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Por que Mourinho e sua família são obcecados e "batem ponto" no Nordeste

AFP PHOTO / JUSTIN TALLIS
Imagem: AFP PHOTO / JUSTIN TALLIS

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (POR)

16/01/2018 04h00

“O campeonato só termina em maio. Se as coisas já estivessem resolvidas, ia de férias para o Brasil ou Los Angeles”, provocou José Mourinho, em entrevista coletiva recente.

A presença do Brasil como possível destino de descanso ao negar que o Manchester United estava fora da briga pelo título inglês não se dá por acaso na resposta do técnico. Mourinho e sua família nunca esconderam a predileção pelo litoral do Nordeste e costumam visitá-lo ano após ano, em especial, Muro Alto, famosa praia da costa pernambucana que chama a atenção por um imenso paredão de pedra e, claro, pelos resorts que a circundam.

Os Mourinhos ‘batem ponto’, sobretudo, em um deles, o Nannai Resort & Spa, que frequentam há pelo menos dez anos.

Conforme o UOL Esporte apurou, foram ao menos duas passagens ao longo de 2017, incluindo o último Réveillon, com a presença de seus filhos Matilde Faria e José Mário e seus respectivos parceiros. Antes disso, no meio do ano, Tami, a esposa do Special One, como é popularmente conhecido, já havia viajado ao lado de Matilde para comemorar o seu aniversário no local.

Em nenhuma dessas ocasiões, Zé, como é chamado pelos mais próximos, pôde estar presente, devido a compromissos profissionais. Ele é figura carimbada, no entanto, nas praias brasileiras e já foi flagrado em Pernambuco e Bahia em mais de uma ocasião.

 

9AM: "Can you wear the pink shorts? I wanna take a cute picture and they go well with my bikini"

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A suposta sisudez nem sempre se mostrou lenda.

Em uma dessas oportunidades, ao não conseguir disfarçar a impaciência com o assédio por fotos e autógrafos, chegou a responder que somente poderia posar para câmera com autorização de seus advogados. A negativa é descrita por quem esteve próximo como sendo algo raro em seu comportamento, que em nada recorda a postura combativa e que flerta com a arrogância em suas entrevistas.

É como se estivesse desarmado e deixasse à mostra até mesmo a cicatriz que carrega no rosto e passa imperceptível no dia a dia.

A preferência por Muro Alto passa, sobretudo, por ser ‘praticamente de casa’, estar ambientado aos funcionários e a convicção de que não terão a privacidade invadida na praia situada a 9km de Porto de Galinhas e 54km do Recife, em diárias que não costumam sair por menos de R$ 1 mil. Mourinho se sente tão à vontade no lugar que pode ser visto jogando futebol com o filho José Mário, que atuou como goleiro pelo Fulham, e os demais hóspedes. Entre uma pausa e outra, sobra tempo para o queijo coalho, um de seus petiscos prediletos.

A relação entre Mou e o Brasil é antiga. Nem sempre, contudo, o país foi visto pelo treinador de 54 anos como um destino para férias e, enfim, se desligar do estresse inerente à sua função.

Quando ainda não havia conquistado a fama que carrega hoje, faturava milhões e ‘brigava’ contra os orçamentos modestos de seus clubes, ele desembarcava quase sempre atrás de atletas a um custo baixo. Em entrevista à emissora britânica BBC, Mourinho contou que veio ao Brasil “para encontrar jogadores por amendoins e bananas, sem dinheiro” em 2001, por exemplo.

 

 

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Como um completo desconhecido, acompanhou a Flamengo e Volta Redonda, pela Taça Guanabara, no Maracanã, e se encantou pelo atacante Maciel, que contratou para a sua equipe, o União Leiria, e depois levou para o Porto.

Entre outros lugares, o português também viu o Sport jogar e fechou com o centroavante Jaques, gostou de Derlei no Madureira e foi à Rua Javari para assistir à partida do Juventus na Mooca, tradicional bairro italiano de São Paulo.

Hoje no United, Mourinho não precisa mais se submeter a essa mesma ‘peregrinação’ pelos estádios brasileiros atrás de reforços. Pode se refugiar em um resort e deixar, ao menos temporariamente, Antonio Conte, do Chelsea, e outros desafetos de lado.