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Corintiano mais caro de 2018, Juninho só tem 27 jogos e não é especialista

Juninho Capixaba - Divulgação/Bahia  - Divulgação/Bahia
Juninho Capixaba é novo lateral corintiano
Imagem: Divulgação/Bahia

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

10/01/2018 04h00

Único dos reforços do Corinthians até hoje confirmados a chegar com status de titular, Juninho Capixaba apresentará suas credenciais aos torcedores na noite desta quarta-feira (10), pela Flórida Cup, contra o PSV Eindhoven-HOL. Adquirido do Bahia por R$ 6 milhões, mais a cessão do goleiro Douglas, o lateral esquerdo que substitui Guilherme Arana para a temporada 2018 terá de lidar com desafios importantes pelo novo clube a partir das 22h (de Brasília).

O principal deles, aparentemente, diz respeito à baixa rodagem. Adquirido com a missão de ser titular do Corinthians na próxima Copa Libertadores, Juninho tem somente 27 jogos como profissional, sendo 24 no ano passado, quando se consolidou no Bahia.

Das 19 rodadas do returno, Juninho Capixaba foi titular em 16 e passou a atrair o interesse de outras equipes grandes, como Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e Corinthians, que fizeram sondagens iniciais por ele. Entre esses jogos, Juninho se destacou em um deles, justamente contra o time de Fábio Carille, derrotado por 2 a 0 pelo Bahia em Salvador. A partir disso, a direção corintiana definiu que ele era um dos alvos para a saída iminente de Arana.

Antes, porém, o jogador sofreu com a resistência de Guto Ferreira, que retornou recentemente ao Bahia e dirigiu o clube em 2016 e 2017. O treinador foi contrário à promoção do jovem no início da temporada passada, mesmo com seu destaque como vice-campeão da Copa do Brasil Sub-20, e solicitou a contratação de Matheus Reis ao São Paulo. As oportunidades e a afirmação só vieram com Preto Casagrande e depois Paulo César Carpegiani, sucessores de Guto.

A adaptação de Juninho para a lateral

Juninho treina bola parada em primeiras atividades no Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Juninho treina bola parada em primeiras atividades no Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Além da baixa rodagem como profissional, há um novo ponto que também desafia Juninho Capixaba. Depois de atuar como meia por juvenis e infantis do Bahia, ele foi adaptado à posição de lateral em 2015, a partir de quando deslanchou nos juniores. As avaliações desse período de formação, porém, eram de que Juninho precisava ser melhor lapidado para atuar como um camisa 6 legítimo.

Entre as dificuldades estava a parte física, mais exigida para um lateral que para um meia, posição anterior de Juninho. Para ser mais resistente e percorrer distâncias longas dentro dos jogos, ele foi submetido a um trabalho especial de condicionamento. A adaptação também envolveu aspectos táticos, como a necessidade de atacar mais pelas beiradas, ir com a bola até a linha de fundo e também fazer as coberturas necessárias para um defensor.

Nas análises da comissão técnica corintiana, essas dificuldades foram citadas para definir Juninho Capixaba como um jogador ainda em formação, que não estava totalmente pronto para assumir titularidade em temporada de Copa Libertadores. Com o jovem Guilherme Romão como principal sombra no momento - também tem 20 anos, Juninho já vai estrear pela primeira equipe nesta quarta, com atenção especial de Carille aos aspectos de entendimento defensivo e adaptação ao modelo de jogo do Corinthians.

O peso dos valores em reforços do Corinthians

Por conta dos aspectos citados nas linhas acima, a prioridade do Corinthians era adquirir um jogador experiente, que seria o brasileiro Danilo Avelar, 29 anos. A falta de acordo com Amiens-FRA e Torino-ITA, porém, fizeram a chegada de Avelar ser abortada e deixaram Juninho como o titular inicial. Os valores e esforços depositados pela direção do clube no negócio, que teve alta complexidade e uma série de reuniões entre as partes, mostram ainda assim a expectativa sobre Capixaba.

Nos últimos anos, ao menos, chegar ao Corinthians por valores elevados é fator de cobrança extra e pouca paciência de torcedores, um cenário que já atingiu nomes como Marquinhos Gabriel, Guilherme e Giovanni Augusto, por exemplo. O melhor exemplo para Capixaba mirar é o de Gabriel Girotto, reforço mais caro da temporada passada e que, além de assumir a posição com personalidade, não deu brecha para concorrentes.

Em defesa da operação realizada com o Bahia, o Corinthians argumenta ainda que os salários de Juninho Capixaba devem ficar bem distantes dos jogadores mais bem pagos do elenco campeão brasileiro no ano passado, o que equilibra a balança em relação aos R$ 6 milhões investidos. Para se ter uma ideia, até a transferência ser selada, os vencimentos dele, uma das revelações da última Série A, eram de R$ 10 mil mensais, abaixo até mesmo de promessas das divisões de base corintianas.