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Vices do Palmeiras acusam Leila de coação e cobram atitude de Galiotte

Leila Pereira, dona da Crefisa, ameaçou retirar o patrocínio se perder a eleição - Divulgação
Leila Pereira, dona da Crefisa, ameaçou retirar o patrocínio se perder a eleição Imagem: Divulgação

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

26/07/2018 18h59

As declarações de Leila Pereira ao blog do Ohata, no UOL Esporte, caíram mal no ambiente político do Palmeiras. Em entrevista, a conselheira, dona da Crefisa, disse que tiraria o patrocínio caso a oposição vencesse as eleições deste ano: "Não vou renovar com o inimigo". Na visão de Genaro Marino, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli, todos vice-presidentes da atual gestão, a fala foi uma tentativa de coagir o clube às vésperas do início do processo eleitoral.

"Por entender que ninguém pode se considerar acima da Sociedade Esportiva Palmeiras, vimos a público manifestar nosso repúdio às declarações da "conselheira" (?) Leila Mejdalani Pereira ao UOL, nesta quinta, 26. Ninguém que é VERDADEIRAMENTE torcedor da S.E.P. pode aceitar que nosso clube seja, mais uma vez, coagido. Sobretudo colocado sob o revólver do poder econômico por conta de interesses e gostos particulares ou vaidades pessoais", diz o comunicado que, entre outras coisas, pede uma posição do presidente do clube, Mauricio Galiotte.

"Exmo. presidente Maurício Precivalle Galiotte: o senhor ficará de braços cruzados e boca fechada ou vai, pela primeira vez em seu mandato, defender o nosso amado clube para confrontar a "conselheira"(?) Leila Medjalani Pereira? O senhor vai deixar o clube ser chantageado publicamente mais uma vez pelo "parceiro"?", questiona o documento.

O posicionamento dos vices é mais um capítulo no racha político que vem abalando o clube desde o fim do ano passado. Galiotte e seus vices foram eleitos com o apoio do ex-presidente Paulo Nobre, mas os dois caciques romperam logo após a posse justamente pelo apoio do atual mandatário à entrada de Leila Pereira no Conselho Deliberativo do clube.

Apadrinhada por Mustafá Contursi, ela só pôde virar conselheira porque o ex-presidente avalizou, pessoalmente, que ela era sócia do clube desde 1996, o que permitiria a candidatura. A partir dali, Fruges, Tomaselli e Marino, possível candidato para o pleito deste ano, passaram a fazer oposição a Galiotte mesmo seguindo em seus cargos executivos.

No ano passado, a disputa se intensificou quando Leila Pereira rompeu com o padrinho Mustafá Contursi, alegando que ele estaria vendendo ingressos pertencentes à Crefisa de maneira irregular. A partir dali, ela passou a tratar o ex-presidente como influência "retrógrada" no clube e se aproximou ainda mais de Mauricio Galiotte.

Hoje, uma das discussões mais importantes da política palmeirense passa pela alteração do estatuto que pretende ampliar de dois para três anos o mandato da presidência. Leila defende que a alteração seja válida já a partir do próximo mandato presidencial. Se isso acontecer, a eleição seguinte será apenas em 2021, quando ela terá condições estatutárias de ser candidata ao comando do clube.

Veja, abaixo, a manifestação completa dos vices do Palmeiras:

Por entender que ninguém pode se considerar acima da Sociedade Esportiva Palmeiras, vimos a público manifestar nosso repúdio às declarações da "conselheira" (?) Leila Mejdalani Pereira ao UOL, nesta quinta, 26.

Ninguém que é VERDADEIRAMENTE torcedor da S.E.P. pode aceitar que nosso clube seja, mais uma vez, coagido. Sobretudo colocado sob o revólver do poder econômico por conta de interesses e gostos particulares ou vaidades pessoais.

Chantagear o que alega ser seu time de coração afirmando que só manteria sua "ajuda financeira" caso seus amigos continuem na gestão não é atitude de um palmeirense genuíno. Nosso alviverde é maior do que preferências individuais, amigos ou inimigos.

A Crefisa e a FAM patrocinam a SEP por conta do que representamos, pela força da nossa camisa e pelo tamanho da nossa torcida, não é, cara "conselheira"(?) ?

Não somos hipócritas ou insanos para dizer que essa relação comercial é ruim para o clube. Porque não é. Queremos, inclusive, que ela continue por muitos e muitos anos, apesar de a senhora insistir em dizer que paga um valor acima do mercado, o que também repudiamos.

O Palmeiras não é seu e é grande há mais de cem anos, senhora Leila, INDEPENDENTEMENTE de quem seja o presidente ou o patrocinador.

Não damos o direito a nenhum parceiro, por maior que seja o tamanho do investimento, de achar que isso compra nosso clube. Pode comprar outros, nunca o Palmeiras. A senhora não vai nos ameaçar ou achar que somos seus reféns.

Não entendemos em que momento casuísmo e modernidade passaram a ser sinônimos na língua portuguesa. Mandato de três anos pode não ser um avanço. Usa-lo como subterfúgio para interesses próprios é um crime contra a S.E.P. O que explica essa ostensiva campanha para que essa mudança se aplique já na próxima gestão, cara "conselheira"(?) ? Por que não faz o mesmo esforço para que sejam alteradas as regras para conselheiros (de fato e de direito) vitalícios? Lutar pelo aumento IMEDIATO do mandato de três anos, sendo que isso lhe possibilitaria ser candidata já no pleito seguinte, é apenas coincidência?

Se não for, lançamos um desafio à "conselheira"(?) Leila Medjalani Pereira: prometa e registre em cartório que não usará essa mudança em benefício próprio e que não será candidata à presidência em 2022. Seja clara com o torcedor e com os sócios do clube e escolha um lado: defenderá os interesses da SEP, sua OBRIGAÇÃO como conselheira, ou os da sua empresa?

A senhora não aceitará os desafios. A senhora nem se importa com o cristalino e absurdo conflito de interesse que é ser "conselheira" (?) e patrocinadora ao mesmo tempo. Conflito que se ampliaria exponencialmente caso a senhora se tornasse presidente.

Mas não a culpamos por isso. Afinal, nem seus amigos presidentes dos poderes executivo e deliberativo vêem problema. Aliás, como "conselheira eleita"(?), a senhora ajudaria na busca de novos patrocinadores caso tire a Crefisa e a FAM do clube? Que medo a senhora tem de ter alguém isento na cadeira de presidente do Palmeiras?

Como vice-presidentes legítimos, eleitos e com comprovado tempo de sócio e de conselheiro, não ficaremos de braços cruzados enquanto a senhora tenta comprar o Palmeiras.

Exmo. presidente Maurício Precivalle Galiotte: o senhor ficará de braços cruzados e boca fechada ou vai, pela primeira vez em seu mandato, defender o nosso amado clube para confrontar a "conselheira"(?) Leila Medjalani Pereira? O senhor vai deixar o clube ser chantageado publicamente mais uma vez pelo "parceiro"? Até quando uma "conselheira" (?) será a porta-voz da sua gestão? Independentemente de seus interesses políticos, temos que olhar única e exclusivamente para o bem da S.E.P., não para projetos pessoais.

Nem a sede de poder da senhora Leila nem a sua omissão, caro presidente, podem tirar do nosso apaixonado torcedor, o posto de ÚNICO, LEGÍTIMO e VERDADEIRO dono da Sociedade Esportiva Palmeiras.



Genaro Marino Neto

1º Vice-Presidente


Victor Fruges

3º Vice-Presidente


José Carlos Tomaselli

4º Vice-Presidente