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Jair critica desmanche no Santos e comenta demissão: 'Uma hora ia chegar'

Liamara Polli/AGIF
Imagem: Liamara Polli/AGIF

Do UOL, em São Paulo

23/07/2018 22h22

Antes de ter a demissão anunciada pelo Santos, Jair Ventura havia confirmado participação no "Bem, Amigos", do SporTV, nesta segunda-feira (23). Mesmo com a perda do emprego, o treinador manteve o compromisso e marcou presença no programa para comentar sobre a saída do clube pela primeira vez.

Contratado em janeiro, Jair lamentou não ter recebido da diretoria a mesma base que brigou pelo título brasileiro no ano anterior e falta de reposições até a pausa no calendário para a realização da Copa do Mundo da Rússia.

"O pior é que quando acontecem essas perdas a pressão continua a mesma. Vivi muito isso no Santos. Se você pegar o time do ano passado com o deste ano, teve jogo que eu tinha um ou dois titulares do ano passado. Não foi uma perda durante a competição, mas de um ano para o outro. Foram 23 jogadores que saíram e chegaram três", disse.

"O Santos repôs a saída do Lucas Lima com um meia? Não. Trouxe outro 9 para o lugar do Ricardo (Oliveira)? Sasha é 9, Gabriel é 9? Não. Esses dois foram importantes para o Santos no ano passado. Ah, mas tem o Bruno Henrique, jogador que fez um ano maravilhoso, mas eu o perco com seis minutos do primeiro jogo (de 2018). Os que estão lá não servem? Servem, são excelentes jogadores e nós conseguimos ficar esse tempo, quase oito meses, graças a eles. Foram fantásticos, me abraçaram, demos o máximo", completou Jair Ventura.

Defendido publicamente pelo presidente José Carlos Peres até a demissão, o treinador isentou o dirigente. "A culpa não é dele. O Santos não tinha condições financeiras para trazer essas contratações antes, só conseguiu trazer com a venda do Rodrygo (para o Real Madrid). Só chegou agora. Ele sofreu pressão e não conseguiu me segurar." 

A postura de não usar a dispensa como motivo para desmarcar a participação no programa ganhou elogios do apresentador e narrador Cleber Machado. Mas Jair mostrou-se resignado com a decisão da diretoria santista.

"A gente quando decide ser treinador sabe que é assim. Demoraram 136 jogos, quase dois anos ininterruptos sem ser demitido. Uma hora ia chegar", comentou o técnico na abertura da atração. "Falei uma vez que eu virei treinador quando me chamaram de burro, mas agora acho que virei treinador com a primeira demissão", afirmou.

Jair Ventura tinha contrato até o fim desta temporada e receberá compensação financeira de um salário por conta da rescisão contratual. Ele somou um dos piores desempenhos de técnicos do Santos neste século. Em 39 jogos, ele conquistou apenas 14 vitórias, com dez empates, 15 derrotas e aproveitamento de 44,4%.

O anúncio da demissão ocorreu menos de 24 horas depois do empate sem gols com a Chapecoense, na Arena Condá, pelo Campeonato Brasileiro. O time ocupa o 15º lugar, a apenas um ponto da zona de rebaixamento, mas com um jogo a menos.

"Quero agradecer ao Santos, não tenho mágoa alguma. Faz parte", concluiu o agora ex-treinador santista, que não acredita em risco de descenso à Série B na sequência do Brasileirão, principalmente após receber reforços como os meias  Bryan Ruiz e Carlos Sanchez. "Sem chance (de cair)", enfatizou.