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'El Loco', alvo do Inter quis agredir técnico e vive entre gols e problemas

Jonatan Álvez marcou contra o Grêmio no jogo de volta da semifinal da Libertadores  - Jeferson Guareze/AGIF
Jonatan Álvez marcou contra o Grêmio no jogo de volta da semifinal da Libertadores Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

12/07/2018 04h00

O apelido de "El Loco" define muito bem o centroavante Jonatan Álvez, de 31 anos, que está prestes a ser contratado pelo Internacional para o restante da temporada. Com repetidas atitudes de mau comportamento, o uruguaio já tentou agredir um treinador, coleciona expulsões e problemas na mesma medida em que faz gols.

Álvez iniciou trajetória por clubes pequenos do Uruguai com números espantosos. Boston River, Juventud, Coraceros, onde fez 13 gols em 20 jogos, Platense, com nove gols em 11 jogos, Torque com 44 gols em 50 jogos... Até chegar ao Danúbio em 2014. Por lá fez 15 gols em 28 partidas e logo mudou-se para o Vitória de Guimarães, de Portugal. Emprestado, fez 20 jogos e marcou cinco gols.

Trocou a Europa pelo futebol do Equador ao fechar com a LDU. Foram 10 gols em 23 jogos e, depois de três empréstimos, veio a compra pelo Barcelona de Guayaquil, onde o jogador atingiu o ápice. No clube amarelo, foram 20 gols em 32 compromissos em 2016, e outros 26 em 41 partidas no ano passado. Mas ao mesmo tempo, os problemas fora de campo apareceram e se repetiram. Foi por lá que Álvez passou a perder a cabeça com maior frequência. Seja em jogos ou treinos, com colegas, imprensa ou adversários. Até mesmo com seu treinador.

Em agosto do ano passado, Álvez se irritou ao ser substituído pelo técnico Guillermo Almada na partida contra o Clan Juvenil pelo campeonato nacional do Equador. Estava bravo porque havia errado um pênalti. Era segundo tempo, e sua equipe vencia por 2 a 0. Deu lugar a Ángel Quiñones, mas ao deixar o campo - depois de tentar não sair ficando de costas para o reservado e ignorando a placa apresentada pelo quarto árbitro -, chutou a bola para longe com força. A irritação o fez sair de campo xingando o próprio treinador. Sentou-se no banco, o técnico foi até ele e a discussão continuou. Irritado, "El Loco" tentou levantar-se para agredir o comandante, mas foi impedido por colegas.

Depois dessa partida, o treinador disse que Álvez "é uma boa pessoa, mas às vezes tem atitudes de criança". Não foi a primeira vez que ele sofreu sanções internas no Barcelona. Já havia tentado agredir um companheiro durante um treinamento e ainda xingado um fotógrafo. "Ele já sofreu outras cobranças internas, mas não nos interessa divulgar", disse Almada, em coletiva na ocasião.

Em campo, o rendimento sempre foi bom. Ele foi destaque da Libertadores do ano passado e marcou contra o Santos e contra o Grêmio. Suspenso por acertar uma cotovelada no santista Alison na semifinal, não estava em campo na partida em que o Tricolor venceu o Barcelona-EQU por 3 a 0 e encaminhou vaga na final da competição mais importante do continente. Seu gol foi na partida de volta, em que a equipe equatoriana venceu, mas acabou eliminada. Ainda na Libertadores, ele se envolveu em confusão ao fim da partida contra o Atletico Nacional-COL.

Problemas seguiram na Colômbia

Entre gols e problemas fora de campo, Álvez foi comprado pelo Junior de Barranquilla, da Colômbia, no início deste ano por 3,5 milhões de dólares (R$ 13,5 milhões, na cotação atual). Logo em sua chegada, cercado por torcedores que foram ao aeroporto celebrar a contratação, foi questionada a razão pela qual é conhecido pelo apelido de "El Loco". E disparou: "Porque sou louco".

Estava certo. Os gols diminuíram na passagem pela equipe. O uruguaio foi reserva a maior parte do tempo, somou 22 partidas e marcou apenas duas vezes. E novamente teve problemas com o comando técnico.

O mais recente deles aconteceu no início do mês. Já durante o recesso de Copa do Mundo, ele entrou junto aos reservas do Junior em um amistoso contra o FC Barranquilla. Com alguns minutos em campo, foi expulso pelo árbitro Bismar Santiago, que alegou ter sido ofendido por ele.

Na saída de campo, transtornado, Jonatan foi ao banco de reservas e, na passagem, tentou justificar a seu treinador o que havia acontecido. O técnico Julio Comesaña foi até ele já no banco e houve um princípio de discussão. Segundo relatou a imprensa local, o treinador lhe disse: "Baixe a voz e trate de jogar", aos gritos.

Depois do jogo, o técnico deu razão ao árbitro. "Ele (juiz) é a autoridade do jogo. Disse que foi ofendido", lamentou. "A mim, (Álvez) disse o que dizem todos: não falei nada. Mas eu sei o que ele disse. É sempre a mesma coisa", completou.

Segundo relatou a versão colombiana do jornal "Marca", o técnico já havia reclamado da conduta do centroavante para o diretor de futebol do clube, Hector Fábio Baéz. E ali se decidiu que ele não atuaria mais.

Tanto que no último domingo, Álvez acompanhou das arquibancadas a partida amistosa entre o Junior e o Santa Fe. Durante o jogo, conversou com o presidente colombiano, Antonio Char, e praticamente alinhou sua saída.

Ele é esperado em Porto Alegre na sexta-feira para realizar exames e assinar contrato. A direção do Inter ainda não se manifestou sobre a negociação, mas o empresário do atleta, Daniel Quinteros, afirma que apenas estes detalhes impedem a oficialização imediata do acordo.