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Filho de ex-Palmeiras é nova aposta de Simeone e já é monitorado pela CBF

Cena do treino do Atlético de Madri envolvendo Gustavo Henrique (ao fundo) - Atlético de Madri
Cena do treino do Atlético de Madri envolvendo Gustavo Henrique (ao fundo) Imagem: Atlético de Madri

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (Portugal)

26/12/2017 04h00

Filipe Luis, 32 anos, domina a bola e é marcado de perto por Gustavo Henrique, 17, em treino do Atlético de Madri.

A cena foi registrada pelos fotógrafos e viralizou ao longo da última semana nas redes sociais. Não é difícil entender o motivo: Gustavo é filho do ex-volante palmeirense Paulo Assunção, responsável por ajudar o próprio Filipe em sua chegada aos colchoneros, ainda em 2010. Hoje é a vez do lateral esquerdo retribuir e, ao lado de Diego Costa e do português Tiago, auxiliar a nova aposta de Diego Simeone nos profissionais.

Gustavo Henrique tem sido presença cada vez mais assídua no time principal do Atlético. É uma das alternativas do argentino para o futuro.

Ele exigiu, inclusive, atenção especial da CBF. Preocupada com o possível avanço de outros países, ela o convocou para a seleção brasileira sub-17 e 'fisgou', ao menos temporariamente, o seu futebol. Com três cidadanias, o jovem jogador nasceu em São Paulo, mas, com poucos meses, se mudou com o pai para o Porto, em Portugal, e desembarcou posteriormente em Madri, na Espanha. Pode defender qualquer um deles - e não descarta.

Polivalente, prefere atuar na faixa central do meio-campo, mas já foi utilizado, inclusive, como ponta aberto pela direita na base. Em breve, deve ser chamado para negociar a renovação de contrato com o Atlético. Faltam apenas seis meses para o fim do atual vínculo.

Na última janela de transferências, o Benfica chegou a procurá-lo, mas, por questões familiares, decidiu seguir com os espanhóis.

Próximo do empresário Jorge Mendes, Paulo Assunção quer que ele conduza os passos do seu filho. O superagente português, que cuida de Cristiano Ronaldo e outros craques, trabalhou com Assunção em grande parte de sua carreira na base da confiança, sem qualquer papel assinado, e é visto como nome ideal para repetir a parceria.

Enquanto esse momento não chega, os dois curtem a atual fase e os conselhos que chegam de todos os lados. Entre eles, do próprio técnico Simeone.

"Ele sempre está ao lado dos mais novos dando apoio. Fala o que tem que fazer para ser o melhor jogador, sempre prezando pelo trabalho e a dedicação", conta Gustavo Henrique ao UOL Esporte. "Um negócio marcante que ele costuma dizer é que você pode ser o melhor do mundo, mas, se não trabalhar, não será nada", prossegue.

"É uma experiência muito boa. Qualquer atividade, pode ser até mesmo um bobinho, você aprende vendo os caras treinarem", acrescenta.

Com passagem pelo Atlético de Madri, Porto, Palmeiras, São Paulo e outros clubes, Paulo Assunção não poderia estar mais orgulhoso com a ascensão do filho.

"Para mim, foi uma alegria imensa ter jogado com o Filipe (Luis). O Filipe conheceu o Gustavo muito novo e até me ligou depois do treino para dizer que o Gustavo treinou bem. Eu disse para ele: 'você conhece o Gustavo desde pequeno, pode dar conselho, conhece faz muito tempo'. Foi legal demais. Não imaginava que seria tão rápido. Joguei com todos esses, Filipe, Godin, Juanfran e agora chega o filho do Assunção (risos)", conta Paulo Assunção.

"É o meu filho jogando com os meus amigos. Se eu tivesse seguido no futebol (N.R. possui atualmente 37 anos), dava até para ter jogado com ele", complementa.

Revelado no Palmeiras, Assunção vê até mesmo um pouco de si na desenvoltura mostrada por seu filho em campo.

"Dá para ver que o Gustavo cresceu muito como atleta, especialmente, após ser convocado para a seleção. Ele está hoje nos juvenis, que ocupam o primeiro lugar no campeonato e são chamados com frequência para o primeiro time. Ele recorda um pouco, sim, o meu estilo (risos). Faz a minha posição. No Porto, jogávamos no 4-3-3 e eu era o trinco, o cara mais recuado no meio, com Lucho (González) e Raul Meireles do lado. O Gustavo pode fazer essas outras funções também e sai mais para o jogo", analisa o ex-jogador.

"Eu me sinto mais à vontade no meio, mesmo. Desde pequeno, jogo nessa faixa do campo. É claro que também sei fazer outras posições e, se a equipe precisar, estarei sempre disponível", completa Gustavo.

Com a definição de seu futuro e a estreia pelos profissionais no horizonte, a revelação de 17 anos se acostuma com as brincadeiras dos novos 'parceiros'.

"Sempre que estou com o time principal, Tiago, Filipe e Diego Costa fazem companhia para eu me sentir mais solto. Ficam perguntando: 'cadê seu pai? (risos)", se diverte.