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Esquema, estilo, "teimosia" e voz a Jardine: o que esperar de Aguirre no SP

Diego Aguirre tem 52 anos e contrato com o São Paulo até dezembro - Ale Cabral/AGIF
Diego Aguirre tem 52 anos e contrato com o São Paulo até dezembro Imagem: Ale Cabral/AGIF

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

13/03/2018 04h00

Diego Aguirre dificilmente estreará pelo São Paulo já nesta quarta-feira, às 19h30, contra o CRB. O uruguaio corre para regularizar seu visto de trabalho, enquanto André Jardine prepara o time para o jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil. Mas o torcedor do Tricolor anseia para saber como a equipe passará a jogar, depois de tantas críticas a Dorival Júnior.

Para quem espera uma ruptura grande no estilo de jogo, é melhor baixar as expectativas. E isso não significa algo negativo. A diretoria do São Paulo mostra preocupação em manter uma linha de trabalho e enxerga Rogério Ceni, Dorival Júnior e Aguirre conectados, de certa forma. Os três - o uruguaio mostrou isso principalmente na passagem pelo San Lorenzo - apreciam uma saída de bola pelo chão, de qualidade, sem apelar para chutões ou lançamentos forçados para o ataque. Explorar jogadas laterais e de linha de fundo também são pontos em comum.

As diferenças em relação a Dorival estão basicamente na intensidade. Aguirre prefere um time mais agudo, direto, que conclua os lances ofensivos com rapidez para tentar pegar as defesas desatentas. Um estilo baseado na agressividade. Seu antecessor no Morumbi preferia a paciência, o toque de bola, para que os rivais se abrissem e o ataque fosse feito com mais precisão. Esse método não encaixou tão bem assim no Tricolor, que passou sete meses sem conseguir fazer três gols em uma partida.

No San Lorenzo, porém, esse ideal de um jogo mais bonito durou pouco. Aguirre conseguiu fazer com que o time chegasse a liderar o Campeonato Argentino, mas foi ultrapassado pelo Boca Juniors, que ganhou a edição de 2016/2017 e segue na primeira colocação há mais de 400 dias. A equipe de Aguirre foi caindo de rendimento, o técnico recebeu críticas por não tentar novas alternativas de jogo e passou a insistir em um jogo mais tático, de segurança. Por isso, teve o trabalho comparado ao de Edgardo Bauza: um time competitivo, de força, bem posicionado em campo, mas com pouco repertório criativo.

O uruguaio usou, na maior parte do tempo, o esquema 4-1-4-1. A princípio, apostava em três volantes de marcação, um ponta de velocidade e um atacante mais finalizador no outro lado no grupo de cinco na zona central do gramado. Para deixar a equipe menos engessada, trocou um dos volantes por um meia. Ainda assim, não conseguiu retomar a boa fase, com raras boas atuações no último semestre. Houve um entendimento no San Lorenzo de que o ciclo do treinador já estava terminando e que o mesmo acontece com atletas que estão há muitos anos no clube, já sem muitas ambições. O projeto se esgotou.

Ainda assim, o São Paulo acredita que as boas referências foram muito mais incisivas e adequadas ao que o Tricolor busca. Jogadores que já trabalharam com Aguirre, mesmo que já não estejam no Morumbi, referendaram o treinador. Até mesmo o agora auxiliar fixo da comissão técnica, André Jardine, respaldou o novo chefe, por acreditar que tenham ideias compatíveis. Nos primeiros contatos da dupla, inclusive, o uruguaio mostrou que dará toda abertura para o assistente ter voz ativa com a equipe.