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Com PSG pressionado por fair play, português vira "peça-chave" no mercado

Gonçalo Guedes atou pelo Valencia na temporada passada emprestado pelo PSG - LLUIS GENE/AFP
Gonçalo Guedes atou pelo Valencia na temporada passada emprestado pelo PSG Imagem: LLUIS GENE/AFP

João Henrique Marques

Do UOL, em Paris

09/08/2018 04h00

O Paris Saint-Germain fez contas para escapar de punições futuras da UEFA por descumprir o Fair Play Financeiro e chegou à conclusão de que precisa de cerca de 70 milhões de euros em venda de jogadores. Sem trabalhar com a hipótese de negociação de Neymar ou Mbappé, o clube passou a tratar um atleta específico como a solução do problema. Gonçalo Guedes é, hoje, a chave do traumático mercado do PSG, que quer pelo menos 60 milhões de euros no meia português.

Os quase 70 milhões de euros necessários já foram até ultrapassados com as vendas do meia Lucas Moura (Tottenham - 25 milhões de euros), do meia argentino Javier Pastore (Roma – 25 milhões de euros), do lateral-esquerdo espanhol Yuri Berchiche (Athletic de Bilbao – 24 milhões de euros) e do volante polonês Grzegorz Krychowiak (Lokomotiv de Moscou – 11 milhões de euros). A questão é que, para organizar o quebra cabeça do mercado, o meia Gonçalo Guedes seria usado para somar um caixa que possibilite contratações sem a necessidade de vendas na janela do meio da temporada no mês de janeiro.

Guedes se tornou a solução do mercado do PSG por conta da valorização obtida com o empréstimo ao Valencia na temporada passada. O jogador, contratado pelo clube francês em janeiro de 2017 por 30 milhões de euros, foi precificado pela diretoria parisiense pelo dobro desse valor.

Na prática, com Guedes a esse preço e todas as negociações já concluídas, o PSG estima chegar a quase 150 milhões de euros em vendas. Assim, o caixa seria suficiente para gastos em torno dos 80 milhões de euros. A ideia inicial era que essa quantia seria suficiente para contratações do lateral esquerdo brasileiro, Alex Sandro, da Juventus, e do zagueiro alemão Jerome  Boateng, do Bayern de Munique, principais alvos do clube. Só que as negociações, além de girarem em valores acima do desejado, dependeram do sucesso na venda do meia português e foram travadas.

Os 60 milhões de euros exigidos pelo PSG afastaram Guedes do plano de seguir atuando no Valencia. O clube espanhol chegou na oferta por volta dos 40 milhões de euros, mas ainda encontra resistência no PSG. Nem mesmo o pedido do jogador português para não ser utilizado na pré-temporada do clube francês agilizou o negócio.

Guedes bate o pé para retornar ao Valencia. No clube espanhol, diferentemente do PSG, tem titularidade garantida. Por lá, na temporada passada, foi destaque e fez 38 jogos, com oito gols e 11 assistências no total.

O PSG ainda se sente em posição cômoda justamente pela valorização de Guedes. O meia foi titular de Portugal na Copa do Mundo e passou a ser cobiçado em outros mercados da Europa. O Manchester United, por exemplo, manifestou o interesse publicamente.

A janela internacional de transferências na Inglaterra fecha nesta quinta-feira. Como a da Espanha segue aberta até o fim do mês, a expectativa no Valencia é de que um acordo com o PSG pelo meia ainda possa ser assegurado na casa dos 40 milhões de euros.

“O jogador deseja seguir no Valencia com acordo permanente e nós temos a mesma intenção. Esse é o cenário claro do momento”, disse recentemente o diretor esportivo do Valencia, Mateu Alemany, em clara pressão ao clube francês.