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Grêmio evolui com Arthur e Maicon juntos e consolida nova transformação

Grêmio marcou 20 gols em oito jogos neste ano com sua nova dupla de volantes - Jeferson Guareze/AGIF
Grêmio marcou 20 gols em oito jogos neste ano com sua nova dupla de volantes Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

04/05/2018 04h00

O Grêmio em 2016 era efetivo. No ano passado, evoluiu para um jogo ofensivo com pitadas de pressão. Na temporada atual, ele atinge um novo estágio dentro da sua mutação particular. Em 2018, o time de Renato Gaúcho volta a dominar o adversário com a bola e começa isso desde os volantes. Ao contrário das campanhas recentes, o Tricolor de agora tem técnica e intercepção no lugar da imposição física do passado recente e mais distante.

A dupla Maicon e Arthur conduz o Grêmio. O time de agora volta a ganhar rasgados elogios, como já acontecera nos últimos dois anos, mas com diferenças que confirmam a evolução.

Em 2017, o Grêmio de Renato Gaúcho não usava a chamada 'saída com três' para iniciar a fase ofensiva. O recuo de um volante entre os zagueiros, para dar superioridade numérica desde a defesa, tem sido frequente neste ano. O protagonista do lance é Arthur.

Maicon disputa bola com Guilherme e Lucho González em Grêmio x Atlético-PR - Lucas Uebel/Grêmio FBPA - Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Maicon e Arthur não pararam mais de atuar lado a lado desde março
Imagem: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

"Sempre falo com ele. Se eu for, fica mais. Se ele for lá (entre os zagueiros) buscar (a bola), eu fico. A gente faz uma linha de três, ele vai entre os zagueiros e eu fico. Vai muito da partida. Se ele estiver saindo, dou suporte para a gente chegar bem", contou Maicon.

No ano passado, o Grêmio explorava Luan por completo. O camisa 7 era o coração e cérebro de um time que padeceu em sua ausência por lesão. Na volta, a engrenagem seguiu tinindo. Agora, a formação tem Everton em grande fase, Ramiro ainda mais dinâmico e Maicon.

"Com a bola, é muito difícil marcar o nosso time. O pessoal da frente se mexe muito, se movimenta demais", comentou o camisa 8. "Se eu fico uns 5 segundos sem a bola já fico nervoso. Sempre quero estar com a bola, sempre quero jogar. Ajudar. Estar ali. Pela qualidade do nosso time eu posso ficar sem tocar na bola", acrescentou.

Arthur e Maicon acumulam oito jogos lado a lado e, além do desempenho, impressionam pelos números. A dupla só perde para Geromel no quesito recuperação de bola no universo de oito jogos - envolvendo Gauchão, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. De acordo com o Wyscout, ferramenta de análise estatística, Maicon recuperou 38 bolas e Arthur 36.

Arthur, volante do Grêmio - Pedro Vale/AGIF - Pedro Vale/AGIF
Arthur ganhou companhia de outro volante técnico e segue importante para o time
Imagem: Pedro Vale/AGIF

Ao mesmo tempo, os dois aparecem entre os principais criadores de passes que quebram linhas. O atributo é dominado por Luan, com incríveis 18 lances. Maicon vem logo atrás com 17 ocorrências e Arthur aparece depois de Everton. O meia-atacante tem 11 e o volante 9.

O jogo fluído também faz com que coisas complexas se resolvam de forma simples. A escolha pelo lado onde cada volante vai atuar acontece sem cerimônia. Diante do Cerro Porteño, na goleada por 5 a 0, Arthur começou pela esquerda. Contra o Goiás, no Serra Dourada, ele esteve mais à direita.

A semelhança entre os dois jogadores gerou dúvida sobre uma formação com ambos. O passe curto e o controle de bola, no entanto, não se tornou exagerado. Maicon complementa Arthur ao distribuir passes mais longos e lançamentos. O companheiro, por sua vez, é capaz de ser ainda mais impactante no ritmo do jogo do time, acelerando ou reduzindo a velocidade.

"A gente tem ficado bastante com a bola. Não temos o volante de marcação como o Jailson. Os dois ali têm controle de bola que dispensa comentários. Isso faz a gente correr menos atrás do adversário. Por não ter um volante de contenção, adotamos uma reação de recuperar a bola logo, mas mantendo o nosso toque de bola para botar o adversário para correr. E aí esperar vazar. Temos adotado isso e tem dado certo", declarou Ramiro. "A gente joga com a bola no pé quase 90 minutos. Pela maneira que nosso time joga, marcando lá na frente, facilita. A gente fica perto para marcar. A maneira como a gente joga, com posse e o perdeu-pressiona, ajuda. A gente não é de pegada mesmo, mas com a bola no pé a gente sabe o que faz. A gente consegue clarear a jogada", pontua Maicon.

Com a nova dupla em campo, o Grêmio marcou 20 gols em oito partidas. Sofreu apenas uma. E evoluiu para nova fase dentro do estilo de jogo de posse de bola e domínio.