não existe tratado de extradição entre Brasil e Estados Unidos.
  
"Agora é o momento de maior risco de fuga. Mesmo com os passaportes retidos, há inúmeros casos de pessoas que condenadas e com passaportes retidos arrumam outros passaportes e fogem. Além disso, o senhor Marin é de um país que não extradita cidadãos condenados no exterior", frisou o promotor Samuel Nitze.
 
"Ele não fala inglês. Colocá-lo em uma prisão federal onde duvido que haja algum guarda que fale português seria terrível. Além disso ele gostaria de ir à missa no dia do Natal", respondeu um dos advogados de Marin durante o julgamento.
 
A magistrada considerou os argumentos apresentados pela defesa como insuficientes para evitar a ida para a penitenciária. Os advogados de Marin tentaram evitar a prisão usando como outra justificativa a idade avançada (85 anos) e as condições de saúde do ex-presidente da CBF. 
 
De acordo com a defesa, Marin faz tratamento para hipertensão e depressão.
 
Na visão da juíza, os dois tratamentos são feitos normalmente por qualquer prisioneiro.
 
Em sua declaração, a juíza disse não acreditar que os dois se livrarão de passar certo período na prisão. “A prisão deles [Marin e Napout, ex-presidente da Confederação Paraguaia] vai acontecer de um jeito ou de outro. Não acho que o estado de saúde e a idade avançada vão mudar o fato que ele irá pegar pelo menos algum tempo de cadeia”.
 
Marin foi inocentado apenas na acusação referente a sua atuação nos bastidores de negócios de direitos de transmissão da Copa do Brasil. Com a recomendação do júri, agora a expectativa fica por conta da sentença por parte da juíza do caso em desdobramento ainda sem previsão de data – a decisão deve sair apenas ao longo de 2018.

O advogado Julio Barbosa, que faz parte da equipe de defesa de Marin, disse que a partir de agora serão feitas duas apelações: uma para tirar seu cliente da cadeia e outra para recorrer da decisão do júri. Segundo ele há "algumas evidências que não foram apresentadas e que mudariam a sentença". Ainda de acordo com Barbosa, um debate que deveria ter sido feito era o referente à legislação estrangeira, já que alguns dos crimes cometidos por Marin não têm o mesmo peso perante a legislação brasileira.

Durante o julgamento, a juíza Pamela Chen proibiu que este argumento fosse sequer apresentado ao júri, pois isso iria confundi-los. Além do que, os réus deveriam ser julgados de acordo com a lei americana.