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Diogo Vitor acumula indisciplinas após Paulista; contrato permite rescisão

Contrato do meia com o Santos possui cláusula de rescisão por má conduta - Ivan Storti/Santos FC
Contrato do meia com o Santos possui cláusula de rescisão por má conduta Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

26/04/2018 14h51

O caso de doping por cocaína do atacante do Santos, Diogo Vitor, foi apenas o estopim de uma série de problemas envolvendo o jogador. O UOL Esporte apurou que o meia-atacante acumula indisciplinas no clube, principalmente, após a perda do pênalti contra o Palmeiras, que eliminou o time na semifinal do Campeonato Paulista deste ano.

O atleta colecionou atrasos em treinos e foi visto em madrugadas por dirigentes do Santos em dias que o elenco treinava pela manhã. Por conta disso, Diogo Vitor perdeu espaço com o técnico Jair Ventura. O jogador sofreu apenas “afastamentos pontuais”, sempre permaneceu no elenco principal, mas perdeu a oportunidades de ser o “camisa 10” titular que o clube paulista busca no mercado.

Parte da diretoria santista cogita até a rescisão contratual do jogador por conta de atrasos e noitadas. E o contrato de Diogo Vitor com o Santos permite isso. A reportagem apurou que há uma cláusula de rescisão por má conduta no contrato do atleta, fato que permite o clube de desistir do meia.

Executar a multa rescisória é um fato que divide opiniões dentro do clube. Até na diretoria o caso não é unanimidade. Entre os profissionais do CT Rei Pelé, a compaixão pelo jogador é ainda maior. Há quem diga que o atleta não causava problemas e que só ficou afastado por cinco dias por conta de inflamação no dente do siso.

Wagner Ribeiro espera apoio do Santos

Diogo Vitor já teve problemas com diversos empresários de futebol e, por isso, já teve até a sua conta bancaria bloqueada. Mas agora o jogador é agenciado por Wagner Ribeiro, renomado no futebol por agenciar Neymar e outros craques.

O agente segue a linha de diversos profissionais no Santos que, apesar da possível dependência química, consideram Diogo Vitor um menino respeitoso e amigos de todos. Por conta disso, ele acredita que o clube paulista não abandonará o jogador.

“Essa hora não podemos levar em conta o jogador e, sim, o ser humano. Vamos ajudá-lo e tenho certeza que o Santos não irá desamparar o atleta neste momento”, afirmou Wagner Ribeiro ao UOL.

Diogo Vitor “sumiu” nos últimos três jogos

Diogo Vitor perdeu espaço com Jair Ventura. Ele atuou em alguns minutos da partida contra o Estudiantes, na Argentina, no último dia 5, e depois não entrou mais em campo. O meia até foi relacionado para o duelo contra o Ceará, mas não atuou.

Em seguida ficou de fora do banco de reservas nos duelos contra o Bahia, em Salvador, e Estudiantes, na Vila Belmiro. A decadência de Diogo Vitor começou após a perda do pênalti contra o Palmeiras que eliminou o Santos na semifinal do Campeonato Paulista. Dirigentes santistas acreditam que o jogador não teve estrutura para assimilar o baque e se considerou culpado pela desclassificação. No entanto, outra "corrente" no clube acredita que ele atuou mal no clássico pois já sabia que seria flagrado no antidoping, pois havia sido sorteado um jogo antes - contra o Botafogo, pelas quartas de final da competição.

Santos foi pego de surpresa

O Santos foi pego de surpresa pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) na noite desta quarta-feira. Apesar do histórico do atleta, de sumiços e mentiras, o clube não esperava que o jogador fosse flagrado no doping.

Isso porque Diogo Vitor passou mais de um ano sem causar problemas no time B. Na ocasião, o atleta recebia os cuidados de Kleiton Lima. O treinador, demitido no início deste ano, é evangélico declarado e costumava direcionar o atleta aos cultos.

Diogo Vitor foi suspenso preventivamente por doping após ser flagrado em teste realizado durante o Campeonato Paulista. O time da Vila não revelou qual foi a substância dopante, e aguardará a contraprova. O UOL Esporte apurou que a substância encontrada no organismo do jogador é presente na cocaína. O fato chateou a diretoria santista que, inicialmente, afastou o jogador do elenco.

“O Santos comunica que o atleta Diogo Vitor, de 21 anos, foi pego em exame de controle de dopagem. O teste, realizado no LADETEC/RJ, foi solicitado por procedimento padrão pela FPF, no dia 21/03, na partida Santos x Botafogo/SP pelo Campeonato Paulista. O atleta já está preventivamente suspenso de suas atividades como jogador profissional do Clube e aguardará o resultado da contraprova. O Santos FC, desde já, coloca-se à disposição de Diogo Vitor neste delicado momento de sua vida”, informou a nota do Santos.

Histórico problemático

O resultado do teste é mais um capítulo negativo na curta carreira de Diogo Vitor no futebol. Considerado uma das apostas das categorias de base do clube, o atacante sumiu do clube em 2016 e não participou da Copa São Paulo daquele ano. Após longo período sem dar retorno, Diogo alegou dor de dente e ainda rejeitou o tratamento do clube.

Depois, sumiu novamente, desta vez alegando que a avó havia falecido. A cúpula santista ficou sensibilizada com o fato e ligou na casa do jogador, mas se surpreendeu mais uma vez, já que a própria avó atendeu a ligação.

A família admitiu que Diogo Vitor ficou deslumbrado com o dinheiro que recebeu após assinar o seu primeiro contrato com o Santos. O atacante ganhou luvas de seus empresários e gastou o montante comprando um Camaro. Ficou famoso nas noitadas de Santos, arrumou confusões e teve até que voltar a sua cidade-natal, em Coqueiral-MG.

A aposta na qualidade técnica do jogador fez o Santos dar novas oportunidades ao jogador, apesar dos problemas extracampo. Passou pelo time B e parecia que finalmente se firmaria no profissional na atual temporada, na qual teve chances na equipe comandada por Jair Ventura e chegou a fazer o gol do empate em confronto contra o Corinthians no Paulistão 2018.

Na semifinal contra o Palmeiras, porém, viveu momento complicado ao perder pênalti que culminou na eliminação da equipe da Baixada. Na ocasião, pediu desculpas aos torcedores e disse viver o pior momento da carreira.