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De áudio vazado a ação na Justiça. Como Edilson deixou o Grêmio

Lateral direito trocou Porto Alegre por Belo Horizonte logo após título da Libertadores - Luiza Oliveira/UOL
Lateral direito trocou Porto Alegre por Belo Horizonte logo após título da Libertadores Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

06/01/2018 04h00

Edilson já chegou a Belo Horizonte e vestiu a camisa do Cruzeiro, mas a saída do Grêmio ainda rende. Campeão da Copa do Brasil 2016 e da Libertadores, ele soltou o verbo em um áudio vazado ao dizer que não recebeu oferta para ficar na Arena. Internamente, a postura do jogador diante da investida celeste não agradou. No meio da história ainda há uma reunião no litoral norte gaúcho e ação trabalhista sem acordo extrajudicial.

O contrato entre Grêmio e Edilson ia até maio de 2019, mas logo depois do Mundial de Clubes o jogador procurou os dirigentes para falar da oferta do Cruzeiro.

O município de Osório, no litoral gaúcho, foi palco de um encontro entre Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, e Edilson. Eles conversaram em um local público e, lá, abordaram o futuro. O lateral direito afirma que não recebeu contraproposta para ficar. Dirigentes do clube dizem que chegou a se debater uma permanência.

“Não queria em nenhum momento sair do Grêmio, mas vou te falar a real, velho. Em nenhum momento os caras fizeram esforço para que eu ficasse... Em nenhum momento os caras fizeram uma proposta para eu ficar. Isso ninguém sabe. Eles estão falando da proposta do Cruzeiro, que ela foi boa e tal. Realmente, a proposta foi boa para c... Não posso negar. Agora, eu não tive uma contraproposta para poder ficar”, disse Edilson em áudio vazado.

Em outro trecho da mensagem que viralizou, o lateral direito reclama de Odorico Roman, vice de futebol do Grêmio. Nas palavras de Edilson, o dirigente “só fala m...”. “Um dos motivos que eu saí fora foi por isso”, disse também.

“Não participei da saída do Edilson e não sei a motivação do áudio. No retorno dos Emirados, o Edilson foi de carro até Osório conversar com o presidente e apresentar a proposta do Cruzeiro. E foi embora. É isso que eu posso dizer. Se me afeta? Acho que afeta mais a ele. Ele foi um jogador importante nas conquistas que tivemos, mas tenho recebido mais manifestações de apoio, sempre recebi, mas diante desse episódio tenho recebido muito mais ainda”, afirmou Roman.

Liderança afirmada

Edilson voltou ao Grêmio antes de Renato reassumir o time. Chegou a Porto Alegre com a faixa de campeão brasileiro, conquistada com o Corinthians, e com moral. Ganhou apoio no vestiário e rapidamente passou a ser uma das vozes do grupo. Tomou para si o papel de dialogar com os dirigentes e, depois, reencontrou um velho conhecido.

Ele e Renato haviam trabalhado em 2010 e 2011 no Tricolor. A relação antiga voltou à tona e o contato diário aumentou a boa convivência. Ao longo do ano, os dois foram importantes em episódios internos do vestiário. Perante a torcida, o lateral ganhou ainda mais pontos ao provocar o Inter com a bandeira de escanteio em pleno Beira-Rio, em resposta à valsa dançada por Eduardo Sasha durante final do Gauchão de 2016.

Demanda na Justiça

Edilson voltou ao Grêmio na metade de 2016, egresso do Corinthians, mas não retirou uma ação trabalhista por conta de sua primeira passagem pelo Tricolor. O lateral atuou no clube entre 2010 e 2011 e foi aos tribunais cobrar direitos que alega não ter recebido.

Ao longo de 2017, o Grêmio tentou propor acordo para quitação da causa. A oferta foi de pagamento parcelado de cerca de R$ 1,1 milhão, mas o jogador recusou. A postura dele diante do caso, e também na negociação de prêmios do elenco com os dirigentes, foi definida como ‘difícil’. O grupo de jogadores tinha o camisa 2 como um de seus líderes, ao lado de outros cinco nomes.

Desempenho em 2017

Titular absoluto, Edilson marcou um dos gols diante do Barcelona-EQU no jogo de ida da semifinal da Libertadores. Ajudou o time a conquistar o torneio e, um ano antes, também teve papel importante na campanha que tirou o clube da fila após 15 anos.

Só que em 2017, especialmente, o desempenho físico ficou abaixo do esperado, segundo vozes do clube. Depois de realizar artroscopia na virada de 2016, Edilson teve lesão muscular na panturrilha e demorou a iniciar o ano. Fechou a temporada com 38 partidas pelo Tricolor. O clube jogou 79 vezes e teve Kannemann e Everton como aqueles que mais atuaram.