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DJ, times e torcida: torneio mostra crescimento do movimento gay no futebol

Paulo Victor Ribeiro/Colaboração para o UOL
Imagem: Paulo Victor Ribeiro/Colaboração para o UOL

Paulo Victor Ribeiro e Yuri Ferreira

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

05/06/2018 15h30

A segunda edição da Taça Hornet de Futebol da Diversidade, primeiro torneio de futebol gay do Brasil, aconteceu na última sexta-feira, 1º de junho, em São Paulo, abrindo o mês de comemorações do orgulho LGBTI+. O evento, que em sua primeira realização contou com 8 times, teve nesta edição 15 equipes, de 7 estados diferentes, competindo principalmente com o objetivo de promover a igualdade.

"Eu acredito que ela [a Taça Hornet] teve uma importância fundamental em primeiro momento para a criação deste movimento. A Taça Hornet foi o primeiro evento que reuniu times - e a partir dali fora criada a Ligay... do movimento se entender como movimento mesmo, de futebol gay no Brasil. Ela permite uma profissionalização desses times todos", disse André Fischer, Country Manager da Hornet no Brasil.

Em formato triangular, as partidas do campeonato tiveram 20 minutos de duração na fase de grupos, em que os 15 times se enfrentaram em 3 grupos de 5, e 30 minutos de duração na triangular final, onde os primeiros colocados de cada um dos grupos se enfrentaram para decidir quem levaria a taça.

Os jogos se iniciaram às 14h, após a entrada das equipes com apresentação de suas drag queens madrinhas. Divididas em três quadras, as partidas dividiam a atenção dos torcedores, que não queriam perder nenhum momento. Os jogos foram embalados por incessantes clássicos do pop, comandados por um DJ à beira do campo. O clima, tenso dentro das quatro linhas, era de total descontração do lado de fora do gramado. Um dia de confraternização.

Torneio de futebol gay - Paulo Victor Ribeiro/Colaboração para o UOL - Paulo Victor Ribeiro/Colaboração para o UOL
Imagem: Paulo Victor Ribeiro/Colaboração para o UOL
"Tem muita coisa envolvida, que não só o futebol. Tem a representação para todos que tentaram ser jogadores, ou tentaram passar por algum tipo de clube, e não conseguiram desenvolver isso, levar isso adiante, por conta do machismo e do preconceito. O mundo gay não era, até então, preparado para o futebol" explica André Bugrini, jogador do Beescats, equipe do Rio de Janeiro que se consagrou como a primeira campeã da Taça Hornet, em 2017.

A equipe se prepara em um campo cedido pela prefeitura do Rio de Janeiro por meio de articulação do CEDS (Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual) e os treinos se transformaram em verdadeiros pontos de encontro - e de resistência - da comunidade LGBT na cidade carioca. "No primeiro encontro apareceram 15 pessoas, no segundo 30, no terceiro 45. Daqui a pouco o grupo estava com mais de 100 pessoas. Muita gente vai pra jogar, muita gente vai pra brincar, muita gente vai pra beber e festejar. Virou um encontro da agenda do Rio de Janeiro: toda sexta-feira tem treino dos Beescats".

O Bulls Football bateu na final o Unicorns e levantou a taça. Com o título, a equipe foi convocada ao primeiro trio oficial da 22º Parada LGBT, que ocorreu em São Paulo no último domingo, dia 3 de junho. A terceira colocação ficou com o Beescats, equipe que representará o Brasil nos Gay Games, maior evento esportivo e cultural voltado ao público gay do mundo, que acontecerá em agosto em Paris (FRA).

A festa, que começou às 13h e se esticou até depois das 22h, foi grande. Mais de mil pessoas passaram pelo complexo de arenas da Lapa para prestigiar as equipes e se divertir. Silvetty Montilla, considerado um dos maiores drag queen do Brasil, comandou o show e animou a torcida no intervalo das partidas.

"Eu nunca imaginei que existiriam times gays, na verdade. Eu descobri faz um ano e estar participando disso aqui é emocionante", disse Alan, atleta do Afronte FC. "É a festa da diversidade".