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Old Trafford decorado e carta de ídolo: United lembra 60 anos de desastre

Caio Carrieri/Colaboração para o UOL
Imagem: Caio Carrieri/Colaboração para o UOL

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (ING)

06/02/2018 04h00

As bandeiras a meio mastro indicam o ambiente de luto. Uma decoração especial lembra os protagonistas da geração promissora cuja vida foi tragicamente abreviada. Flores espalhadas ao redor do estádio de apelido Teatro dos Sonhos lembram o pior pesadelo do time de futebol mais vitorioso do futebol inglês. Nesta terça-feira (6) faz 60 anos do desastre aéreo em Munique que marcou a história do Manchester United, e o gigante relembra, seis décadas depois, a tragédia que até hoje tem impacto no ambiente do clube.

Relógio - Caio Carrieri/Colaboração para o UOL - Caio Carrieri/Colaboração para o UOL
Imagem: Caio Carrieri/Colaboração para o UOL
Às 15h04 do dia 6 de fevereiro de 1958, a aeronave do voo 609, da British European Airways, caiu na terceira tentativa de decolagem na Baviera. A aeronave tinha parado na Alemanha para abastecer. Na noite anterior, o United havia assegurado classificação para a semifinal da Copa dos Campeões da Europa (atual Liga dos Campeões) ao empatar por 3 a 3 com o Estrela Vermelha, em Belgrado, e avançar pelo placar agregado de 5 a 4. Dos 38 passageiros, 23 morreram. Oito deles, jogadores, além de três membros do estafe do clube, oito jornalistas, dois funcionário de tripulação, um torcedor e um agente de viagem.

Para homenagear as vítimas, o Manchester United alterou a decoração da fachada de Old Trafford e do tradicional pátio à frente dos portões de entrada que atraem milhares de turistas anualmente - muitos deles asiáticos. Uma das laterais envidraçadas ganhou o desenho do relógio de Munique que indica o horário do acidente. A novidade aparece bem acima da estátua de Matt Busby, lendário treinador escocês que comandou o jovem grupo de jogadores conhecido como “Busby Babes” (Os Bebês de Busby) bicampeão inglês em 1955/56 e 1956/57. O técnico sobreviveu à tragédia e liderou a reconstrução do elenco que, passados dez anos da fatalidade, levou o United ao primeiro título da Copa dos Campeões da Europa, em final com o Benfica, em Wembley.

Na área à frente da escultura de Busby, fotos em preto e branco das vítimas substituem momentaneamente as imagens de grandes ídolos dos Diabos Vermelhos, como Eric Cantona, Ryan Giggs e Roy Keane, entre outros. Neste mesmo espaço fica a icônica peça, em tamanho real, do trio George Best, Denis Law e Bobby Charlton.

Fachada - Caio Carrieri/Colaboração para o UOL - Caio Carrieri/Colaboração para o UOL
Imagem: Caio Carrieri/Colaboração para o UOL
Maior jogador da história do clube e campeão da Copa de 1966, Charlton é um dos dois últimos sobreviventes do episódio em Munique - e frequentador assíduo dos jogos em Old Trafford, onde seu nome batiza um dos setores das cadeiras. Às vésperas do aniversário do acontecimento, ele escreveu uma carta de próprio punho para o atual elenco.

"Palavras não conseguem descrever os efeitos devastadores que este desastre causou no clube e nas vidas das pessoas afetadas", diz um trecho da mensagem. "As sequelas ainda existem, e este clube do qual vocês fazem parte se reergueu do seu momento mais sombrio".

Placa - Caio Carrieri/Colaboação para o UOL - Caio Carrieri/Colaboação para o UOL
Imagem: Caio Carrieri/Colaboação para o UOL
Charlton e o ex-goleiro norte-irlandês Harry Gregg, o outro remanescente, estarão presentes no estádio nesta terça em um evento de tributo programado para as 15h04 (horário local). O técnico José Mourinho, o ex-comandante Alex Ferguson e o capitão Michael Carrick também comparecerão para prestar as devidas homenagens. No último sábado, foi respeitado um minuto de silêncio antes da vitória por 2 a 0 sobre o Huddersfield Town, no Teatro dos Sonhos, pela Premier League, da qual a equipe é vice-líder 13 pontos atrás do Manchester City a 12 rodadas do fim.

No setor leste de Old Trafford, um mural permanente com o nome das vidas perdidas e um memorial com imagens daquele time ilustram o denominado Túnel de Munique, cujas ilustrações incluem uma frase emblemática sobre a reestruturação pela qual o Manchester United passou nas mãos de Matt Busby após o desastre.

“Antes da tragédia em Munique, o clube pertencia a Manchester, mas depois o Manchester United capturou a imaginação de todo o mundo”.