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20 anos depois, Castrilli diz que marcaria de novo pênalti contra a Lusa

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

26/04/2018 04h00

Vinte anos depois de apitar um dos jogos mais polêmicos da história do futebol paulista, o ex-árbitro argentino Javier Castrilli ainda demonstra a mesma segurança na marcação do pênalti dado para o Corinthians aos 44 minutos do segundo tempo da semifinal do Paulistão 1998. Um lance discutido até a exaustão à época, que acabou eliminando a Portuguesa daquela competição, e gerou muitas reclamações por tudo o que cercou aquela arbitragem.

Na jogada, o ponta corintiano Fernando Diniz – hoje técnico do Atlético-PR – cruzou na área a bola, que foi interceptada pelo zagueiro César. Em entrevista ao UOL Esporte, Javier Castrilli logo antecipou o assunto, assim que recebeu a mensagem da reportagem. “Obviamente é sobre a jogada do pênalti”, comentou.

Castrilli afirmou que reviu o lance recentemente, e o descreveu da seguinte forma: “Eu vi pelo YouTube. Existe uma imagem de trás por onde se observa claramente onde a bola bate ao agachar do zagueiro. Os relatos dizem o contrário do que se vê”, contestou sobre as diversas críticas recebidas pela marcação.

Ainda hoje, ele daria o pênalti. “Com certeza”, afirmou sem hesitar. “O zagueiro inclina seu corpo e calcula mal o rebote da bola, que bate metade na sua barriga e metade no braço esquerdo”. Antes do pênalti de César, ele já havia dado um pênalti polêmico para o Corinthians ao ver um puxão do Evair. 

Na época, a Federação Paulista buscou Castrilli para apitar o jogo, uma inovação que também gerou críticas e suspeição. O ex-árbitro relembrou como se deu a negociação. “Me informaram na Associação de Futebol da Argentina (AFA) que haviam me solicitado para uma partida no Brasil. Tudo foi oficial, me procuraram pela AFA”.

Defensor do árbitro de vídeo, Castrilli chamou toda a responsabilidade no lance

Javier Castrilli - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Javier Castrilli hoje é um empresário do ramo de artigos esportivos em Buenos Aires e irá comentar a Copa do Mundo da Rússia por uma rádio norte-americana. Ele se aposentou em 1998 mesmo, após apitar jogos da Copa do Mundo da França. É um defensor do uso da arbitragem de vídeo, implementada recentemente pela Fifa.

“É indispensável. Principalmente para esses casos, deixa tudo transparente. É necessário para que não sobre nenhuma dúvida. Se tivéssemos o VAR naquele jogo, teríamos tirado a dúvida com as câmeras adequadas”, comentou. Castrilli ainda afirmou que, naquele lance, tomou toda a decisão, sem interferência dos auxiliares. “Não tiveram nada a ver com o lance. Eu estava de frente para a jogada.”

Castrilli já voltou ao Brasil depois daquele jogo. Afirma que nunca foi importunado por nenhum dirigente ou torcedor da Portuguesa. Se recorda de ter apitado jogos de Vasco e Grêmio pela Libertadores antes de encerrar a carreira. Ao parar, ingressou na política, chegou a ser candidato ao governo de Buenos Aires – a província, algo como o Governo do Estado – então apoiado pelo atual presidente argentino Maurício Macri, que também foi presidente do Boca Juniors. Deixou a política “já faz um tempo”.

O ex-arbitro diz: "não torço para nenhum time, mas escolho os jogos para assistir conforme a importância da partida e a qualidade dos jogadores”. Conversou com a reportagem minutos antes de Bayern x Real Madrid, pela Liga dos Campeões. Não assiste a jogos do futebol brasileiro e, ao saber do ocaso da Portuguesa após seguidos rebaixamentos, lamentou.“Que pena. Não sabia... tomara que se recuperem. Que facilitem até via Estado para uma colaboração, para tirar da crise um clube que deve desempenhar um papel fundamental na formação de crianças e jovens através do futebol”, comentou.