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Cofre cheio sustenta e River busca Pratto por protagonismo na Libertadores

Pratto está atraído pela chance de defender o River Plate em 2018 - Érico Leonan/saopaulofc.net
Pratto está atraído pela chance de defender o River Plate em 2018 Imagem: Érico Leonan/saopaulofc.net

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/01/2018 04h00

Na torcida e até dentro do São Paulo há quem ainda duvide que o River Plate tenha condições de realizar uma proposta suficiente para contratar Lucas Pratto. Essa desconfiança vem do histórico do futebol e da economia na Argentina, que tem sofrido crises políticas há quase uma década. Esse nunca foi um mercado de atrativos financeiros para os jogadores ou de loucuras para os clubes locais, mas os "Millonarios" querem mostrar que honram o apelido para montar um time protagonista em 2018, que cumpra as promessas feitas ao técnico Marcello Gallardo e seja protagonista na Copa Libertadores da América.

Os acontecimentos da última quarta-feira reforçam essa ideia. O presidente, do clube, Rodolfo D'Onofrio reuniu a imprensa para anunciar uma esperada e complicada renovação com Gallardo. E aproveitou uma das perguntas na entrevista coletiva para avisar que faria, "nas próximas horas", uma oferta para comprar Pratto. O centroavante são-paulino foi o principal pedido do treinador nas conversas para recuperar o poder de um time campeão de tudo até 2016, mas que esmoreceu com a queda na Libertadores para o Lanús e agora vê o arquirrival Boca Juniors perto do bi no Campeonato Argentino.

Marcelo Gallardo, técnico do River Plate - AFP PHOTO / Juan Mabromata - AFP PHOTO / Juan Mabromata
Marcelo Gallardo, técnico e ídolo do River Plate
Imagem: AFP PHOTO / Juan Mabromata

A postura mais exigente e crítica de Gallardo para negociar a permanência no River vem do processo de reformulação do elenco na temporada passada. E é aí que entra o poderio financeiro do clube de Buenos Aires. Foram vendidos os dois principais nomes da equipe na última janela de transferências para a Europa: os atacantes Lucas Alario, para o Bayer Leverkusen, e Sebastián Driussi, para o Zenit. Juntas, as transferências renderam ao River quase 26 milhões de euros livres - na conversão atual, quase R$ 101,5 milhões.

Para responder à limpa do mercado e amenizar as saídas durante a última Libertadores, os dirigentes argentinos buscaram reforços mais baratos - alguns sem custos - e só abriram os cofres na hora de repatriar o ídolo Enzo Pérez do Benfica, para tirar Javier Pinola do Rosario Central e para buscar a revelação uruguaia Nico de La Cruz, no Liverpool-URU. As três contratações totalizaram 8 milhões de dólares (R$ 25,7 milhões), apenas 25% do que foi arrecadado nas vendas de Driussi e Alario.

Lucas Alario - Xinhua/Alfredo Luna/TELAM - Xinhua/Alfredo Luna/TELAM
Alario era o grande nome do ataque do River e deixou lacuna no elenco
Imagem: Xinhua/Alfredo Luna/TELAM

Neste cenário, caixa para investir o River tem, como fez ao bancar 3,8 milhões de dólares (R$ 12,3 milhões) para ter o goleiro Franco Armani, destaque do Atlético Nacional. E não falta vontade para executar o mesmo com Pratto. O clube argentino fará tudo o que for possível e deixará a pressão nas mãos do centroavante e do São Paulo. Como o Tricolor já deixou claro que não gostaria de negociá-lo, caberá a Pratto se posicionar e mostrar que seu desejo é pela transferência.

Pelo contrato firmado no momento em que o São Paulo comprou Pratto do Atlético-MG, ficou estabelecido que uma proposta igual ou superior a 11 milhões de euros obrigaria o clube paulista a comprar os 45% dos direitos econômicos ainda vinculados ao Galo ou então liberar o jogador. Esse deve ser o valor base para que as conversas com o River se desenvolvam.

O contrato atual também diz que, de 2018 a 2020, e se nenhuma oferta chegar a essas cifras, o São Paulo teriam de comprar essa fatia de 45% em três parcelas de 1,5 milhão de euros até acumular 95% dos direitos de Pratto. O restante pertence aos Supermercados BH, que ajudaram os atleticanos a tirar o argentino do Vélez em 2015.

Efeito dominó

O interesse do River em Pratto em prol de um time forte na Libertadores não afeta somente o São Paulo. Os argentinos estão no Grupo 4 da competição internacional, ao lado do Flamengo, Emelec e uma quarta equipe que sairá das fases preliminares - Macará, Deportivo Táchira, Santa Fé, Santiago Wanderers e Melgar são os candidatos.