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Investigação na Paraíba pode alcançar campeonatos nacionais, diz delegado

Operação Cartola realizou busca e apreensão na sede da Federação Paraibana de Futebol - Polícia Civil da Paraíba
Operação Cartola realizou busca e apreensão na sede da Federação Paraibana de Futebol Imagem: Polícia Civil da Paraíba

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

10/04/2018 15h50

Há suspeitas concretas de que as investigações que vêm sendo realizadas no futebol paraibano possam alcançar campeonatos regionais e até nacionais. A informação é do delegado Lucas Sá, da Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa (PB), um dos responsáveis pela Operação Cartola, que há algum tempo busca na Paraíba indícios de manipulações de resultados, adulterações em sorteios de arbitragem e desvio de valores em jogos e torneios.

“Inicialmente o foco está no estado da Paraíba, mas, conforme as denúncias, existem, sim, suspeitas de que essas condutas possam alcançar campeonatos regionais e inclusive nacionais. Em face do sigilo das investigações não podemos dar detalhes nesse momento, porque muitas das diligências estão em plena atividade e, caso a gente dê qualquer indício do que está sendo investigado, isso pode ser muito prejudicial para a investigação”, disse Lucas Sá em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público da Paraíba na madrugada da última segunda-feira (9), a Operação Cartola é resultado de mais de seis meses de investigações e tem por objetivo apurar os crimes cometidos por uma organização composta por membros da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (Ceaf), Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba (TJD/PB) e dirigentes de clubes de futebol profissional do Estado da Paraíba (os cartolas).

Segundo o delegado, as investigações avançaram bastante depois que o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) foi acionado.

“Como essas denúncias basicamente envolvem muitos clubes da primeira divisão, dirigentes, diretoria e presidência da Federação Paraibana de Futebol, Comissão Estadual de Arbitragem, e em razão da gravidade e dos fatos comunicados, fez-se necessário o ingresso do Gaeco. Inclusive a partir da inclusão do Gaeco foi que conseguimos avançar bastante na operação, uma vez que muitas dessas diligências necessitam de ordem judicial”, acrescentou.

Operação Cartola investiga corrupção no futebol paraibano - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
A Operação Cartola já reúne 80 investigados. Segundo apurou o UOL Esporte, estiveram entre os alvos dos mandados de busca e apreensão na última segunda-feira (9) Amadeu Rodrigues, presidente da FPF, Rosilene de Araújo Gomes, ex-presidente da FPF, José Renato, presidente da Comissão de Arbitragem, Lionaldo Santos, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva, Zezinho, presidente do Botafogo-PB, e Juarez Lourenço, presidente do Treze-PB, além dez árbitros.

“Em relação aos investigados, o que podemos divulgar nesse momento é que a denúncia, inicialmente, foi feita por pessoas que têm conhecimento detalhado, do meio do futebol. Não boatos. São pessoas que presenciaram eventos concretos, muitos deles na presença física. Por isso que tivemos como avançar bastante. De 20 pessoas denunciadas no começo chegamos a 80. Dentro dessas 80, entendemos que muitas delas têm conhecimento dos fatos, mas podem ter atuado a mando, ou cumprindo determinada ordem. Então dentro das 80, provavelmente nem todas devem ser indiciadas”, completou o delegado.

Com apoio de 230 policiais civis do estado, foram cumpridos 39 mandados de busca e apreensão nas cidades de João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Campina Grande e Cajazeiras. Por questão de sigilo, maiores detalhes só poderão ser divulgados ao fim da operação.

Os envolvidos podem responder processo ao menos por organização criminosa, falsidade ideológica e manipulação de resultados, crime contra o Estatuto do Torcedor. As autoridades locais estão abertas a denúncias sobre o tema.