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'Guardian' critica '2 pesos, 2 medidas' de Guardiola sobre direitos humanos

Guardiola usa fita amarela em protesto contra a prisão de separatistas catalães - Hannah McKay/Reuters
Guardiola usa fita amarela em protesto contra a prisão de separatistas catalães Imagem: Hannah McKay/Reuters

Do UOL, em São Paulo

11/03/2018 16h57

O jornalista David Conn, colunista do britânico “The Guardian”, criticou, em um artigo publicado neste domingo (11), o treinador Pep Guardiola, do Manchester City, por ter “dois pesos, duas medidas” ao se posicionar politicamente em assuntos ligados aos direitos humanos.

Para o articulista inglês, o espanhol se contradiz ao denunciar a prisão dos líderes da independência da Catalunha, enquanto se cala ao não comentar abusos aos direitos humanos nos Emirados Árabes Unidos. O proprietário do City, Mansour bin Zayed Al Nahyan, é integrante do grupo que governa o país.

Guardiola tem aparecido usando um broche com uma fita amarela em partidas do clube de Manchester como forma de prestar solidariedade aos líderes da Catalunha que foram presos. Eles foram detidos após tentar emancipar a região do resto da Espanha em novembro do ano passado.

A Anistia Internacional e outras entidades de defesa dos direitos humanos denunciam, há alguns anos, prisões arbitrárias de pessoas nos Emirados Árabes por tomar posições inconvenientes à monarquia governada por Khalifa bin Zayid Al Nahyan. Entre eles, a detenção, em agosto de 2016, do defensor de direitos humanos Ahmed Mansoor’s.

Questionado por jornalistas sobre as razões de falar de um assunto e de outro não, o treinador espanhol afirmou que “cada país pode decidir o modo como quer viver”. “Se ele decidir viver de uma forma, é o que é. Eu sou de um país [Espanha] onde a democracia existe há muitos anos e tento protegê-la”, complementou.

De acordo com o colunista do “Guardian”, a resposta do treinador espanhol sugere que, para ele, proteger a liberdade de expressão em um país que já é democrático vale mais do que defendê-la nos Emirados Árabes ou outros países onde muitas vozes são caladas lutando pela democracia.

“Se Guardiola, que recebe em torno de R$ 54 milhões anuais dos donos do Manchester City para fazer acontecer mágicas no campo de futebol, insistisse em proteger os direitos humanos, ele deveria ser consistente, não cair em falsas distinções e dar desculpas esfarrapadas”, escreveu o jornalista David Conn.