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COF rejeita contas de janeiro do Palmeiras por novo contrato com a Crefisa

Leila Pereira, dona da Crefisa, e Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras - José Edgar de Matos/UOL
Leila Pereira, dona da Crefisa, e Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras Imagem: José Edgar de Matos/UOL

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

27/06/2018 04h00

O Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) do Palmeiras rejeitou as contas de janeiro do clube. Em reunião na noite de terça-feira (26), o órgão voltou a se posicionar contra as mudanças do contrato com a Crefisa, que aconteceram no início do ano após uma exigência da Receita Federal e fizeram o alviverde assumir uma dívida de cerca de R$ 120 milhões com a empresa dos conselheiros Leila Pereira e José Roberto Lamacchia.

Segundo os aditivos dos contratos assinados em janeiro, as contratações de jogadores custeadas pela Crefisa passaram a ser configuradas como empréstimos ao Palmeiras, que agora tem a obrigação de devolver esses valores à patrocinadora. Desta forma, caso um atleta seja vendido por menos do que custou, ou saia de graça ao final do contrato, a diferença terá que ser paga pelo clube. Antes, a Crefisa assumia o prejuízo. Eventuais lucros em negociações continuam ficando com o Palmeiras, como já era anteriormente.

Na visão de membros do COF, a mudança coloca a saúde financeira do Palmeiras em risco. O órgão cobra que o presidente Maurício Galiotte renegocie os contratos com a patrocinadora e se mantém firme na postura de não aprovar o balanço nos moldes atuais. Leila chegou a ir a uma reunião do COF para prestar esclarecimentos sobre os aditivos em maio.

A diretoria, por sua vez, não vê problemas no novo acordo e aponta que o clube se encontra com as contas equilibradas. O Palmeiras fechou 2017 com a receita recorde de R$ 523 milhões e superávit de R$ 57 milhões. Já nos primeiros cinco meses de 2018, arrecadou R$ 258 milhões, valor que corresponde a 54% do previsto no orçamento do ano e ainda não contabiliza o dinheiro obtido com as vendas de Keno, Fernando e João Pedro (cerca de R$ 68 milhões). Além disso, zerou neste ano a dívida de mais de R$ 140 milhões com o ex-presidente Paulo Nobre.

Galiotte considera que a dívida com a Crefisa está coberta por ativos que são os próprios jogadores. Segundo essa visão, é muito difícil que todos os atletas contratados com ajuda da patrocinadora saiam dando prejuízo ao clube. Pessoas próximas à administração apontam que os balancetes foram aprovados por auditorias interna e externa, e sustentam que a postura do COF tem motivação política, alimentada pela influência do ex-presidente e conselheiro vitalício Mustafá Contursi, adversário de Leila e Galiotte, sobre o órgão. Membros do conselho de fiscalização negam essa versão.

Os jogadores com contrato com o Palmeiras que tiveram aporte direto da Crefisa são o zagueiro Luan (R$ 10 milhões), o lateral Fabiano (R$ 6,7 milhões), os volantes Thiago Santos (R$ 1 milhão) e Bruno Henrique (R$ 14 milhões), os meias Guerra (R$ 10 milhões) e Lucas Lima (R$ 17,5 milhões) e os atacantes Dudu (R$ 10 milhões), Deyverson (R$ 18 milhões) e Borja (R$ 33 milhões).