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Métodos "modernos" e falta de concorrência dão força a Barbieri no Flamengo

Maurício Barbieri conta com lobby nos bastidores para seguir como técnico do Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo
Maurício Barbieri conta com lobby nos bastidores para seguir como técnico do Flamengo Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/04/2018 04h00

Maurício Barbieri ganha cada vez mais força para seguir no comando técnico do Flamengo. Aos 36 anos, o jovem treinador ainda precisa de resultados convincentes, mas conta com o apoio de dirigentes e do elenco. A permanência é um desejo dos envolvidos, que fazem lobby internamente e também já demonstram a preferência em algumas entrevistas.

O UOL Esporte reuniu informações que mostram os motivos por trás do favoritismo de Barbieri no Flamengo. Técnicos medalhões estão fora de questão. Um profissional só será contratado se for visto como um nome de consenso - apenas Renato Gaúcho alcançou tal status - e, principalmente, se o interino decepcionar, o que a cúpula do futebol aposta que não acontecerá.

Para o presidente Eduardo Bandeira de Mello, o CEO Fred Luz e o diretor executivo Carlos Noval, Maurício Barbieri representa o que o futebol tem de moderno. O profissional é considerado estudioso e dono de metodologias inovadoras no dia a dia. Apesar da inexperiência e de ter trabalhado apenas em Audax Rio, Red Bull Brasil, Guarani e Desportivo Brasil, ele é tratado como uma aposta segura pelo trio.

Eduardo Bandeira de Mello e Carlos Noval defendem a permanência de Barbieri no Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo
Bandeira de Mello e Carlos Noval defendem a permanência de Barbieri no Flamengo
Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo
Ex-diretor das categorias de base e atual executivo do futebol profissional, Carlos Noval é o principal defensor da efetivação. Ele já se mostrou contrário ao investimento em medalhões e também não costuma ver com bons olhos ex-jogadores na função. Na análise da diretoria, o mercado não oferece nenhum técnico com perfil inquestionável. Logo, Maurício Barbieri é o dono do cargo.

Também pesa no processo a filosofia implantada no Ninho do Urubu, onde o CEP (Centro de Excelência em Performance) está montado. Nele, o técnico é considerado apenas uma peça do sistema profissional. Não é o “cara”, como muitos medalhões assim consideram. Um treinador que leve uma comissão técnica própria, por exemplo, não se enquadra mais no processo que o Flamengo defende.

Jogadores querem Barbieri e fim de métodos ultrapassados

Se existe apoio na diretoria, o mesmo pode ser dito sobre o elenco. Não que o grupo de jogadores defina os passos no departamento de futebol, mas existe uma influência no Ninho do Urubu. Eles aprovam os métodos de Maurício Barbieri e deixam claro que o futebol atual não tolera mais um modelo de treinamento considerado ultrapassado.

Foi assim que houve um desgaste entre Paulo César Carpegiani e grupo. O ex-técnico era adepto de atividades longas e pouco debate sobre as questões táticas. Com Reinaldo Rueda, a relação também desandou em alguns momentos. Os atletas preferem trabalhos em campo reduzido, enquanto o colombiano atuava quase sempre com coletivos no campo inteiro.

Os jogadores do Flamengo aprovam atividades táticas em um espaço menor do gramado, caraterística do futebol moderno e que se tornou comum no Brasil. Maurício Barbieri trabalha desta forma, paralisando os treinamentos e mostrando em um quadro o que deseja. Neste cenário, pode ser arriscado para os dirigentes quebrar um padrão estabelecido.

No futebol, sabe-se que a gestão de vestiário é fundamental para vitórias e conquistas. Arriscar algo que não agrada não faz a cabeça do trio Bandeira de Mello, Fred Luz e Carlos Noval. Por esses e outros motivos, Maurício Barbieri está no cargo. Para a manutenção, o novato terá de apresentar resultados. A sequência contra Vitoria, Santa Fe (duas vezes) e América-MG tem tudo para ser decisiva.