Topo

Do 'não' de Felipão à ascensão meteórica: Arthur se despede do Grêmio

Arthur deixa o Grêmio e vai atuar no Barcelona já nesta janela de transferências - LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
Arthur deixa o Grêmio e vai atuar no Barcelona já nesta janela de transferências Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

22/06/2018 04h00

Arthur se despede do Grêmio na próxima segunda-feira. O jogador de 21 anos irá para o Barcelona na janela de transferências de julho, encerrando sua passagem por Porto Alegre com ascensão meteórica. Há pouco mais de um ano, o meio-campista deixava o time B do Tricolor após receber um "não" de Felipão. Hoje sai do clube em troca de uma cifra milionária.

Os números impressionam. Para levar Arthur antes do previsto (o contrato inicial era para saída em dezembro), o Barcelona investiu mais três milhões de euros (R$ 13,2 milhões). A proposta inicial para aquisição dos direitos foi mantida. São 30 milhões de euros (R$ 132,2 milhões) em três parcelas, uma já paga, e ainda mais gatilhos de ampliação de preço atreladas ao desempenho. O valor pode crescer mais dez milhões de euros (R$ 43,9 milhões).

Ou seja, o investimento para trazê-lo de Goiânia ainda criança foi pago, e com sobras bastante significativas.

Felipão lhe disse não, e transição ajudou

A trajetória de Arthur no Grêmio não foi fácil. Depois de se destacar nas categorias de base, participou da Copa São Paulo de 2015 e vivia expectativa de ser aproveitado no elenco principal. Com Luiz Felipe Scolari no comando, o Grêmio passava por um duro processo de recuperação financeira e precisava apostar em vários jogadores dos times inferiores ao mesmo tempo.

Mas Scolari lhe disse não. Felipão entendeu que Arthur não estava pronto para atuar regularmente e utilizou o jogador em apenas um jogo. Foi a primeira partida após a venda de Barcos para o futebol chinês, diante do Aimoré, pelo Gauchão daquele ano. Perdido e em fase complicada, o Grêmio foi derrotado por 2 a 1, e o volante atuou apenas 45 minutos. Deu lugar a Matías Rodríguez no intervalo.

Por opção do comando técnico, Arthur retornou ao time de transição, alcunha que define o time B do Grêmio. E por lá atuou em competições menores o resto do ano e em 2016.

Na passagem de Roger Machado pelo comando do time, nenhuma partida. Só no último jogo de 2016, já com Renato Gaúcho, é que veio nova oportunidade. Apenas reservas em campo contra o Botafogo, em nova derrota gremista agora por 1 a 0, e Arthur jogando durante 36 minutos.

O espaço veio mesmo apenas no início de 2017. Utilizado na Primeira Liga e em jogos dos reservas no Gauchão, Arthur ganhou espaço. Virou titular ainda no primeiro semestre e deslanchou. Ele cresceu, foi um dos destaques do futebol brasileiro, foi chamado por Tite para seleção principal e só perdeu o Mundial de Clubes depois do título da Libertadores conquistado pelo Grêmio por força de uma lesão. Foram 50 partidas e dois gols.

O interesse do Barcelona, que vem desde meados de dezembro, acabou com o desfecho inevitável. Na janela mais forte de transferências da Europa, o clube catalão, entre os maiores do mundo, leva o jogador. Por lá, Arthur é comparado a Iniesta, que foi para o Vissel Kobe, do Japão, e visto como jogador com potencial de crescimento.

Na lista de suplentes da Copa do Mundo, ele ainda poderá render mais ao Grêmio. Além de todos os gatilhos de aumento de preço, o clube gaúcho ainda tem quase a integridade dos 5% de percentual de formação dele para vendas futuras.