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Sem jogar, fora de treinos e rixa com diretor: como Ganso está no Sevilla

Aitor Alcalde Colomer/Getty Images
Imagem: Aitor Alcalde Colomer/Getty Images

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (POR)

03/04/2018 04h00

No trecho que separa o vestiário de um dos campos principais do CT do Sevilla, o caminho não impressiona: é quase todo ele cimentado, com a sua pintura praticamente apagada e rodeado por uma parte de cascalho que dá a impressão de obra inacabada.

É por esse acesso que os espanhóis cruzam diariamente para treinar e se preparar para os seus desafios. Mas um jogador não tem feito parte deste grupo. Cortado da Liga dos Campeões e fora até dos treinamentos, Paulo Henrique Ganso vive um calvário no clube.

Para quem acompanha o dia a dia do Sevilla, a sensação que se tem é a de que Ganso não faz mais parte do clube. E isso tem pouco ou nada a ver com a sua ausência em campo nos últimos três meses: ele não atua desde a derrota para a Real Sociedad, em 20 de dezembro. O meia não foi relacionado pelo técnico Vincenzo Montella nem sequer uma vez desde a sua chegada a Nervión e atravessa um total ostracismo.

Esse cenário tem como base, na verdade, um detalhe: o atleta de 28 anos praticamente não trabalha mais com o time principal. Faz tempo que ele não cruza caminho de cascalho ao lado de seus companheiros. Tem sido assim pelo menos desde meados de março.

A sua rotina se resume a cumprir sessões de musculação, longe das câmeras e da maior parte dos colegas.

Ganso treina quando quer

Conforme pessoas ouvidas pelo UOL Esporte, é como se Ganso treinasse hoje apenas quando quer. Se Montella não conta com ele, o Sevilla também não o pressiona e o deixa à vontade para fazer os seus trabalhos como preferir. O seu ‘sumiço’ dos treinos vem desde o início de fevereiro, quando foi autorizado a não comparecer após a retirada de seu nome da lista da Champions. A comissão técnica nem mesmo o menciona mais em entrevistas e o trata como alternativa.

O auxiliar Enzo Maresca foi o último a abordar o seu caso, após o fechamento da janela de transferências, admitindo o desânimo do brasileiro, mas negando que ele tivesse cruzado os braços com a situação.

“Digamos que, enquanto o mercado está aberto, você sempre sabe que o jogador fica... Não digo com vontade, mas tem a tentação de poder se transferir. Mas isso era até o dia 31 (de janeiro), uma situação um pouco geral, porém, agora o mercado está fechado, então, quando o treinador acredite ser oportuno, voltará a convocá-lo ou não voltará, é uma decisão técnica a partir do trabalho de todos os dias”, afirmou Maresca.

“Logo, se ele cruzou os braços ou não, não creio que tenha cruzado. Essas são situações em que talvez esteja com a moral baixa, mas, pouco a pouco, com trabalho, tudo pode se recuperar”, completou na ocasião.

“Rachado” com a direção

A surpreendente vaga na Liga dos Campeões contra Manchester United, em Old Trafford, fortaleceu Montella, criticado pelo desempenho no Espanhol, e aliviou a pressão sobre o diretor de futebol Óscar Arias, que vinha balançando no cargo. Ele é contestado por seus investimentos no mercado, especialmente, o colombiano Luis Muriel, que custou 20 milhões de euros.

Para o entorno de Ganso, Arias é o responsável pelo ostracismo do ex-são-paulino. Ainda que tenha se manifestado publicamente a favor de uma solução, o cartola é acusado de trabalhar contra o meio-campista.

Ele foi o encarregado de escutar a proposta de rescisão de contrato feita pelo jogador por meio de seu agente Giuseppe Dioguardi e nem mesmo se preocupou em respondê-la de modo formal. Os números apresentados e a suposta economia de 12 milhões de euros até o fim do contrato não seduziram o Sevilla a liberar Ganso de seu vínculo no Sánchez Pizjuán.

Procurado pelo UOL Esporte, Arias preferiu não falar sobre o assunto.

Desde o fim de 2017, conforme revelado pela reportagem, o nome do meia já esteve na pauta de Real Sociedad, Celta de Vigo e Deportivo La Coruña na Espanha, do Besiktas na Turquia, do Orlando City nos Estados Unidos e de outros no Brasil.

Ao que tudo indica, ele terá de aguardar mais um pouco para resolver de uma vez por todas o seu futuro. O seu contrato se encerra em junho de 2021.