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Petraglia justifica "transmissão pirata" como protesto contra Globo e FPF

Globo pediu o bloqueio da transmissão no YouTube: disputa judicial - Reprodução
Globo pediu o bloqueio da transmissão no YouTube: disputa judicial Imagem: Reprodução

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

08/04/2018 19h43

Campeão paranaense, Mario Celso Petraglia foi aos microfones explicar sua versão para a decisão de transmitir, à revelia do Coritiba, da Federação Paranaense de Futebol e da RPC – a repetidora da Globo no Paraná – a partida final entre o Atlético Paranaense e o Coxa, primeiro no YouTube, depois no Facebook. Neste ano, o Furacão não vendeu os direitos de transmissão para a emissora, ao contrário do Coritiba, o que impediu que o jogo passasse na TV.

“Entendemos que era um direito nosso e lamentavelmente a concessionária da Globo, a RPC, nos tirou do ar”, disse Petraglia, citando o corte do sinal no YouTube a pedido da Globo, “Voltamos mais tarde, por um outro canal (o Facebook), e terminamos a nossa transmissão. Pode parecer oportunismo da minha parte em razão da vitória, mas o nosso trabalho é quebra de paradigmas”, alegou.

Petraglia relembrou o episódio em que fechou os portões para a transmissão do jogo entre quartas de final do Brasileiro 1996 contra o Atlético-MG e as denúncias sobre seu nome em relação aos pedidos de propina de Ivens Mendes, então coordenador de arbitragem da CBF e que buscava aporte para a campanha de deputado estadual por Minas Gerais, que resultaram na virada de mesa que manteve o Fluminense na elite em 1997 e custaram 8 pontos ao Furacão e uma suspensão ao dirigente. “A gente vem com esse confronto desde 1997, quando conflitamos com o sistema e pagamos um preço caríssimo, com uma deformação da nossa imagem, da nossa honra. Vamos em frente. O que eu quero trazer é essa posição de protesto.”

Questionado sobre o artigo 42 da Lei Pelé que determina que o direito de arena no Brasil é compartilhado, Petraglia não foi objetivo. “Você acha justo que o Atlético se veja obrigado a vender por valores insignificantes e que não possa mostrar sua imagem a ninguém? O Império Romano caiu. O futebol brasileiro precisa da sua carta de independência. Eu fiz alguns comentários e o Brasil ficou chocado. Eu não menti, é só examinar. Até quando? Até quando vamos suportar isso? No futebol é a minha pequena contribuição, eu como atleticano vou lutar. Nós sentimos um prejuízo aos nossos patrocinadores. Então hoje resolvemos passar o nosso jogo, a mando nosso. Não vendemos nossos direitos, não vejo prejuízo a ninguém, nossos advogados examinaram a situação, e mesmo assim o poder político, econômico, nos tirou do ar.”

Em 2017, a FPF transmitiu a decisão por pênaltis na fase semifinal entre Londrina e Atlético via Facebook, o que também foi citado pelo dirigente. “Temor? Temos, a responsabilidade de estar no cargo, especialmente no meu, de presidente do Conselho, que é o maior no clube, nós consultamos. É o mesmo risco que a Federação correu quando tomou a decisão de demonstrar os pênaltis (contra o Londrina).” Petraglia ainda se queixou da transmissão da Rádio Coritiba, que exibiu partes do jogo do primeiro turno.

O dirigente ainda detalhou: “Por que o Atlético Paranaense se viu obrigado a vender, e nós não cedemos, os nossos direitos por valores vis, que não pagam nem os gastos que temos para disputar essa competição absurda que temos que disputar. Sou contra o calendário, as diferenças de receitas entre o nosso clube e os pequenos e médios do nosso estado. Aquela briga toda que temos para cima, que quando o Flamengo e o Corinthians entram em campo faturam 3,5 milhões de reais, e o Atlético fatura 150 mil, e protestamos, aí prova a estrutura e a diferença.”

No ano passado, Atlético e Coritiba transmitiram as finais pelo YouTube, em acordo mútuo. O dirigente falou sobre o tema: “Infelizmente os co-irmãos da cidade atravessam crises que não me cabe discutir, mas infelizmente o nível do campeonato estadual, vejam a renda, o público... mas, mesmo nos sentindo obrigados, e estávamos juntos, Coritiba e nós, mas lamentavelmente para nós houve sucessão no Coritiba, por opção democrática dos seus sócios, e eles foram cordiais e disseram que não compartilhariam dessa briga nossa com o sistema.”

Por fim, Petraglia convocou a torcida a protestar contra a televisão: “Peço ao nosso torcedor que proteste contra esse oligopólio que paga muito mais para o Boavista no campeonato carioca.”