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Com a cúpula na Flórida, Flu fica sem comando em meio à crise no futebol

Marcus Vinicius Freire e Pedro Abad estão nos EUA enquanto Flu ferve com processos - Nelson Perez/Fluminense
Marcus Vinicius Freire e Pedro Abad estão nos EUA enquanto Flu ferve com processos Imagem: Nelson Perez/Fluminense

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/01/2018 04h00

Muito longe de estar vivendo um mundo de sonhos, o Fluminense está em Orlando (EUA), local escolhido para a pré-temporada do clube e casa da Disney, o parque de diversões mais famoso do mundo. Só que a realidade do clube não é nada divertida para os que ficaram por aqui com a incumbência de descascar inúmeros abacaxis decorrentes da barca de dispensados e do imbróglio envolvendo Gustavo Scarpa, que obteve liminar e conseguiu a rescisão unilateral com o Flu.

Membros da delegação tricolor, o presidente Pedro Abad e o CEO Marcus Vinicius Freire delegaram a responsabilidade para uma trinca de vice-presidentes amadores, mas Ronaldo Barcellos (vice comercial), Diogo Bueno (finanças) e Miguel Pachá (jurídico) têm de administrar suas agendas pessoais com a responsabilidade de resolver graves problemas do Flu, o que dificulta a resolução de questões. “Pai” da ideia da barca de dispensas, Bueno está de férias em seu trabalho e viajou com a família. Pachá, por sua vez, já voou [por conta própria] para acompanhar a Florida Cup, mas estes dias de descanso já estavam agendados bem antes de assumir compromissos com o Tricolor. 

A presença de Freire nos Estados Unidos é questionada nas Laranjeiras. Contratado para comandar o barco, o executivo está longe justamente em uma hora que o clube precisa de direção. Um caso recente emblemático envolveu o zagueiro Henrique. Os vices asseguraram para os integrantes do departamento de futebol que o caso estava encerrado. Esqueceram, no entanto, de colocar tudo no papel, confiando apenas em um acordo "de boca". Irritados, os representantes do ex-capitão entraram com ação judicial cobrando atrasados do Flu.

Além do fato que envolveu o futuro jogador do Corinthians, a ausência de uma “autoridade” também desagradou os interlocutores de Diego Cavalieri, outro que acionou o Tricolor judicialmente. No conturbado bastidor do clube, o que mais se escuta é que estão todos “batendo cabeça”.

Em meio a toda esta confusão, alguns profissionais tricolores têm de acumular tarefas que, a princípio, não deveriam ser deles. Diretor esportivo da base, Marcelo Teixeira tem auxiliado nas conversas com possíveis reforços. Marcelo Penha, assessor da presidência, também ajuda. Os dois, inclusive, foram os responsáveis por comunicar o desligamento dos oito jogadores, em dezembro de 2017. Empossado na vice-presidência de futebol em 14 de dezembro, Fabiano Camargo tem cuidado de assuntos tratados internamente como “estratégicos”. Procurada, a assessoria de imprensa do clube disse que não comentaria o assunto.

Não bastasse o caos institucional, a política ferve no clube. Na última sexta-feira, um grupo de dez conselheiros publicou, no diário “Lance!”, uma carta em desagravo à gestão. Ex-correligionários de Abad, os tricolores bateram forte no que chamaram de “despreparo para gestão” e pediram a destituição de toda a cúpula de futebol. Em um movimento contrário, o vice-presidente Cacá Cardoso promoverá, no próximo sábado, um almoço que reunirá pessoas alinhadas ao presidente. 

Após a partida contra o PSV, o Flu ainda tem um último compromisso na Florida Cup. Na segunda-feira, a equipe de Abel Braga enfrenta o Barcelona (EQU), às 19h, em Orlando.