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Caso Paulinho faz ex-aliados acusarem Campello de ter 'financeiro paralelo'

Antigos aliados de Alexandre Campello no Vasco durante entrevista coletiva - Bruno Braz/UOL
Antigos aliados de Alexandre Campello no Vasco durante entrevista coletiva Imagem: Bruno Braz/UOL

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/05/2018 14h33

Em entrevista coletiva concedida em um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, os integrantes do grupo político “Identidade Vasco” oficializaram o desligamento da diretoria do clube e fizeram duras acusações e questionamentos ao presidente Alexandre Campello. Alegando falta de transparência, eles informaram não terem detalhes sobre a venda do atacante Paulinho e sequer sabem se o dinheiro entrou nas contas cruzmaltinas. Segundo os dirigentes, há um “financeiro paralelo”.

“Foi um movimento coletivo. Entendemos que dessa forma não tem como continuar porque houve quebra de confiança. A gente não confia nas informações. Existe um financeiro paralelo no Vasco. Que conversa é essa? Que brincadeira é essa que estão fazendo com a instituição? Eu acreditei no senhor (Campello) quando defendi seu nome, quando entrou com boas intenções, mas nesse momento não representa mais minha opinião e a do grupo. Só lamento o tempo que demorei por tomar essa decisão. Deveria ter tomado naquele dia que o senhor fechou a venda do Paulinho num valor diferente do comunicado”, declarou o ex-vice de futebol Fred Lopes.

O dirigente alegou que ninguém da diretoria teve acesso ao contrato da venda de Paulinho e que só soube de valores através da coletiva de imprensa de Alexandre Campello para informar sobre a negociação. Muito incomodado, Fred ressaltou também que o Vasco segue devendo salários e outros pagamentos a jogadores e funcionários.

“Eu escutei pela coletiva (sobre a venda de Paulinho). Se o dinheiro entrou ou não eu sei. Se entrou não foi feito para pagar dezembro, 13º e férias, num passivo que eu já adianto que é de R$ 7 milhões. Também não foi utilizado para pagar os direitos de imagem, comissionamentos aos empresários... Os telefones meus e dos colegas aqui tocando 30, 40 vezes por dia com as pessoas cobrando os pagamentos e você não tem resposta para dar. Isso é transparente? Responde, presidente”, disse.

Fred Lopes alegou ainda que havia uma pressão por parte de Campello para contratar o diretor executivo Rodrigo Caetano e que a maioria dos cargos do departamento de futebol não foram por indicação sua. O ex-vice também disse que a pasta que continha as informações de Paulinho "sumiu" do clube.

Ex-vice de finanças, Orlando Marques foi outro que bateu na tecla do mistério em relação à venda do jovem atacante para o Bayer Leverkusen (ALE).

"Não recebi ate hoje o contrato do Paulinho. Não sei por quanto o Paulinho foi vendido, a forma de transação, não sei se entrou dinheiro ou não. Não sei nada. Outra questão complicada é a questão do Douglas (volante vendido para o Manchester City-ING). Também não se sabe de nada. O que me deixava muito irritado é que ele falava: 'Não se preocupe. Vai entrar um dinheiro bom aí'. E entrava R$ 6 milhões, R$ 9 milhões, R$ 160 mil...  Como não acredito em milagre da multiplicação, ainda mais em se tratando de dinheiro, fiquei cobrando e não tinha uma resposta. Não havia transparência e tínhamos que engolir tudo que ele fazia. Literalmente. Não tínhamos informação de nada e a frase pior que recebi e que foi um oceano em copo d´água foi quando ele (Campello) mandou procurar o balanço na internet e que até hoje não está auditado", disse Orlando.

No dia da coletiva para informar a venda de Paulinho, Alexandre Campello disse que havia negociado o atacante por 20 milhões de euros tendo ainda 10% de participação nos direitos econômicos do jovem. Posteriormente, no entanto, soube-se que o valor exato foi de 18,5 milhões de euros.

Dos 18 vice-presidentes nomeados por Campello, 13 deixaram suas pastas no Vasco. O mandatário ainda não nomeou novos nomes para os cargos vagos e ainda avalia se irá se pronunciar diante das acusações de seus ex-aliados.