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Santos deve demitir todos os médicos; atletas defendem psicóloga

Rodrigo Zogaib chefia o departamento médico do Santos, mas não deve permanecer - Divulgação/SantosFC
Rodrigo Zogaib chefia o departamento médico do Santos, mas não deve permanecer Imagem: Divulgação/SantosFC

Ricardo Perrone e Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

08/03/2018 04h00

O Santos deve demitir todos os médicos do seu departamento de futebol profissional até o fim desta semana. Rodrigo Zogaib, Maurício Zenaide e Ricardo Nobre devem ser desligados do clube, em uma crise que atinge também fisioterapeutas - dois deles estão na lista de demissões. Uma psicóloga, defendida pelos jogadores, apareceu na relação mas ainda pode ser mantida, segundo o presidente do clube, José Carlos Peres.

O UOL Esporte apurou que a diretoria santista está insatisfeita com a relação dos médicos com as categorias de base. Na visão deles, o trio não dá a atenção que as “promessas” do clube deveriam receber.

Além disso, a cúpula alvinegra alega que existe falta de comprometimento no departamento médico. Dirigentes reclamam que alguns deles não comparecem ao clube como deveriam, tanto em relação aos treinos como aos jogos. Rodrigo Zogaib, por exemplo, o médico principal, teria trabalhado em apenas dois jogos nesta temporada, um na Vila Belmiro e outro em Campinas.

Médicos - Divulgação/SantosFC - Divulgação/SantosFC
Imagem: Divulgação/SantosFC

“Não lembro direito agora em quantos jogos trabalhei neste ano, acho que foram três. Mas todos os médicos fazem a mesma carga horária, ninguém trabalha menos do que ninguém. Só que temos uma escala de trabalho e dividimos os jogos”, disse Zogaib ao UOL. Ele afirmou não ter sido informado sobre a tendência de demissões no departamento.

O clube paulista já tem nomes para tocar o departamento, conforme apurou a reportagem. Carlo Alba, ortopedista, especialista em cirurgias de joelho e sócio de Zogaib, está cotado para comandar o departamento médico. Jorge Merouço, que trabalha nas categorias de base do Santos, deverá ser promovido ao profissional.

A diretoria santista alega que o caso Bruno Henrique não interferiu na decisão de promover mudanças na área médica. Os cartolas ressaltam que a lesão no olho direito de Bruno Henrique é um “caso especial” e tem acompanhamento de oftalmologistas de São Paulo, especialistas sobre o assunto.

Porém um integrante do comitê gestor do Santos e duas fontes com trânsito na diretoria afirmam que o presidente José Carlos Peres citou a insatisfação com a condução da recuperação do jogador ao anunciar uma das demissões na reunião do Comitê de Gestão do clube, na última segunda. O dirigente nega a informação. Ele confirma haver previsão de cortes no departamento médico, mas afirma ser parte de um plano de integração entre as categorias de base e o futebol profissional. O dirigente argumenta ainda que todas as áreas estão sofrendo cortes por conta de ajustes financeiros.

Na última terça, Peres negou que já tivesse demitido dois fisioterapeutas e uma psicóloga. Ao ser confrontado com um e-mail de posse da reportagem no qual as demissões são informadas a outros funcionários, o dirigente disse que quem vazou o documento cometeu um crime. E afirmou que o nome da psicóloga Juliane Jellmayer Fechio apareceu na relação por conta de um equívoco. Ele não contestou os outros dois cortes.

De acordo com pessoas ligadas à diretoria, no entanto, a decisão de manter a psicóloga foi tomada após pedido do elenco. David Braz, que teria conversado com o dirigente para evitar o afastamento da funcionária, não atendeu ao telefone e nem respondeu à mensagem enviada para seu celular sobre o assunto até a publicação desta reportagem. Peres disse que não conversou com jogadores sobre a psicóloga.

O nome de Julliane aparece num e-mail que tem como título “desligamento de funcionários” e foi enviado a outros profissionais do clube por Sônia Bardi, responsável pela gerência administrativa.

“Prezados, comunicamos que os funcionários abaixo listados não pertencem mais ao quadro de funcionários do Santos FC a partir desta data: Julliane Jellmayer Fechio, Antonio Lucas Pierin e Diego Queiroz Guietti”. Os dois últimos são fisioterapeutas.