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Goleiro ex-Palmeiras relata drama da filha em escola do massacre na Flórida

Goleiro Bruno mora nos EUA, onde atuou pelo Strikers - Arquivo Pessoal
Goleiro Bruno mora nos EUA, onde atuou pelo Strikers Imagem: Arquivo Pessoal

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

15/02/2018 14h21

O goleiro Bruno Cardoso, que defendeu o Palmeiras até 2015, passou por um grande susto nos Estados Unidos, onde mora atualmente. A filha do jogador, Maria Fernanda, de 15 anos, estuda na Escola Secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida, que sofreu um massacre na última quarta-feira. Ela estava no local na hora dos disparos e viveu momentos de terror.

Bruno relata que os tiros dados pelo atirador que entrou na escola e matou 17 pessoas aconteceram justamente no prédio dos calouros da escola, onde Maria Fernanda estuda. Por sorte, ela tinha aulas em outro prédio no momento do crime.

Bruno, ex-goleiro do Palmeiras, hoje mora nos Estados Unidos - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

"O que ela relatou é que os alunos tiveram um treinamento de incêndio de manhã. Fizeram o treinamento e voltaram para a aula. Mas na aula do período da tarde, ouviram o alarme de incêndio novamente, acharam estranho e começaram a sair da sala. Quando começaram a sair, ouviram tiros".

Bruno conta ainda que, felizmente, as escolas são preparadas para esse tipo de situação porque fazem treinamentos periodicamente. Por isso, já sabiam os procedimentos a serem adotados. Ainda assim, Maria Fernanda permaneceu trancada na sala por horas até conseguir o resgate.

"Ela conseguiu voltar rápido para a sala e eles já sabiam o que fazer. São vários procedimentos, as portas não abrem pelo lado de fora e eles esperam a polícia. Mas ficaram trancados por mais de 3 horas até um policial entrar na sala e fazer uma vistoria. Mas ainda assim não foram liberados. Os policiais ficaram aguardando na sala dela por mais uns 40 minutos até ela ser liberada", relata. "Ela ficou nervosa na hora. Na verdade, ninguém esperava ouvir uma sequência de tiros".

14.fev.2018 - Pessoas são retiradas do prédio do colégio Marjory Stoneman Douglas após tiroteio que deixou mortos e feridos - Joe Raedle/Getty Images/AFP - Joe Raedle/Getty Images/AFP
Imagem: Joe Raedle/Getty Images/AFP

Maria Fernanda ainda está abalada, mas conseguiu dormir durante a noite. A família acordou por volta de 10h da manhã na Flórida, 3 horas a menos no Brasil. Eles ainda aguardam notícias das vítimas.

"A gente ainda não sabe, ainda não vimos a lista. Ela acabou de acordar, mas pelas notícias que tivemos e pelo que ela entendeu, o professor de geografia se jogou na frente dos alunos para protege-los, acabou levando um tiro e morrendo", conta ele.

Bruno soube do episódio porque seu filho mais novo, João Pedro, de 12 anos, estuda na escola ao lado da Marjory Stoneman Douglas e telefonou para o pai contando o acontecido. João também ficou trancado na escola por causa dos procedimentos de segurança.

O goleiro ficou preocupado até conseguir se comunicar com Maria Fernanda e saber que ela estava bem. "Na hora, fiquei assustado, mas a minha esposa ficou muito mais. Eu precisava ficar calmo por ela. Foi muito tenso por um período de 20 minutos, até conseguir uma comunicação com a minha filha. Quando ela disse 'estamos trancados na sala, mas estou bem', consegui ficar mais tranquilo. Fomos mantendo contato e acompanhando as notícias".

Por ironia, Bruno deixou o Brasil para viver com a família nos Estados Unidos e um dos fatores que o motivou foi justamente a segurança. "É uma coisa que a gente, infelizmente, sabe que aqui nos EUA acontece bastante. Só neste ano, foram 18 casos desses problemas nas escolas no país desde janeiro. Quando viemos, sabíamos de todas as coisas boas que teríamos, mas também sabíamos que é um lado negativo que acontece. Graças a Deus, nada aconteceu. Mas é algo que a gente não espera que vá acontecer com a gente. Onde a gente mora é uma região super boa, uma das melhores da Flórida, nunca espera".

Bruno e a família agora aguardam as orientações do governo norte-americano. A polícia ainda apura o caso e a escola está sem aulas por tempo indeterminado. A instituição de ensino que João Pedro estuda já voltou às atividades normalmente, mas o aluno que não comparecer não terá a falta computada. Eles também disponibilizam psicólogos para atender as famílias.

Apesar do drama vivido, Bruno não pensa em voltar ao Brasil e quer permanecer em terras norte-americanas. O último time do goleiro foi o Strikers, mas a equipe faliu e ele ficou sem equipe. Agora, espera conseguir o Green Card para fechar com uma nova equipe. Nesse período, ele conseguiu tirar uma licença para ser preparador de goleiro, dá aulas e treinos para um time Sub-17.